A nova temporada de Sweet Tooth (2021 – ) acaba de estrear na Netflix depois de quase dois anos de espera. A história é uma adaptação da graphic novel homônima de Jeff Lemire, que pertence ao selo Vertigo da DC. Recebemos os episódios inéditos com antecedência pelo streaming e agora iremos contar nossas impressões.

Sensibilidade na medida

O segundo ano de Sweet Tooth é uma sequência direta dos acontecimentos da primeira temporada. Gus (Christian Convery) foi capturado e preso junto das outras crianças híbridas pelo paranóico Abbot (Neil Sandilands). Enquanto isso, Jepp (Nonso Anozie) está ferido e Aimee (Dania Rodriguez) está cuidando dele.

É interessante observar como o material original que inspirou a série já tem quase quinze anos, mas permanece com um enredo extremamente atual devido sua abordagem das consequências de uma pandemia. Apesar da semelhança com o passado recente, o enredo da história vai muito além disso, fala sobre aceitar as diferenças e viver em comunidade, questionando até mesmo o que vem a ser a humildade em determinados pontos.

O roteiro continua muito bem feito. Cheio de momentos fofos, como na primeira temporada, mas dessa vez com várias cenas em que é impossível conter as lágrimas, justamente por tocar em pontos tão sensíveis. A história passa longe de ser um enredo infantil, alguns momentos possuem tantas camadas que é impossível não ficar pensativo e precisar de um tempo para digerir o que foi visto, principalmente pela quantidade de críticas sociais e alegorias.

Histórias pós-apocalípticas

Enredos apocalípticos estão sempre em alta, não sendo algo exclusivo da atual década e que de tempos em tempos volta à tona, principalmente pela curiosidade humana em imaginar o futuro. Um exemplo recente, que rendeu críticas positivas, foi a série The Last of Us (2023 – ).

A grande sacada nessas e em outras histórias semelhantes está no fato de não focar no fim do mundo em si, mas na forma como reagimos, as escolhas que fazemos e o que realmente importa no fim das contas.

Ainda sobre Sweet Tooth, em entrevista ao site Omelete o diretor e showrunner Jim Mickle contou como a pandemia do mundo real influenciou a série: “Parecia que todo mundo queria voltar no tempo alguns anos para um mundo pré-COVID. Mas estava muito claro naquela época que isso não iria acontecer. Então isso acabou se tornando um grande tema para a segunda temporada: nós não podemos apenas voltar para [a normalidade pré-pandemia] de novo.”

Veredito

Sweet Tooth se mostra como uma daquelas histórias em que esperamos algo e recebemos outra coisa completamente diferente, sendo até melhor do que o esperado. Apesar de parecer infantil à primeira vista, a trama caminha por locais sombrios, mas com brechas para momentos de leveza, tal como a própria vida.

O roteiro é bem coeso e direto ao ponto. Com exceção  do primeiro episódio, que poderia ter sido facilmente quebrado em dois e acabou muito extenso, podendo incomodar algumas pessoas. Apesar dos pouquíssimos pontos que utilizam um recurso de deus ex machina, tudo faz sentido dentro daquele universo fantástico.

Por fim, o elenco como todo está de parabéns, mas o maior destaque está para as crianças, em especial o protagonista interpretado por Christian Convery, que tem se mostrado um ator com grande potencial.

Pontos positivos:

• Alegorias e críticas sociais
• Roteiro bem adaptado
• Plot atual e relevante
• Elenco

Pontos negativos:

• O primeiro episódio é extenso demais e acaba ficando um pouco cansativo 

NOTA: 9,5/10