Como já virou tradição nos últimos anos, chegou a época de expormos nossas apostas para os vencedores da maior premiação de cinema mundial: o Oscar.
Vimos o máximo de produções possível para não fazer feio nos bolões, embora sempre sobre um ou outro para assistir depois. A distribuição tardia de algumas obras que ainda vão chegar no Brasil também não ajuda, mas fazemos nosso melhor para dar dicas em quem você pode criar expectativas.
Nesta 1ª parte, abordamos as categorias mais técnicas e de curtas que, embora menos prestigiados, merecem nosso reconhecimento. Nem sempre a qualidade vai garantir a estatueta, com influências de fatores como lobby e investimento financeiro com uma forte publicidade dos estúdios e distribuidoras.
Bem, resta saber qual surpresa a Academia vai nos entregar na noite do dia 27 de março. Confira as primeiras apostas para o Oscar 2022.
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Melhor Canção Original
Quando a Disney escolheu uma música para representar Encanto (2021) nessa categoria, a companhia do Mickey não fazia ideia do sucesso viral que “We Don’t Talk About Bruno” iria atingir. Impulsionada pelo sucesso no Tik Tok, a composição de Lin-Manuel Miranda seria facilmente a vencedora caso tivesse sido submetida no lugar de “Dos Oruguitas”, canção totalmente em espanhol, que, apesar de ser o clímax emocional da animação, fica em segundo lugar na corrida.
No fim, não deve ter pra Beyoncé, Van Morrison, ou mesmo pra Diane Warren com seu lugar cativo (é a 13ª indicação da gata). Quem assume o favoritismo é Billie Eilish com sua composição para 007: Sem Tempo Para Morrer (2021) . Mesmo com a música tendo sido lançada há mais de dois anos, antes do filme ser um dos primeiros a ter o lançamento adiado devido a pandemia, a canção tem todos os elementos que fazem um tema clássico de James Bond e deve ter força para levar o prêmio para casa.
- “Down To Joy” – Belfast
- “No time to die” – 007: Sem Tempo Para Morrer
- “Somehow you do” – Four good days
- “Be Alive” – King Richard: criando campeãs
- “Dos Oruguitas” – Encanto
Melhor Trilha Sonora
Duna (2021) e Ataque dos Cães (2021) têm grandes chances aqui. Zimmer é querido pela Academia e criou outra trilha épica e “pesada” para adaptar um sci-fi de tirar o fôlego. Já Greenwood construiu uma dança interessante com as cordas, tendo o embate piano versus cello/violino que acompanha o principal conflito do filme de Campion.
Devido à importância para levantar a tensão dramática, a trilha de Ataque dos Cães deve levar pela autenticidade e por ser quase um outro personagem do filme.
- Germaine Franco – Encanto
- Alberto Iglesias – Mães Paralelas
- Jonny Greenwood – Ataque dos Cães
- Nicholas Britell – Não Olhe Para Cima
- Hans Zimmer – Duna
Melhores Efeitos Visuais
O mais fácil aqui seria dizer “quanto mais elementos em VFX no plano, mais difícil de fazer, então, mais merecedor”, porém, não é bem assim. O Oscar de Ex-Machina: Instinto Artificial (2015) em 2016 está aí como prova.
A questão para Efeitos Visuais não é quantidade, é qualidade. Se fosse como citado assim, todo ano um filme da Marvel garantiria o prêmio… Mas o estúdio tem dificuldades para enxugar visualmente suas produções e acabam poluindo demais a imagem ao ponto de não conseguirmos distinguir o que é o que.
Nesse sentido Duna toma a dianteira pelo seu cuidado em tornar aquele mundo mais crível. Villeneuve sabe aproveitar bem suas equipes de VFX para ajudar na narrativa, como visto em Blade Runner 2049 (2017).
- 007 – Sem Tempo Para Morrer
- Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
- Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
- Duna
- Free Guy: Assumindo o Controle
Melhor Fotografia
Vencedor do BAFTA, Greg Fraser sai na frente na corrida pelo trabalho em Duna, que é a bola da vez nas categorias técnicas, como é o caso dessa. A enorme escala do filme de Villeneuve e o desafio de não deixar o vazio do deserto engolir tudo do longa tornam o fotógrafo o favorito aqui.
Há de se destacar, porém, Bruno Delbonnel pela estética impressionista em A Tragédia de Macbeth (2021), de longe a melhor coisa do filme e um bom exemplo de aproveitamento genuíno do preto e branco e não apenas um recurso barato para disfarçar a dificuldade em fazer um plano bonito – sim, Belfast(2021), estamos falando de você.
- Ari Wegner – Ataque dos Cães
- Bruno Delbonnel – A Tragédia de Macbeth
- Janusz Kominski – Amor, Sublime Amor
- Greig Fraser – Duna
- Dan Lautsen – O Beco do Pesadelo
Melhor Documentário
Uma observação quieta e contemplativa da cultura mercadológica da China, Ascencion (2021) se preocupa menos em contar uma história do que Attica (2021), que através de depoimentos e imagens de arquivo reconta a revoltante história da rebelião que terminou em massacre em uma prisão norte-americana em 1971.
