Veredito da 1ª Temporada de Andor

28/11/2022 - POSTADO POR EM Séries

Após os decepcionantes O Livro de Boba Fett (2021) e Obi-Wan Kenobi (2022), a Lucasfilm cruzou os dedos para que Andor, série derivada de um personagem – Cassian Andor ( Diego Luna) – de um filme derivado – Rogue One (2016), recebesse o mínimo de aprovação do público. 

O risco era grande, mas, ao fim da 1ª temporada lançada na Disney+, o saldo até que é positivo. Vamos entender o porquê.

Despertar de um líder rebelde

Roubar do Império no universo de Star Wars não é tarefa fácil, e, como visto em Rogue One, nem mesmo convencer um habilidoso bandido como Cassian Andor de que vale a tentativa. 

Andor tem um grande diferencial comparado às últimas séries da franquia: os episódios parecem se dividir em três blocos de histórias que se conectam. São 12 episódios separados entre conhecer o passado de Cassian (1) > executar um assalto a um forte militar imperial (2) > escapar da prisão e consolidar a Resistência (3). 

Imagem: divulgação

Linhas narrativas e ritmo

O 1º bloco é o mais fraco. A Disney disponibilizou 3 episódios na estreia que mostravam duas linhas narrativas distintas, uma delas sendo a explicação em flashback do passado de Cassian em seu planeta natal. A outra focava no processo de Luthen (Stellan Skarsgård), um líder da Aliança Rebelde, para convencer o ladrão a realizar um arriscado roubo. 

O problema dessa parte é alternar entre passado e presente em diversas cenas de tensão, quebrando o ritmo de ambas e dificultando a fisgada de públicos mais impacientes. Deveriam ter reservado um episódio exclusivo para a infância difícil de Cassian para que a obra não começasse tão desordenada.

O 2º bloco protagoniza o grande evento da série: o roubo de armas imperiais por um pequeno grupo de rebeldes no planeta Aldhani, desestabilizando a estrutura de segurança do Império

É a partir dessa parte que Andor cresce. Para aqueles que não possuem a Força, a única opção é planejamento, união e, por vezes, sacrifícios em prol do bem maior na luta contra um regime totalitário. O peso de uma guerrilha organizada e audaciosa é o destaque desses episódios, abrindo caminho para que Cassian se torne peça-chave no futuro de Star Wars.

Apesar do maior momento ser na metade da obra, Andor atinge seu ápice justamente quando esse potencial revolucionário é melhor explorado: numa rebelião dentro de uma prisão imperial, em que os prisioneiros não têm esperança de voltar às suas vidas normais.

A introdução de Kino Loy (Andy Serkis), uma espécie de “gerente” dos trabalhos mecânicos realizados pelo prisioneiros, contribui para o conflito submissão x revolta da série. O personagem é o ponto de virada de outro importante momento da série – o melhor, na minha opinião. 

Imagem: divulgação

Veredito

Embora siga um ritmo progressivo ao longo dos 12 capítulos, Andor insiste nos problemas de seu início de abordar outras histórias menos interessantes concomitantemente. 

A pior delas é a do Inspetor Syril Karn (Kyle Soller), antes encarregado de serviços de segurança em um setor da Galáxia controlado pelo Império. Acompanhar esse puxa-saco tentando se redescobrir como funcionário não acrescenta em nada à série, servindo apenas como distração para sequências bem mais relevantes.

Por outro lado, assistir a rotina de uma senadora rebelde (Mon Mothma) infiltrada no meio político imperial foi mais divertido do que o esperado. Da mesma forma, o envolvimento da supervisora do Departamento de Segurança Imperial, Dedra Meero (Denise Gough), rendeu ótimos embates de ego contra sua própria corporação em busca de pistas de ações rebeldes. 

No geral, Andor impressiona positivamente pelo potente discurso político, esquecido nas últimas produções de Star Wars. Sua essência sempre foi bater de frente contra forças ditatoriais em situações desfavoráveis, resistindo pela esperança de dias melhores. É bom ver que esse viés perdura depois de tantas decepções nos últimos anos, tanto dentro quanto fora da franquia.

Pontos negativos:

  • Começo desordenado entre narrativas de presente/passado
  • Foco demasiado em histórias paralelas desinteressantes

Pontos positivos:

  • Escalada progressiva de tensão mesmo após os grandes eventos
  • Retomada do discurso de resistência contra poderes autoritários

NOTA: 7/10