Oscar 2023: Prováveis Vencedores – Parte 2

07/03/2023 - POSTADO POR and EM Filmes

Na Parte 1 dessa lista, nós apontamos os favoritos na corrida pelos prêmios técnicos e de curtas no Oscar 2023. Agora, chegou a hora de falar sobre as estatuetas mais aguardadas do prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Quem será que vai fazer história esse ano? Enfim, uma atriz ou um ator receberá o devido mérito? Qual será a grande zebra da edição? Vamos especular!

Melhor Animação

Em uma categoria geralmente dominada pelo estúdio do Mickey, é uma alegria reportar que este ano o favorito não é da Disney-Pixar, que concorre com Red – Crescer é uma Fera. Este ano, temos dois indicados da Netflix, um da Dreamworks, e um da A24.

Trazendo o nome de seu diretor logo no título, Pinóquio de Guillermo Del Toro é um delicado projeto em stop motion que adapta (e transforma) o clássico conto de fadas em uma fábula anti-fascista com elementos góticos e folclóricos típicos do diretor.

Apesar de Gato de Botas 2: O Último Pedido, ter sido um inesperado sucesso de crítica e público, quem corre por fora aqui é outra animação em stop motion. Marcel the Shell with Shoes On utiliza uma técnica híbrida para inserir uma concha antropomorfa em um mundo live-action. Com um nível de sentimentalismo impressionante, a produção é o azarão da categoria e poderia surpreender com uma vitória.

  • Gato de Botas 2: O Último Pedido
  • A Fera do Mar
  • Red – Crescer é uma Fera
  • Pinóquio de Guillermo Del Toro
  • Marcel the Shell with Shoes On

Imagem: Divulgação

Melhor Filme Internacional

Curiosamente, quem deveria não só estar indicado mas levar o prêmio é Decisão de Partir, do sul-coreano Park Chan-wook, que foi esnobado pela Academia. Vai entender…

De qualquer forma, outra injustiça deve ocorrer nesta categoria: Nada de Novo no Front é o franco favorito, não só pela força da campanha da Netflix, como pelo próprio peso que a Academia deu para o longa. Foram nove indicações no total, incluindo Melhor Filme. 

Historicamente, filmes indicados ao prêmio Internacional que também pintam na categoria principal acabam garantindo a estatueta aqui. Então, é muito provável que continue assim.

Uma pena, pois The Quiet Girl e Close são mais memoráveis pela delicadeza com a qual abordam temas difíceis como abuso e abandono, além de interpretações marcantes tanto das crianças protagonistas quanto dos coadjuvantes. Qualquer um dos dois merecia mais que o filme alemão.

  • EO (Polônia)
  • The Quiet Girl (Irlanda)
  • Nada de Novo no Front (Alemanha)
  • Argentina, 1985 (Argentina)
  • Close (Bélgica)

Melhor Montagem

Os cortes finais na sala de edição ditam ritmos, fazem mágica – ou desgraça – e podem alavancar um longa medíocre a algo mais. 

A corrida aqui está entre Top Gun e Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo: o desafiador equilíbrio entre combates aéreos de caças com coerência espacial para o público contra a esquizofrenia de multiversos sem perder o drama de vista.

Há um tabu que pode ajudar a decidir o prêmio: desde 2006, segundo a Variety, todos os vencedores nesta categoria também estavam na lista de Melhor Mixagem de Som. Os únicos aqui que constam na categoria de Som em 2023 são Elvis e Top Gun.

Portanto, é seguro jogar as fichas no longa com a maior bilheteria de 2022, um reconhecimento justo pela potência da obra. 

  • Tár
  • Top Gun: Maverick
  • Os Banshees de Inisherin
  • Elvis
  • Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo

Imagem: Divulgação

Melhor Roteiro Adaptado

Poucos indicados dependem tanto da força de seu texto quanto Entre Mulheres, adaptação do livro de Miriam Toews e provável ganhador na categoria. A vitória no Sindicato de Escritores dos EUA (WGA) reforça isso.

Embora o filme deixe a desejar em sua montagem pouco dinâmica e outros elementos visuais, ele é bem sucedido na transposição de uma história de conflitos éticos entre um grupo de mulheres isoladas em uma colônia em busca na dúvida de fugir de seus abusadores. 

Curioso ter sido indicado apenas em duas categorias, ainda mais em Melhor Filme, com interpretações tão interessantes que foram esquecidas. Pelo menos aqui, Sarah Polley, que assina o roteiro, não deve ter dificuldades.

