Veredito de Não Se Preocupe, Querida

22/09/2022 - POSTADO POR EM Filmes

O novo longa de Olivia Wilde, conhecida pela direção da comédia Fora de Série (2019), Não Se Preocupe, Querida traz uma mudança de gênero, agora investindo em uma trama de mistério encabeçada por Florence Pugh e Harry Styles.

Envolto em polêmicas de bastidores, que fizeram até mesmo a estrela do filme não participar da divulgação com o restante do elenco, o filme teve uma recepção dividida no exterior até agora. Nós pudemos conferir a produção em uma sessão especial e iremos dividir com vocês as nossas impressões.

Vida perfeita

Alice (Florence Pugh) é uma dona de casa dos anos 50 que vive plenamente em uma comunidade planejada junto ao seu marido, Jack (Harry Styles). Todos os dias ela usufrui de uma rotina que inclui limpar, cozinhar, sair com as amigas, fazer compras e ainda passar noites ardentes ao lado do seu amado. 

Tudo parece perfeito em Victory, porém o colapso de uma antiga amiga e os eventos cada vez mais estranhos que cercam Alice fazem com que ela se pergunte até que ponto tudo na sua vida não é apenas fachada

Imagem de divulgação de Não Se Preocupe, Querida

Lugar comum

Se você achou essa sinopse meio básica é porque ela é mesmo. Não Se Preocupe, Querida usa uma trama comum, até batida, para desenvolver sua narrativa. Isso por si só não seria um problema se o longa extraísse algo a mais do enredo, porém não é isso que acontece.

Muito similar ao que foi feito em Men (2022), o longa de Wilde pega uma proposta simples e uma crítica básica, achando que pode fazer algo a mais usando de uma estética diferente. Sim, o filme é belíssimo, e isso chama a atenção no primeiro momento, mas logo fica claro que ele não tem para onde ir.

Suas 2 horas de duração parecem até mais em muitos momentos, nos quais precisamos ver a protagonista andando em círculos junto com a trama. Há de se argumentar que esse efeito tenha uma utilidade no que compete à proposta da narrativa, mas se torna demasiadamente cansativo.

Imagem de divulgação de Não Se Preocupe, Querida

Crítica básica

Machismo é ruim, certo? Masculinidade tóxica é destrutiva, certo? Pois bem, o longa pega esses conceitos, que deveriam ser óbvios, e os insere na trama mais básica possível. É quase como se fosse uma representação visual de como uma sociedade machista é prejudicial.

De novo, o problema não é esse, basta acessar qualquer portal de notícias para ver o quanto a mulher ainda sofre com violências e opressões diárias. O meu ponto é fazer isso usando uma trama tão básica e previsível.

Sutileza não é o forte desse filme, você se sente incomodado com a situação de Alice desde o princípio. Há sinais vermelhos por toda parte. Diferente de uma produção como Corra! (2017), por exemplo, que vai introduzindo o perigo aos poucos, até chegar em uma revelação surpreendente e muito bem construída.

O plot twist de Não Se Preocupe, Querida não consegue ter o mesmo efeito, abusando da nossa suspensão de descrença para acreditar em como aquilo seria possível, e ainda deixando questionamentos sobre a atitude de diversos personagens. Quando o filme explica demais pode ficar cansativo, mas quando explica de menos também não ajuda o espectador.

Imagem de divulgação de Não Se Preocupe, Querida

Veredito

Não Se Preocupe, Querida chama a atenção pelo seu elenco estrelado, começo intrigante e boa direção. O filme acumula acertos na parte técnica, com figurino, fotografia e direção de arte excelentes. Infelizmente não tem o mesmo êxito no roteiro

A sensação que ele deixa é que o tempo em que a trama fica dando voltas em si mesma, tornando a experiência cansativa para o espectador, poderia ter sido gasta embasando melhor a revelação final e as atitudes dos personagens, que muitas vezes oferecem discursos vazios, reforçando uma crítica (necessária) que está sendo feita de forma básica.

Pontos positivos:

  • Aspectos técnicos
  • Excelente elenco

Pontos negativos:

  • Crítica feita de forma básica
  • Necessidade de muita suspensão de descrença
  • Narrativa confusa e cansativa

NOTA: 5