Um novo longa nacional de suspense chegou aos cinemas: Uma Família Feliz. Baseado no livro homônimo de Raphael Montes (Bom dia, Verônica; Uma Mulher no Escuro), o filme é estrelado por Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini. Nós conferimos a produção e agora vamos contar nossas impressões nesse veredito.

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Superfície brilhante

Eva (Massafera) está à espera de um bebê e se esforçando para manter as coisas em casa equilibradas. Ela tem um casamento estável com Vicente (Gianecchini), uma carreira que ama e duas filhas amorosas, com 10 anos cada.

Porém, quando as crianças aparecem misteriosamente machucadas as suspeitas recaem sobre Eva. Logo, tanto seu marido como os amigos próximos estão se afastando dela, e a jovem mãe precisará descobrir como provar sua inocência. Se é que ela é inocente.

Interior conturbado

O longa tem um bom início, construindo a tensão aos poucos e quebrando a fachada da família feliz. Logo que o terceiro filho nasce os problemas começam a surgir, Eva não tem como dar conta de tudo e começa a ter apagões, fica apática e parece ter pouca ligação com o bebê. 

Na minha interpretação a personagem parece estar passando por um quadro de depressão pós-parto, porém nem seu marido ou amigos veem o quanto sua situação está complicada. Isso é enfatizado pela edição do filme, que conta com muitos cortes bruscos, levando o espectador de uma cena para outra, de modo cada vez mais aflitivo.

Quando a trama atinge o ponto de virada, ou seja, o início das agressões, a personagem é facilmente colocada na posição de culpada no conta dessa construção. Porém, outras possibilidades vão sendo levantadas para deixar sempre o espectador com uma pulga atrás da orelha.

Altos e baixos

O problema, a meu ver, é que muitas dessas possibilidades não levam a nada, consumindo tempo de tela com subplots que não tem uma finalização apropriada. Isso impacta diretamente no final do longa, que apresenta uma solução que não teve uma construção e, por isso, parece ter sido criada apenas para surpreender e chocar.

É uma pena que o terceiro ato pareça tão arrastado em comparação com o restante do filme, que teve uma boa construção até ali. Isso se deve principalmente à boas performances da dupla principal. Massafera entrega uma Eva desesperada para se provar e que, apesar de tudo, consegue a nossa simparia, já Gianecchini constroi um Vicente com pinta de bom-moço, mas que vai se tornando mais desconfiado e distante com a esposa.

Veredito

Uma Família Feliz tinha tudo para nos entregar um thriller marcante, com sua boa construção de suspense, atuações equilibradas e trama intrigante, porém o excesso de subplots incham a narrativa de forma a deixá-la cansativa, chegado a um final que parece trazer o choque pelo choque.

Mas de toda forma é claro o nível da produção, que tem vários êxitos técnicos, com exceção da mixagem de som, que oscila muito nas falas dos atores.

No fim o saldo ainda consegue ser positivo, e ficamos na torcida para ver cada vez mais produções com esse apuro técnico e que explore gêneros como o suspense.

Pontos positivos:

• Boas atuações
• Construção de suspense acertada

Pontos negativos:

• Final desconexo
• Excesso de subplots

NOTA: 7/10