Análise de God of War Ragnarök

11/11/2022 - POSTADO POR EM Jogos

Um dos jogos mais aguardados do ano finalmente está entre nós: God of War Ragnarök. O título exclusivo de PS4 e PS5 chega com a promessa de expandir todo o universo criado lá em 2018 e trazer grandes embates com os deuses Thor e Odin. Muitas são as expectativas e os medos em relação a qualidade do jogo, já que seu antecessor conquistou o título de “Jogo do Ano” no The Game Awards

A PlayStation nos enviou uma cópia do jogo e tivemos a oportunidade de jogar para escrever esta análise. Confira agora o que achamos (SEM SPOILERS)!

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>> Leia também o Veredito de A Plague Tale: Requiem.

História memorável 

Se você está lendo esta matéria, provavelmente deve ter jogado God of War (2018). Caso não lembre da história, a própria PlayStation em conjunto com a Santa Monica Studio lançou um vídeo no YouTube com os principais acontecimentos. Aconselho que assista e depois volte aqui para ler o review! ;D 

Dito isso, vamos para Ragnarök. Após o assassinato dos filhos de Thor e Freya, um rigoroso inverno castiga Midgard no que parece ser o Fimbulwinter. Kratos e Atreus se isolam em casa temendo que aconteça uma guerra com o Pai-de-Todos. Embora seja conhecido como Deus da Guerra, Kratos não deseja iniciar nenhum conflito e nem colocar a vida de seu filho em risco. Agora, mais do que nunca, o espartano busca proximidade com Atreus para fortalecer os laços. 

Enquanto Kratos está “amável” e “compreensivel”, Atreus não é mais criança e se encontra no auge da sua adolescência. O semideus quer entender qual o seu papel diante de tudo, e o que significa ser um “Loki” (seu nome batizado pelos gigantes).  A ansiedade, angústia e coragem sempre estão presentes em suas falas. Ele só quer respostas, mas como seu próprio pai diz: “respostas podem trazer guerra”.

A primeira grande missão dos dois é encontrar o antigo Deus da Guerra Nórdico, Týr, para pedir ajuda e orientação para evitar o Ragnarök. Esse momento é explorado em um dos trailers do jogo, e provocou euforia entre os fãs. Para evitar qualquer spoilers, vou parar de comentar a história aqui e focar apenas na análise geral da campanha. 

Imagem de divulgação de God of War Ragnarök

Assim como em The Last Of Us: Parte 1 (2022), a Santa Monica Studio continuou com a fórmula de trabalhar a história em torno da família e do desenvolvimento das amizades, onde temos sempre drama e humor. Todos os personagens são desenvolvidos de tal forma que fica claro a evolução dentro do arco narrativo. Você certamente terá o seu personagem favorito e o vai proteger de todos os haters (rsrs). 

É bem comum vermos os estúdios criarem histórias focadas apenas nos protagonistas, e deixar os coadjuvantes de escanteio. Fico feliz que este caminho não tenha sido trilhado pela Santa Monica Studio. O título é um grande acervo de contos nórdicos, que são explorados em missões principais/secundárias, documentos e diálogos do Mimir (que está sempre com novidades e surpresas). Então, tem muita história sobre Brok, Odin e Freya.

Inclusive, diferente do jogo de 2018, esta aventura divide o protagonismo entre Kratos e Atreus. Os dois têm momentos introspectivos que fazem belíssimos questionamentos sobre suas jornadas enquanto pessoa. Atreus vive o momento da descoberta dos seus poderes e sentimentos igual todo adolescente na puberdade. Já Kratos busca ser o melhor pai que pode ser, mesmo com o fardo do seu passado sombrio e sangrento. 

Outro ponto em comum com o jogo da Naughty Dog é a técnica de mostrar os dois lados da mesma moeda. Em Ragnarök, temos a oportunidade de compreender a realidade de Midgard e Asgard, bem como criar aliados e rivais em ambos os lados. É nítida a intenção da Santa Monica Studio em fazer com que o coração do jogador se questione sobre quais decisões realmente são certas ou erradas.  Em determinado momento, senti pena até mesmo dos principais antagonistas, Thor e Odin. Mesmo sendo deuses, os dois ainda possuem tramas e problemas “humanos” que sensibilizam qualquer pessoa. Isto é um trunfo do jogo! 

No geral, a campanha principal garante cerca de 25 horas. O tempo pode duplicar com facilidade se você realizar as atividades e missões secundárias, que são extremamente divertidas, recompensadoras e agregam muitoooo no arco central do jogo. O ritmo da história é bom e vai crescendo até explodir no grande embate entre Kratos e Odin no Ragnarök. A peteca não cai em nenhum momento e a qualidade só aumenta. Sem dúvida esta é a melhor campanha de 2022 e a melhor história da franquia de God of War

Imagem de divulgação de God of War Ragnarök
Imagem de divulgação de God of War Ragnarök

Gameplay aprimorada

É fato que muitas pessoas se questionaram sobre as evoluções que o jogo traria diante do seu antecessor. Porém, podem ficar tranquilos que Ragnarök realmente expandiu tudo que funcionou bem em 2018.

  • Reinos: Já conhecíamos a maioria dos reinos e fomos introduzidos a novos que estavam bloqueados, como Asgard. Os reinos “antigos” foram remodelados por conta do clima, e novos espaços e desafios foram adicionados. A forma como foi feita permitiu que não passasse uma ideia de “reaproveitamento” ou “preguiça”. O estúdio realmente estudou os reinos antigos e explorou da melhor forma possível para trazer novidades ao público. Em relação aos ambientes inéditos, temos a mesma qualidade técnica que já gostamos. Os espaços possuem suas propriedades, faunas e inimigos únicos. Vale até destacar que a variedade de inimigos foi “corrigida”, pois este foi um ponto muito criticado no jogo anterior. Agora, temos criaturas e soldados inéditos para enfrentar. E digo logo, tem um específico que vai te fazer muita raiva!!!

