Veredito de Avatar: O Caminho da Água

16/12/2022 - POSTADO POR EM Filmes

Expectativas astronômicas foram impostas para a sequência de Avatar (2009), fazendo jus ao estrondoso sucesso de bilheteria (maior da história), ao orçamento de cerca de $350 milhões e à megalomania do visionário diretor James Cameron.

13 anos depois do original, Avatar: O Caminho da Água retorna à Pandora e rapidamente justifica a longa espera com um espetáculo cinematográfico à altura de seu nome.

Se funciona, repete

Mais de 10 anos após os eventos do 1º filme, Jake Sully (Sam Worthington) e Neytiri (Zoe Saldaña) estabeleceram uma família na aldeia Na’vi Omaticaya. Dois fortes filhos, Neteyam (Jamie Flatters) e Lo’ak (Jamie Flatters), e duas filhas, a caçula Tuk (Trinity Jo-Li Bliss) e a adotada Kiri (filha biológica do Avatar da personagem de Sigourney Weaver, inconsciente), além do jovem humano Spider (Jack Champion), filho do Coronel Quaritch (Stephen Lang).

Com a ameaça do retorno do antigo vilão e de novos humanos, Jake decide levar sua família para outra aldeia a fim de evitar novos confrontos, visto que ele é o alvo de Quaritch, cujas memórias foram exportadas para um corpo Avatar.

Ao conseguirem um novo lar na tribo Metkayina, os seis Na’vi da Floresta precisam se adaptar ao completamente diferente ecossistema marinho. E esse é “pulo do gato” do Cameron.

Uma das principais reclamações para essa sequência é a falta de inovação em sua história. Não que a do primeiro seja de destaque, mas parte do público esperava um roteiro mais desenvolvido em conjunto à uma narrativa mais instigante.

A questão é que há outras maneiras de entreter além de longos diálogos em uma complexa rede de intrigas. Cameron sabe nos comprar pelo visual como poucos na indústria, criando novamente um espetáculo cinematográfico de proporções absurdas.

A fotografia de Russell Carpenter em um ambiente quase totalmente artificial é de “bugar” a mente. Tudo parece muito palpável e vivo, em planos que engrandecem sem esforço um ambiente estonteante de azuis e verdes.

Imagem: divulgação

Forma x conteúdo

Isso acende a velha discussão entre o que importa mais: o conteúdo ou a forma de um filme. 

Hoje, se há um equilíbrio entre os dois, provavelmente não será bem recebido pela maioria, que prioriza explosões sensoriais em tela verde a uma obra que usa recursos de ambos os lados para valorizar seu ponto principal.

E o foco de O Caminho da Água é impactar pelo vasto mundo aquático, de fazer inveja aos responsáveis pelo VFX de Wakanda Para Sempre (2022) que fizeram uma Talokan tão escura. Comparar os dois pode até ser injusto pela diferença de tempo e dinheiro investidos, mas é inevitável.

Sim, nenhum dos Avatar tem uma história muito envolvente, porém O Caminho da Água compensa até mais do que o original (para mim) ao evoluir pacientemente seu núcleo familiar ao longo das mais de 3 horas.

Imagem: divulgação

Veredito 

Avatar: O Caminho da Água supera seu antecessor por trabalhar a questão “família” enquanto exploramos o incrível ambiente marinho, unindo a forma e o conteúdo organicamente.

Embora o final seja esticado para um conflito mais pessoal, a batalha anterior a ele bate de frente em questão de qualidade de ação ao clímax de Top Gun: Maverick (2022).

Dois filmes que nos relembraram a potência que um cinema blockbuster possui quando não tem vergonha de momentos, de fato, gigantes.

Antes era difícil imaginar que uma das cenas mais emocionantes do ano seria a relação de uma baleia com um adolescente Na’vi. Torcer na conclusão para o sucesso de ambos foi uma feliz surpresa.

Os 190 minutos passam voando e prometem uma franquia ainda firme e com muita lenha para queimar. Se for para demorar mais 13 anos – torço para que não – para entregar esse mesmo nível, então aguardo sem pressa.

Pontos negativos

  • Clímax esticado em conflito individual

Pontos positivos

  • Expansão de Pandora com visual marinho envolvente
  • Desenvolvimento paciente da trama familiar

NOTA: 9/10