  • Living
  • Top Gun: Maverick
  • Entre Mulheres
  • Nada de Novo no Front
  • Glass Onion: Um Mistério Knives Out

Melhor Roteiro Original

O mesmo embate que a categoria de Melhor Filme ocorre aqui. Tanto Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo quanto Os Banshees de Inisherin são queridinhos da temporada que dependem da força de seu texto.

Enquanto o filme dos Daniels joga diversos elementos no público de forma criativa e trabalha questões de multiverso melhor que qualquer filme da Marvel, o longa de Martin McDonagh possui um roteiro fascinante em sua simplicidade e abordagem de relacionamentos humanos em uma remota comunidade da Irlanda. Seguindo o raciocínio de que a Academia vai tentar diversificar um pouco os prêmios principais – e de quebra reconhecer McDonagh que já foi indicado outras duas vezes aqui – o prêmio deve ficar com Os Banshees de Inisherin.

Quem corre por fora é Todd Field pelo roteiro de Tár, um estudo de personagem que acompanha a personagem de Cate Blanchett no mundo da música clássica e possui um texto altamente técnico com discussões sobre cancelamento, abuso de poder, e filosofia cultural.

  • Os Fabelmans
  • Tár
  • Triângulo da Tristeza
  • Os Banshees de Inisherin
  • Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo

Imagem: Divulgação

Melhor Ator Coadjuvante

Talvez a categoria mais fácil de prever dentre as abordadas nesta matéria, Melhor Ator Coadjuvante tem como vencedor projetado Ke Huy Quan, que vem acumulando praticamente todos os prêmios rumo ao Oscar, incluindo o Globo de Ouro, o Critics Choice e o prêmio do Sindicato dos Atores.

Com uma narrativa única após ter desistido de atuar décadas atrás por não enxergar oportunidades para atores asiáticos, Huy Quan foi convencido pelos diretores de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo a retornar para a frente das câmeras no papel de Waymond Wang – e se os prêmios que ele ganhou até agora são alguma indicação, valeu a pena.

O trabalho de Berry Keoghan em Os Banshees de Inisherin também é louvável, e ele próprio tem uma trajetória pessoal impressionante após ter passado anos em centros de acolhimento durante a infância e ter se tornado ator por acaso após ver um anúncio na rua. Apesar da vitória ser improvável, é quem deve chegar mais perto de ameaçar Ke Huy Quan.

  • Berry Keoghan, por Os Banshees de Inisherin
  • Ke Huy Quan, por Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo
  • Brendan Gleeson, por Os Banshees de Inisherin
  • Brian Tyree Henry, por Causeway
  • Judd Hirsch, por Os Fabelmans

Melhor Atriz Coadjuvante

A aposta mais difícil nas categorias de atuação. A disputa está intensa entre Angela Bassett, como a rainha que perdeu seu filho e vê o reino ameaçado em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, contra Kerry Condon, uma irlandesa que toma conta de seu irmão mas busca algo além do pequeno povoado em que moram. 

Correndo por fora, Jamie Lee Curtis ganhou gás com a vitória no SAG e tem a vantagem de Tudo em Todo Lugar estar em uma maré de conquistas nas premiações, podendo arrastar o Oscar pelo hype.

Dentre as cinco, a performance mais marcante é de Chau no polêmico A Baleia, como a enfermeira e única amiga do protagonista doente. Seria uma grata surpresa vê-la subindo ao palco no domingo.

Entretanto, nossa escolha fica com Condon, garantindo pelo menos um Oscar ao longa com nove indicações que baseia todo o seu humor e impacto nas performances. A Academia normalmente não premia comédias, mas já passou da hora de isso mudar.

  • Kerry Condon, por Os Banshees de Inisherin
  • Jamie Lee Curtis, por Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo
  • Stephanie Hsu, por Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo
  • Angela Bassett, por Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
  • Hong Chau, por A Baleia

Imagem: Divulgação

Melhor Ator

Aqui temos o confronto direto entre um novato e um veterano que não aparecia há anos:

Butler carrega Elvis nas costas – até menos do que poderia – e assume a figura do Rei do Rock em um nível inédito em adaptações cinematográficas. A alma de um longa caótica no começo, mas que encontra no talento do protagonista, tanto o ator quanto a lenda, um caminho firme para seguir.

No outro lado, a história do retorno de Fraser como grande atração de um filme após mais de 10 anos é daquelas que a Academia adora comemorar. E de fato, o brilho do protagonista em A Baleia, por mais polêmica que seja a obra, deve ser reconhecido. O melhor trabalho da carreira de Fraser, através da câmera de Aronofsky, que sempre tira o melhor de seu elenco.

A narrativa de superação contra a indústria que o traumatizou e o excluiu por tanto tempo, além da transformação física para o personagem, devem ser o suficiente para marcar o nome de Fraser na noite.