O favorito nessa categoria é a 1ª obra a ser indicada simultaneamente em Documentário, Filme Estrangeiro e Animação: Flee (2021). A produção não deve levar as duas últimas, então o relato de Amin, refugiado da Guerra do Afeganistão e abraçado pela Dinamarca, pode garantir a estatueta como forma de “compensação”.
- Flee
- Summer of Soul (… ou Quando a Revolução Não Pode Ser Televisionada)
- Writing with Fire
- Ascension
- Attica
Melhor Documentário em Curta metragem
No geral, os concorrentes nas categorias de curtas dessa edição estão fracos. Felizmente, o The New York Times tem investido nesse tipo de produção, com destaque esse ano para The Queen of Basketball (2021).
Dirigido por Ben Proudfoot, indicado no mesmo prêmio no ano passado, o curta nos mostra a trajetória esportiva da 1ª mulher a fazer uma cesta em um jogo de basquete na história das Olimpíadas. Uma baita entrevistada que merece maior reconhecimento, como vem tendo pela qualidade do curta, favorito aqui.
- Three Songs for Ben Azir
- When We Were Bullies
- Audible
- Lead Me Home
- The Queen of Basketball
Melhor Direção de Arte
Talvez o prêmio mais fácil de apostar. Nenhuma outra produção desta edição investiu tanto para ambientar um novo universo quanto Duna. Na parte técnica, é quem mais se destaca pelos detalhes em larga escala, tornando Arrakis mais palpável e rica.
- A Tragédia de Macbeth
- Amor, Sublime Amor
- Duna
- O Beco do Pesadelo
- Ataque dos Cães
Melhor Curta em Animação
Se os indicados na categoria de Documentário em Curta já estão abaixo da média, aqui então é pior ainda. Difícil escolher o menos fraco, mas pela temática mais leve e pelo alcance que tem por ser da Netflix, nossa aposta fica com Robin Robin (2021).
- Boxballet
- Robin Robin
- The Windshield Wiper
- Affairs of the Art
- Bestia
Melhor Curta-metragem
A força de Riz Ahmed como principal figura entre os concorrentes deve influenciar muito na escolha pelo curta-metragem. Infelizmente, The Long Goodbye (2021) é o Two Distant Strangers (2020) dessa temporada, usando de violência gráfica a minorias de forma forçada apenas para obter um impacto desnecessário e, logo em seguida, tentar defender essa escolha com um discurso de justificativa fraco. Uma isca que a Academia adora cair e esse ano não deve ser diferente.
- The Long Goodbye
- On My Mind
- Please Hold
- Ala Kachuu – Take and Run
- The Dress
Melhor Figurino
A briga não vai ser tão simples para Duna nessa categoria. Apesar das icônicas roupas dos Fremen e de outras etnias, Cruella (2021) aborda justamente o universo da moda e seus limites criativos na área. Dessa vez, o cinza e bege do épico sci-fi deve perder para o colorido e explosivo da vilã da Disney.
- Duna
- O Beco do Pesadelo
- Amor, Sublime Amor
- Cruella
- Cyrano
Melhor Som
Aqui temos uma boa briga. Apesar do bom trabalho ao refazer as icônicas sequências musicais de Amor, Sublime Amor (2021), Spielberg e sua equipe devem ver a batalha entre 007 e Duna dessa vez.
Tradicionalmente, a estatueta de Edição e de Mixagem é entregue à obra com maior número de elementos sonoros em cena. Quanto mais difícil de criar aqueles sons – Edição – e de encaixá-los na cena – Mixagem – maiores as chances de vencer.
Filmes de guerra sempre ficam na frente nessa categoria, e 007 poderia ter vantagem com isso, mas Duna é nossa aposta pela variedade sonora de um planeta desconhecido em meio a um ambiente hostil em que, embora curta no filme, também há guerra.
- 007 – Sem Tempo Para Morrer
- Ataque dos Cães
- Amor, Sublime Amor
- Belfast
- Duna
Melhor Cabelo e Maquiagem
Trazendo a única indicação de Casa Gucci após o filme com Lady Gaga morrer na praia, as próteses utilizadas por Jared Leto e o cabelo dos protagonistas foram o resultado de muito trabalho, garantindo a indicação. Com a dobradinha nessa categoria e em Melhor Figurino, Cruella chega com a força do visual punk reimaginado para a protagonista, desde a tradicional peruca preto-e-branco até maquiagens arrojadas que misturam glamour e experimentalismo.
Quem pode surpreender aqui é The Eyes of Tammy Faye (2021), pela transformação de Jessica Chastain (também indicada em Melhor Atriz), na excêntrica personalidade evangelista. Com a ajuda de várias camadas de próteses e maquiagem, além de diferentes perucas, o retrato pode convencer os votantes e acabar levando o prêmio.
- Duna
- The Eyes of Tammy Faye
- Casa Gucci
- Um Príncipe em Nova York 2
- Cruella