Depois de dois anos de espera recebemos em 2024 a segunda temporada de House of the Dragon (A Casa do Dragão). Prometendo fogo, sangue e guerra, os novos episódios não seguiram exatamente essa linha, o que causou reações controversas no público. Para saber nossa opinião sobre a produção, confira este veredito.
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As peças se encaixam
Após a morte de seu filho Lucerys (Elliot Grihault) em um ataque de Aemond (Ewan Mitchell) e Vaghar, Rhaenrya (Emma D’Arcy) está processando seu luto enquanto precisa afirmar sua posição como herdeira legítima de Westeros. Para isso, ela conta com o apoio de seu marido, Daemon (Matt Smith), e da princesa Rhaenys (Eve Best).
Enquanto isso, no lado dos Verdes, o recém-coroado Aegon (Tom Glynn-Carney) não vê a hora de derrotar a meia-irmã para acabar com sua pretensão ao Trono de Ferro. Porém, a falta de experiência como governante e a relutância em aceitar orientações de seu conselho desestabilizam seu jovem governo.
A Guerra que Nunca Foi
Assim como Rhaenys é chamada de “a Rainha que Nunca Foi”, a segunda temporada de House of the Dragon ensaiou uma guerra que ainda não aconteceu. No início, a ausência de um conflito direto era compreensível, dada a inaptidão de Aegon como líder e o luto vivido por Rhaenyra. No entanto, com o passar dos episódios, ficou mais difícil manter desculpas plausíveis para a falta de confrontos.
Na metade da temporada tivemos a esperança nos embates renovada, com um episódio consistente e que trouxe a memorável batalha entre Aegon, Aemond e Rhaenys. Porém, logo em seguida, o ritmo voltou a esfriar.
Sim, tivemos bons momentos individuais, mas isso não é o bastante para segurar o público engajado por uma temporada inteira, tampouco o deixa no hype para acompanhar o que vem a seguir.
Avançando lentamente
Olhando em retrospecto, um dos maiores problemas da temporada anterior, a meu ver, foi o excesso de saltos temporais. Mal nos acostumávamos a uma situação, e ela já mudava. Agora, ao final do segundo ano da produção, é inevitável perguntar: foi para isso que corremos tanto?
O novo ano fez exatamente o oposto do anterior, colocando o pé no freio de tal forma que pode até passar a sensação de que a história parou de avançar. O que não é verdade, mas só de criar essa impressão já revela um problema narrativo.
Basta olhar para os ciclos repetitivos que vimos durante os episódios: Rhaenyra hesitando em começar uma guerra que já havia se iniciado, Daemon questionando a legitimidade da esposa, mesmo após já ter se ajoelhado a ela, e Alicent (Olivia Cooke) percebendo sua insignificância diante dos homens que justamente desprezaram a ideia de uma mulher no trono. Tudo isso criou uma temporada repleta de obviedades narrativas, competindo com tramas que realmente precisavam de mais espaço, mas que tiveram menos do que o necessário.
Queremos mais
Com a confirmação de que House of the Dragon chegará ao fim na sua 4ª temporada, estamos oficialmente na metade da história da Dança dos Dragões, mas não é essa a sensação que fica no fim da segunda temporada. Falta impacto. Falta grandiosidade. Falta fogo e sangue. Não foi isso que nos prometeram? Queremos.
Felizmente, algumas cenas se salvam e o início da temporada foi mais bem-sucedida do que seu final. Além disso, não podemos ignorar o impacto da greve dos roteiristas como um dos fatores agravantes dos problemas deste segundo ano. Mesmo que os roteiros estivessem prontos antes das gravações, muitas alterações e correções costumam ser feitas durante as filmagens, o que não foi possível aqui.
O valor de produção ainda compensa também. A quantidade de dragões em cena é algo difícil de realizar, e todos eles se destacam quando aparecem, com composições majestosas que justificam a imponência da Casa Targaryen em relação às demais famílias. Que venham mais cenas com essas feras no próximo ano.
Veredito
House of the Dragon encerra seu segundo ano com um gosto bem mais amargo do que o anterior (e isso considerando que a primeira temporada terminou com a morte de uma criança), mas por motivos diferentes.
Parece faltar um consenso entre produtores, roteiristas e diretores sobre o ritmo que desejam dar à narrativa, pois a irregularidade mata o desejo de se manter engajado com a trama. A parte boa é que ainda há dragões para nos encantar e performances marcantes de grandes atores para nos entreter. Contudo, isso não será suficiente para nos segurar para sempre.
Pontos positivos:
- Boas atuações
- Valor de produção
- Dragões
Pontos negativos:
- Irregularidade no ritmo
- Tramas cíclicas
- Lentidão da narrativa
NOTA: 6/10