  • Mapas: No ponto anterior falei sobre os reinos, agora vou falar sobre os mapas dos reinos. Separei o tópico porque acho importante falar sobre a organização e estrutura dele. Desde o jogo passado é perceptível que mapas específicos são confusos na hora de platinar. Infelizmente, esse problema permanece em Ragnarök. Quando você retorna aos locais, é difícil ter o acesso aos desafios (corvo, baú, etc), principalmente na terra natal da Freya. É pra matar qualquer um de raiva (rsrs).

  • Equipamentos: Cada arma possui sua árvore de habilidades que podem ser desbloqueadas ao longo do jogo com pontos específicos. Kratos tem mais armas e consequentemente é mais personalizável, permitindo diferentes tipos de gameplay. 

  • Loja: A lógica permanece a mesma. Você consegue comprar itens e forjar/melhorar equipamentos. Confesso que não vi novidades significativas, mas isso não é um problema, pois cumpre muito bem o seu papel.

Além desses pontos acima, também quero comentar sobre a experiência nos combates. É inegável que os desenvolvedores realizaram um excelente trabalho na otimização das mecânicas. Atreus é o maior exemplo nesse sentido, pois o gameplay dele consegue ser mais divertido e orgânico do que o Kratos

Imagem de divulgação de God of War Ragnarök

Experiência de nova geração 

Parece até mentira, mas God of War Ragnarök roda perfeitamente no PS4. Pode acreditar que você conseguirá jogar o título tranquilamente sem nenhuma dificuldade. Mas não vou mentir que ele brilha muito no PS5 com o modo desempenho e gráfico. 

A Santa Monica Studio aproveitou a potência do console para criar uma experiência de extrema qualidade. É possível dizer que o jogo não tem tela de carregamento, e pode rodar completamente sem nenhuma tela de carregamento. Só deve aparecer algo (e é rápido) quando você morre. 

Além disso, as vibrações e o gatilho do DualSense deixa tudo mais gostoso de jogar. Exemplo: lançar e pegar o machado dá uma sensação poderosa na mão. Fora isso, ainda tem os efeitos de som aplicados no fone Pulse 3D. Gente, dá para sentir o machado passando atrás de você, e os corvos gritando. Parece loucura, mas é real. 

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Imagem de divulgação de God of War Ragnarök

Acessibilidade importa

Independente do tamanho do jogo, é fundamental que haja mecânicas de acessibilidade para que qualquer pessoa possa jogar e se divertir. Por isso, listei aqui algumas das opções que estão disponíveis:

  • Tamanho das legendas: Foi aumentado o tamanho mínimo de texto e incluido uma nova escala de tamanhos. Com isso, haverá a possibilidade de usar tamanho de texto extragrande para deixar as legendas mais fáceis de se enxergar. Também foi reservado uma área de texto maior para atender aos padrões de legenda dos filmes e da TV.

  • Legendas descritivas: Além das legendas de efeitos sonoros, foi acrescentado legendas referentes às características cinematográficas e da partida para possibilitar uma rica compreensão da paisagem sonora do mundo. Também é possível ativar legendas referentes a informações essenciais da partida, que ajudarão na compreensão da narrativa e dos quebra-cabeças.

  • Remapeamento do controle: Foi reconstruído o sistema de remapeamento do controle para permitir que você personalize as configurações dos seus botões no God of War Ragnarök. Há uma ampla gama de layouts predefinidos, além de compatibilidade com remapeamento personalizado do controle. Você poderá trocar as ações de botões individuais e, para ações mais complexas, escolher configurações diferentes em uma lista predefinida. Também estão disponíveis diversas maneiras de personalização da sua experiência em determinadas ações que exigem o uso de mais de um botão, inclusive atalhos do Touch Pad para ações como Fúria espartana, Auxílio de navegação e Giro rápido.  

  • Modo de alto contraste: O novo modo permite que você aplique cor a objetos dentro do jogo, como alvos, inimigos, outros personagens e uma gama de tipos de itens. Quando ativo, é aplicada uma camada de cor aos personagens, deixando-os mais visíveis em relação ao fundo. Você também terá a opção de tirar a saturação do fundo para aumentar o contraste ainda mais. Nesse modo, a cor da travessia, os itens sortidos de coleta e os efeitos especiais também podem ser ajustados para ficarem mais visíveis.
Imagem de divulgação de God of War Ragnarök

Veredito 

God of War Ragnarök entrega tudo e mais um pouco! O jogo cumpre suas promessas e supera o seu antecessor ao apostar numa história realista sobre família e guerra. Se no passado a franquia ficou marcada como violenta e sangrenta, esta nova fase fecha um ciclo com amor, amizade e cumplicidade

Não somos nenhum oráculo, mas é certo que o jogo deve concorrer em inúmeras categorias do The Game Awards, e não duvido que leve a categoria de “Jogo do Ano”, ficando lado a lado com Elden Ring

Então, resumindo: não deixe de viver essa experiência. Certamente, vai mudar a sua ótica sobre o que deve ser um jogo e aumentar a sua exigência com todo o mercado gamer

Pontos positivos:

– História memorável

– Gameplay aprimorada

– Acessibilidade presente

– Boa performance no PS4 e PS5

– Gráficos e trilha sonora excelentes

Pontos negativos:

– Ao buscar a platina, você deve encontrar dificuldade em alguns mapas para encontrar baús e corvos.  

NOTA: 10/10