  • Brendan Fraser, por A Baleia
  • Paul Mescal, por Aftersun
  • Bill Nighy, por Living
  • Austin Butler, por Elvis
  • Colin Farrell, por Os Banshees de Inisherin

Melhor Atriz

A disputa aqui está entre 2 titãs da atuação. Enquanto Michelle Yeoh possui uma carreira que atravessa décadas no cinema e na televisão, sua vitória por Tudo em Todo o Lugar seria a primeira para uma atriz asiática – o que pode ser um fator para os votantes.

Cate Blanchett, por sua vez, já possui um Oscar na prateleira e uma carreira celebrada, mas considerando que ela sustenta a difícil personagem título em Tár com ~maestria no que talvez seja o seu melhor papel até agora, é bem provável que ela leve um terceiro Oscar nesse domingo.

A categoria é completada por indicações com diferentes graus de controvérsias, com Ana de Armas interpretando Marylin Monroe em um filme que fetichiza abusos reais e fictícios vividos pela estrela; Michelle Williams concorrendo com Os Fabelmans – onde era esperado que ela concorresse como coadjuvante; e a talentosa Andrea Riseborough angariando a única indicação de To Leslie pela força do lobby amigo – mesmo que tenha sido esnobada de todo o circuito de premiações televisionadas.

  • Michelle Williams, por Os Fabelmans
  • Michelle Yeoh, por Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo
  • Cate Blanchett, por Tár
  • Ana de Armas, por Blonde
  • Andrea Riseborough, por To Leslie

Imagem: Divulgação

Melhor Diretor

Triste por não ver Charlotte Wells aqui por Aftersun, ainda mais com um Ostlund ocupando uma vaga tão importante depois de um dos piores filmes do ano.

Spielberg entregou sua obra mais pessoal em Fabelmans ao abordar sua adolescência e transpor sua paixão inicial pela câmera junto de uma relação familiar tão conturbada. Seu melhor trabalho nos últimos 20 anos, então seria mais do que justo ver o velhinho em cima do palco.

Todd Field e Martin McDonagh comandam filmes com grandes atuações, contribuindo para indicações em múltiplas categorias. Ainda sim, caso a Academia não os reconheça em melhor filme, ambos os candidatos têm mais chance na categoria de roteiro do que aqui.

Isso porquê o nome da vez continua sendo Tudo em Todo Lugar, com o filme dos Daniels arrastando prêmios no SAG, no Sindicato dos Produtores e dos Diretores, termômetros importantes para prever o movimento dos votantes da Academia. 

  • Steven Spielberg, por Os Fabelmans
  • Todd Field, por Tár
  • Ruben Östlund, por Triângulo da Tristeza
  • Martin McDonagh, por Os Banshees de Inisherin
  • Daniel Kwan & Daniel Scheinert, por Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo

Melhor Filme

O momento mais aguardado. E às vezes o mais difícil de entender. Antes de fecharmos as apostas, recomendamos que assista esse vídeo explicando o Sistema de Votação Preferencial, o método adotado pela Academia para definir o grande vencedor da noite. Uma maneira complicada de eleger Melhor Filme, que pode acabar redistribuindo votos e premiando um longa que pode ter ficado em 3° lugar no ranking inicial pós-contagem, por exemplo.

Dito isto, é válido destacar o desequilíbrio neste ano, com Elvis, Triângulo da Tristeza e Entre Mulheres bem abaixo do restante dos indicados. Lugares que poderiam ser melhor preenchidos com Não! Não Olhe!, Aftersun e Decisão de Partir, caso não fossem esnobados.

Diante do quadro atual, é esperado que a luta fique entre Tudo em Todo Lugar, Fabelmans e Os Banshees, sendo este último um título que ganhou muita força recentemente, contando com o grande apoio da ala britânica de votantes. 

Seguindo a linha das premiações dos últimos meses, a campanha nas redes e a recepção do público, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo tem uma vantagem considerável em comparação a edições passadas.

O longa camaleão dos Daniels mescla estilos e não hesita em surtar quando pode, sempre mantendo a discussão familiar como núcleo enquanto mescla ação com comédia e drama de forma espalhafatosa e visualmente estimulante . 

Pode não descer para muitos, mas é inegável a constante que a obra conseguiu desde seu lançamento, no meio de 2022, chegando com 11 indicações até aqui e estabelecendo de vez o prestígio que a produtora A24 alcançou na indústria.

  • Tár
  • Top Gun: Maverick
  • Nada de Novo no Front
  • Avatar: O Caminho da Água
  • Triângulo da Tristeza
  • Entre Mulheres
  • Os Banshees de Inisherin
  • Elvis
  • Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo
  • Os Fabelmans

Imagem: Divulgação