Makoto Shinkai além de Your Name

14/02/2018 - POSTADO POR EM Animes / Mangás E Filmes

A animação japonesa “Your Name”, do diretor Makoto Shinkai, ganhou destaque mundial ao alcançar a maior bilheteria do cinema japonês da história. Com a chegada do longa ao catálogo de filmes da Netflix, a obra se popularizou mais ainda no Brasil. As belas paisagens, o enredo diferente e a trilha sonora maravilhosa são uma combinação que deixam qualquer pessoa encantada com a obra.

Por mais que “Your Name” seja a recente animação do diretor, Makoto Shinkai já é um veterano, portanto, um velho conhecido e queridinho de quem costuma assistir filmes do gênero. Na Netflix mesmo é possível encontrar outras películas dele. Confira as indicações e é, claro, assista.

O Jardim das Palavras (Kotonoha no Niwa)

Sabe aquele filme que te deixa sem ar? Pois é. “O Jardim das Palavras” é um curta de 46 minutos, que foi lançado em 2013. Na história, o estudante Takao Akizuki, que quer ser design de sapatos, falta um dia chuvoso de aula para ficar em um jardim e desenhar sapatos. Lá, ele encontra uma mulher mais velha, Yukino Yukari, e sempre que chove os dois acabam de reencontrado no mesmo lugar, até se tornarem confidentes e estabelecerem um vínculo muito forte. A conexão é tanta que, inconscientemente, a gente torce para que o Japão seja só de inverno e chuva para que os dois possam se ver.

Além da história, a produção vale pelo seu visual exuberante: a paisagem verde sendo banhada pelos pingos de chuva, e poças que refletem toda a beleza da animação, uma característica quase sempre presente nos filmes de Shinkai. A trilha sonora é outro fator que torna o título mais do que especial, é daquelas músicas que vão vontade de cantar mesmo que a gente não saiba a letra. Garanto que, ao chegar ao fim do filme, a sensação quero mais será inevitável.

5 Centimeters per Second 

Lançado em 2007, “5 Centimeters per Second” é um filme de 63 minutos dividido em três partes: “Cherry Blossom”, “Cosmonaut” e “5 Centimeters Per Second”. O enredo começa no início dos anos 1990, quando Akari Shinohara é transferida de colégio e faz amizade com Takaki Tono, e segue com os protagonistas até o ano de 2007. Os dois se tornam melhores amigos, mas alguns anos depois Akari se muda para outra cidade, e os dois passam a se comunicar por cartas. No último ano de estudo, Takaki também recebe a notícia que irá mudar de cidade com os pais, o que irá dobrar a distância entre os dois. Ele então decide viajar para rever Akari uma última vez, e é quando o romance dos dois é finalmente concretizado, com um beijo no meio da neve. A partir de então, a vida de Takaki é afetada por um amor de infância que ele cresce alimentando e acreditando.

Durante todo o filme, uma sensação nostalgia toma conta de quem assiste, principalmente por conta da trilha sonora, que tem como música tema uma melodia romântica que se tornou uma das minhas preferidas. Mais uma vez, a beleza dos horizontes com as flores de cerejeiras caindo a cinco centímetros por segundo, informação que dá nome à película, é ímpar. O final pode parecer aberto demais, mas essa também é uma característica comum do diretor e basta assistir mais uma vez para perceber que, na verdade, tudo o que deveria acontecer coube no espaço dedicado ao filme.

O Lugar Prometido em Nossa Juventude (Kumo no Mukou, Yakusoku no Basho)

Após um período de Guerra, o Japão foi separado e, ao Norte de uma das Ilhas que agora pertence a outro país, a de Hokkaido, uma torre com altura suficiente para ir além da atmosfera foi construída. Essa é a base da história de “O Lugar Prometido em Nossa Juventude”, lançado em 2004 e com 90 minutos de duração. Os protagonistas são os amigos Hiroki Fujisawa e Takuya Shirakawa, ambos estudantes no colegial, que resolvem construir uma nave para voar até a torre e descobrir o que, na verdade, ela é. Os dois conhecem Sayuri Sawatari e prometem a ela um voo até a torre e além das nuvens quando a nave for finalizada. No entanto, tudo muda quando Sayuri cai em coma e é enviada para tratamento em Tóquio. Três anos depois, o trio de amigos está em uma realidade totalmente diferente, mas a força da promessa feita pode levá-los a descobrir os mistérios da torre e do coma da amiga.

Para quem curte ficção científica, esse título é um prato cheio. Contudo, pode ser de difícil entendimento por tratar questões como universos paralelos e precognição, além de ter um desenvolvimento lento na primeira metade. Ainda assim, qualquer obra de Shinkai é um colírio para os olhos e, literalmente, música para os ouvidos, já que a música principal do longa foi escrita pelo próprio diretor. O jogo de luzes, principalmente nos reflexos de sol, impressiona pela riqueza de detalhes. Vale a pena insistir e assistir.

Vozes de uma Estrela Distante (Hoshi no Koe)

Tudo parece comum ao começarmos a assistir a história do relacionamento de Mikako Nagamine e Noboru Terao, um casal de estudantes, mas não é: a história futurista se passa em 2047 e em outro planeta. Em um período de confronto com alienígenas, Nagamine tem um sonho pouco comum entre as garotas, a de ser piloto de naves para lutar contra os aliens e defender seu planeta. Ao saírem da escola, ela é aceita no exército espacial e ele fica em solo. Os dois passam a se comunicar por mensagens no celular, mas quanto mais ela se afasta, explorando novos planetas, mais as mensagens demoram a chegar. Semanas, meses e até anos. E enquanto Noboru envelhece, Nagamine continua uma jovem adolescente determinada a proteger sua frota e seu planeta.

Ao contrário do filme anterior, esse se desenvolve muito rápido, mas o que é essencial para o desenvolvimento da história é apresentado sem atropelos. As batalhas de Nagamine no espaço, pilotando seu mecha, são cheias de ação, contrastando com os momentos em que a garota está sozinha no espaço aguardando anos por uma resposta de Noboru. Quem assistiu outros filmes do diretor pode estranhar um pouco o traço dos personagens, mas a qualidade visual e narrativa é a mesma, rica em seus detalhes e momentos de reflexão.