The Handmaid’s Tale: Como será a segunda temporada?

02/05/2018 - POSTADO POR EM Séries

Se você ainda não está assistindo à série “The Handmaid’s Tale”, alguma coisa está errada. Ainda dá tempo, no entanto, de parar tudo o que está fazendo e conferir a matéria que publicamos em maio de 2017 sobre a adaptação aqui. O seriado, disponível na plataforma sob demanda Hulu, deu início ao seu segundo ano na quarta-feira passada (25/4), e nós do Roteiro Nerd estamos ainda tentando nos recuperar dos dois primeiros episódios.

Mesmo para aqueles que leram o livro “O Conto da Aia”, no qual teve inspiração, tudo agora é novidade, pois a primeira temporada foi baseada na obra por completo. A série fez tanto sucesso e foi tão bem aclamada pela crítica, vencendo as maiores categorias do Emmy e Globo de Ouro, que logo a extensão do romance foi encomendada, e o melhor: tudo sob o consentimento da autora, a canadense Margaret Atwood, que atua como produtora consultiva.

*ALERTA DE SPOILER: Se você ainda não sabe como termina o livro “O Conto da Aia” ou a primeira temporada de “The Handmaid’s Tale”, vá agora organizar sua vida e volte aqui depois, pois iremos revelar detalhes cruciais da trama a seguir.

Ela tem um nome

Ao final da primeira temporada, vimos June (Elizabeth Moss) ser resgatada por um furgão todo escuro, sem saber se de fato se tratava da salvação ou sua condenação pela rebeldia e liderança que demonstrou ao se recusar em castigar uma das colegas Aias, que havia tentado tirar sua própria vida e a de seu bebê recém nascido.

“Se esse é meu fim ou um recomeço não tenho como saber. Eu me entreguei nas mãos de desconhecidos. Não tenho escolha. Não pode ser evitado. Então eu entro na escuridão interna ou então na luz”. Com essas palavras, quase idênticas ao do desfecho do livro, a garota deixa a casa de seu Comandante, grávida de poucas semanas. Ao som de “American Girl”, de Tom Petty and the Heartbreakers, a tela escurece com um sorriso quase malicioso da Aia. Ela está disposta a vivenciar o novo, seja ele qual for.

E logo no início do novo episódio, percebemos que alguma coisa não está certa, pois a viagem parece não ter sido longa. O primeiro sinal de pânico no rosto da protagonista é percebido quando ela escuta correntes sendo arrastadas e os latidos de cachorros. Então Offred é levada para fora do carro e amordaçada com o que parece uma focinheira, os braços amarrados para trás. Junto com um grupo grande de outras Aias, ao longo de um corredor que parece não ter fim, ela é arrastada para um campo de futebol americano. Exceto que não há plateia. E o campo não é verde. As luzes todas iluminam um palanque que fora montado com diversas forcas em linha reta.

Foto: Divulgação

Vão haver consequências

Não havia maneira mais aterrorizante de dar início à nova parte de “Handmaid’s Tale”, que certamente receberia classificação não indicativa para menores de 18 anos se estivesse na televisão ou no cinema. Com a extremamente certeira e emocionante música de Kate Bush, “This Woman’s Work”, June é posta ao lado de mais 44 Aias, reconhecendo o rosto daquelas que estiveram ao seu lado no ato de rebelião de dias atrás.

Ela assiste às colegas do Centro Vermelho chorar em desespero, fazer xixi no vestido vermelho e tentar confortar umas às outras com um aperto de mão contido. A própria June cruza os dedos em uma última tentativa de oração enquanto se ouve no plano de fundo: “Reze a Deus para que possa lutar. O trabalho dessa mulher é difícil para um homem. Sei que tem um pouco de vida em você. Sei que tem muita força sobrando”. Então ela olha para cima, esperando o fim, e o homem lá embaixo faz sinal para a execução. O piso falso cede e todas as mulheres se assustam, pois nenhuma corda aperta seus pescoços.

Era tudo uma provocação para aterrorizá-las, pura intimidação. Elas não teriam esse fim, pois são valiosas demais. Afinal, são férteis. A chefe disciplinadora, Tia Lydia (Ann Dowd), aparece com um microfone do outro lado do campo, e com passos lentos vem recitando palavras de uma Bíblia que não necessariamente é a verdadeira. Apenas com esses dez primeiros minutos da nova temporada, é possível imaginar o quanto a série pode ficar ainda mais pesada, e mais do que nunca, teremos que estar preparados para a força máxima imposta pelos horrores da República de Gilead.

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Paralelos do passado

Ao longo do episódio, porém, podemos constatar que há um plano especial para June, que embora não consiga ver uma saída do inferno em que está vivendo, não deixa de sustentar a expressão de provocação e ousadia. Enquanto suas amigas são torturadas de múltiplas formas, ela é forçada a se alimentar, pois já não é segredo de que foi uma das afortunadas, “preenchida com a luz divina d’Ele”.

Em uma verdadeira lição de roteiro bem elaborado que ao mesmo tempo se aprofunda imensamente do livro e evoca de maneira fiel e atenciosa a escrita pessimista e reflexiva de Atwood, assistimos aos paralelos entre o que June está vivenciando no momento e aqueles primeiros passos que levaram ao fim do mundo como o conhecemos hoje.

Quando a jovem adulta vai buscar a filha de oito anos no hospital porque ela adoeceu na escola, uma funcionária é obrigada a fazer praticamente um interrogatório cheio de sugestões e indiretas, tudo para provar que June não é uma mãe adequada ou capaz. Isso tudo num ambiente em que já era quase normal ser necessária a assinatura do Marido para uma mulher adquirir medicamentos contraceptivos. Ao final do episódio, ficamos ligeiramente mais aliviados porque de fato June consegue se ver livre do sistema opressor, mas no que consiste essa liberdade?

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Novo sistema de produção

No segundo episódio, que também foi ao ar durante a estreia da nova temporada, somos reapresentados ao personagem de Alexis Bledel, que entregou uma performance tão boa no ano passado, merecedora do contrato como regular neste capítulo inédito da história. Pela sua dramática tentativa de fuga no meio de uma tarde de compras, Ofglen é levada a Deus sabe lá onde e passa por um julgamento em que é obrigada a assistir a uma Martha ser assassinada a sangue frio, além do procedimento cirúrgico no qual removem a força seu hímen.

Antes de ser capturada para o Centro Vermelho, Emily era uma professora universitária de Biologia Celular. Em alguns flashbacks, presenciamos o preconceito e a intolerância com os homossexuais atingirem proporções imorais quando o colega e coordenador do curso propõe que Emily deixe de dar aulas e se concentre apenas no isolamento dos laboratórios porque era uma mestra que incentivava o empoderamento feminino e mantinha na tela bloqueada do seu celular uma foto da esposa e do filho, Oliver.

Logo em seguida, vemos também o mesmo professor, que também era gay, ser enforcado em plena luz do dia no campus da universidade, e a tentativa frustrada e traumatizante de Emily e sua família deixarem o país. A Lei não permitiria. E portanto finalmente ficamos sabendo que fim levou Ofglen, que agora trabalha como escrava nas chamadas Colônias, apenas mencionadas no livro “O Conto da Aia”. Se é um fim ou novo começo, em breve saberemos. O fato é que toda e qualquer mudança imposta por essa e outras mulheres vai provocar resistência, e a luta está apenas começando.

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