Após vários adiamentos e muitos rumores sobre seu desenvolvimento, Digimon Survive finalmente chega para dar fim ao hiato de cinco anos sem nenhum novo jogo da franquia. Disponível para PS4, PS5, Xbox One, Nintendo Switch e PC via Steam, o título apresenta uma proposta totalmente diferente dos seus antecessores e aposta numa narrativa sombria com visual novel e RPG tático.
Confira agora o que achamos do jogo!
P.S: Testamos o título no Nintendo Switch.
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História sombria
Assim como o clássico anime de 1997, Digimon Survive nos envia para um mundo repleto de monstros perigosos, batalhas e muito mistério. Na trama, assumimos o papel do protagonista Takuma Momozuka e precisamos sempre optar por fazer boas escolhas, pois qualquer deslize afeta diretamente no desfecho da aventura. Ao todo são 12 capítulos e você deve levar ao menos 40h para conseguir finalizar.
Sendo bem sincero com vocês, esta é a narrativa mais sombria feita para um jogo de Digimon, e isto está evidente tanto em elementos visuais quanto sonoros. A história é interessante, porém apresenta inúmeros momentos cansativos que deixam o ritmo ruim. O começo, por exemplo, não empolga muito, pois bate muito na tecla de pessoas desaparecidas e dá a sensação que o jogador está fazendo a mesma coisa, principalmente porque os capítulos possuem longa duração.
Mesmo com esses altos e baixos, a história segue e tem melhorias significativas no desenrolar. Inclusive, para fãs brasileiros uma grande novidade é a presença da localização em português. Pra mim, isso foi uma enorme conquista para a franquia, pois isso nunca havia acontecido antes. Finalmente podemos ter o prazer de acompanhar tudo em PT.
Gameplay burocrático
Antes de qualquer coisa é importante deixar claro que o jogo é 70% história e apenas 30% batalha. Basicamente, você vai ficar mais tempo lendo diálogos do que propriamente upando seu Digimon para ficar mais forte. Estão todos cientes, né? Então, bora para mecânica.
Basicamente, você vai posicionar (estrategicamente) de quatro a seis Digimons num campo aberto bem como acontece em Triangle Strategy. Ao fazer isso, você vai movimentar seu monstrinho para derrotar todos os inimigos. As ações e movimentos são básicos e não possuem um “brilho” que faça com que você continue jogando horas e mais horas. Em Digimon Story: Cyber Sleuth Hacker’s Memory (2017), por exemplo, os combates são viciantes e todos os Digimons possuem animações maneiras. Isso não quer dizer que o gameplay de Digimon Survive é ruim, mas poderia ser muito melhor e mais dinâmico.
Um ponto que ficou a desejar foi o processo de evolução. Particularmente, achei que ficou burocrático, já que é preciso utilizar itens específicos para evoluir os Digimons. Em 12 horas de jogo, só consegui evoluir 3 dos monstrinhos, pois não encontrei mais o recurso. Pra mim, isso foi frustrante porque o melhor de Digimon é evoluir e testar diferentes poderes. Em Digimon Survive não temos essa flexibilidade, e isso deixa a experiência morna.
Inclusive, podemos “capturar” uma seleção restritiva de Digimons, e tudo por meio de conversas. É preciso apenas responder corretamente para que o bichinho aceite ser seu amigo. A dificuldade é até ok, pois basta enfrentar meia dúzia do mesmo Digimon para descobrir a sequência correta das respostas. Porém, confesso que esse não é o melhor formato para uma experiência satisfatória, deixando essa parte meio cansativa. É como se o jogo não incentivasse você a experimentar novos Digimons.
Gráficos e trilha sonora
Joguei toda essa aventura no Nintendo Switch e posso afirmar que está tudo perfeito. Os gráficos são lindos, desde o cenários até as cutscenes. Como o título tem essa proposta de visual novel, você terá a sensação que está jogando um anime interativo em grande parte do jogo. Em relação à trilha sonora, também encontramos um excelente trabalho. Tudo casa muito bem com os momentos de suspense, felicidade e mistério.
Veredito
Com a proposta de inovar e fugir dos seus antecessores, Digimon Survive apresenta boas ideias para quem estava com saudades da franquia, porém nem todas são bem executadas, deixando momentos divertidos um pouco cansativos, como evoluir e capturar Digimons. Mesmo assim, o jogo da Bandai Namco consegue trazer grandes surpresas na narrativa, que está 100% localizada em português pela primeira vez na história.
Na minha humilde opinião, o título foi um passo para um novo caminho, mas precisa ser lapidado em uma sequência futura para que realmente se consolide como RPG Tático. O jogo está custando R$ 299 nas principais plataformas, e o meu conselho é que espere uma boa promoção para que tenha o melhor custo-benefício.
Pontos positivos
- Conceito totalmente diferente dos antecessores
- Localização em português
- Gráficos e trilha sonora
Pontos negativos
- História com momentos cansativos
- Processos burocráticos em capturar e evoluir Digimons
- Gameplay repetitivo e sem tanto brilho
NOTA: 7.8