Veredito da série Cowboy Bebop

23/11/2021 - POSTADO POR EM Séries

A série live-action de Cowboy Bebop estreou esse mês na Netflix e depois de muita ansiedade e expectativas em cima dessa adaptação, nós do Roteiro Nerd viemos falar sobre o que achamos. Let’s Jam!

O mesmo e nem tanto

A história já começa no embalo de um assalto a banco, e nós percebemos que a aura do anime está presente, o que pode deixar muita gente contente. A ambientação e efeitos especiais estão bem focados nos anos 90, e se percebe que a série não quer que você se sinta desmotivado com isso, então consegue misturar com alguns novos efeitos, mas sem exageros, porque a narrativa não é sobre tecnologia.

O ano é 2071 e as pessoas se mudaram pras colônias em diversos planetas e luas da galáxia. Nesse contexto, ser um cowboy é basicamente um caçador de recompensas em uma ambiente que a polícia claramente não consegue dar conta.

E, ao contrário do anime, a série resolveu adicionar esse tempero na história, o que é muito bom para aqueles que foram assistir a produção totalmente leigos ao original, e para a narrativa de Jet (Mustafa Shakir). Contudo, não dá para se dizer que ela foi muito longe com essa porta aberta.

A história da série se foca principalmente em Spike Spiegel (John Cho), um cowboy que quer viver uma vida simples a bordo da nave Bebop e do seu companheiro Jet Black, um ex-policial que odeia a Máfia e só quer ser um pai presente. Além deles, já no primeiro episódio somos apresentados a Faye Valentine (Daniella Pineda), uma cowboy que não lembra sua origem. Aqui já é possível ver as alterações feitas em seus protagonistas, com base no anime.

Imagem: Divulgação

Série x anime

Sabendo que muitos fãs iriam comparar as duas mídias, e que muita gente buscaria a produção original por conta da propaganda vinculada à série, é muito confuso imaginar o motivo do número de erros que os produtores da série deixaram acontecer, mesmo que haja acertos também.

O live-action não quis ser uma produção hollywoodiana, o que já era claro em seus teasers, mas enquanto se assiste, se percebe que ela também deixou de lado muitas questões importantes que fazem Cowboy Bebop tão popular, tais como seu vanguardismo e reflexões (você pode ver também nossa lista de motivos para assistir ao anime aqui).

Os episódios trazem mais sobre o passado dos protagonistas, de uma forma prática, deixando pouco espaço para reflexão, empatia e até mesmo para que os telespectadores compreendam o que está acontecendo e a motivação por trás do desfecho.

A visibilidade que acontecia de forma natural no anime, e que não foi esquecida pela série, não é de forma alguma apresentada, mas jogada. Tudo acontece de maneira a não nos fazer compreender sua representatividade ou refletir sua importância, e sim como se tivesse que preencher cotas.

Imagem: Divulgação

O que tem a oferecer

A série tem pouco a oferecer, se comparada ao anime, porque também adiciona clichês desnecessários e não presentes na história original, ao invés de buscar inovar em seu roteiro. Não temos nem mesmo a oportunidade de conhecer as cidades, suas diferentes culturas e como o ser humano as levou pela galáxia. Quem assiste tem a impressão que está sempre voltando pro mesmo lugar em diferentes pontos.

E por fim, é bem triste dizer o quanto a série falhou com sua trilha sonora. Mesmo que Yoko Kanno, a compositora original, tenha se mantido no projeto, e não há dúvidas de sua genialidade, a série parece ter limitado o jazz em suas cenas, o trazendo apenas como parte de uma eterna melancolia, e não para reflexão e apreciação. 

Além disso, a dinâmica dos protagonistas acabou também sofrendo pelo roteiro, que não nos permitiu criar a empatia necessária para o sucesso da trama.

Imagem: Divulgação

Veredito

Mesmo com esse número de defeitos, é grande a expectativa de alguns fãs por um possível segundo ano por conta do desfecho da temporada. E, enquanto não há essa afirmativa por conta da Netflix, é bom ressaltar os altos que também existem na série.

Tais como o desenvolvimento de personagens que nem sabíamos que precisávamos (mesmo que parece mais um retrocesso para alguns). Além de abrir espaço para novos títulos e aprenderem com os erros.

Também é bom lembrar que a série veio com uma proposta de adaptação, e mesmo que ela não tenha seguido à risca o anime, é importante notar o quanto ela se esforça para que quem a assista passe a ter uma curiosidade real a respeito da história original.

Pontos positivos

  • Yoko Kanno na trilha sonora
  • Desenvolvimento de personagens
  • Abrir espaço para novos títulos

Pontos negativos

  • Visibilidade e vanguardismo esquecidos
  • Limitação da trilha Sonora e personagens principais
  • Roteiro fraco
  • Pouca reflexão

NOTA: 5