A Marvel ainda não chegou perto de transpor o mesmo sucesso do MCU dos cinemas para o meio televisivo. É um setor em que, houvesse uma divisão semelhante aos campeonatos esportivos, o estúdio estaria se endividando para sair da zona de rebaixamento da 2ª divisão.
O mais recente lançamento da Marvel para o Disney+, Invasão Secreta, custou cerca de $210 milhões de dólares para a produção de 6 episódios – o dobro do orçamento da primeira temporada de The Last of Us. Acontece que dinheiro não garante qualidade em uma obra audiovisual, como discutimos no veredito a seguir.
Soldados apátridas
O contexto da luta dos Skrulls, raça alienígena metamorfa, foi apresentado em Capitã Marvel e pouco explorado desde então. Importante arco dos quadrinhos, a expectativa era de que o estúdio adaptasse algo de fato impactante para a Fase 5 do Universo Cinematográfico da Marvel.
Escondidos em uma usina nuclear abandonada na Rússia, Skrulls conseguiram se infiltrar no alto escalão de líderes mundiais, assumindo posições de liderança e planejando ataques caóticos para a política de nações poderosas, como os EUA.
Nick Fury (Samuel L. Jackson) e Talos (Ben Mendelsohn), Skrull aliado de longa data, passam a investigar a extensa teia de influências construída por Gravik (Kingsley Ben-Adir), novo líder da raça e antipático à falta de ajuda humana para com seu povo.
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Promessas vazias
Sim, descobrir mais do passado de Fury e assistir à magnética Olivia Colman é ótimo. Porém, ao passo que a série reafirma no texto de cada episódio o perigo global da ameaça skrull, no fim das contas, a produção toca apenas na superfície do tema.
Se há tantos infiltrados no governo, por que não vemos suas ações, como as do “Coronel Rhodes”? Essa dúvida quanto à identidade verdadeira dos personagens é a proposta principal de Invasão Secreta e que pouco é aproveitada no texto de Brian Tucker e na direção de Ali Selim.
O investimento em G’iah (Emilia Clarke), filha de Talos, para o futuro do MCU seria até benéfico, não fosse a sofrível interpretação de Clarke de uma jovem indecisa entre ajudar o pai ou servir de faz tudo para seu líder skrull.
A questão que não quer calar ao fim do 6º episódio é: para onde foi todo aquele gigante orçamento? Se economizaram até na abertura, feita por Inteligência Artificial, qual o motivo para não entregar uma luta final melhor visualmente, ou pelo menos outros dois episódios para trabalhar os temas principais?
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Veredito
Desde Gavião Arqueiro, lançada no final de 2021, a Marvel não consegue passar do medíocre em suas séries. Ms. Marvel, She-Hulk e Invasão Secreta até começam bem, mas perdem o fôlego em seguida e despencam sem rumo na reta final, assim como vários filmes do estúdio. Há uma dificuldade em trazer conclusões redondas que de fato animem o público para a próxima obra, como Loki fez.
O tom blasé de Invasão Secreta inibe até o esforçado Samuel L. Jackson de salvar o trem desgovernado que são as produções recentes do MCU na Disney+. Resta ver como será a dinâmica de The Marvels, próximo longa do estúdio e primeiro filme do MCU a transportar uma heroína estreante da TV para as telonas.
Pontos positivos
- Olivia Colman se divertindo
Pontos negativos
- Proposta ousada para execução sem inovação
- Emilia Clarke fraca em papel de destaque
Nota: 3,5