Evangelion: diferenças entre anime, mangá e filmes

08/09/2022 - POSTADO POR EM Animes / Mangás

Neon Genesis Evangelion marcou uma geração de animes na década de 1990 e mudou o sub-gênero mecha como o conhecemos, focando em aspectos bem mais profundos – e perturbadores – dos personagens.  Nos anos seguintes, o sucesso da série rendeu uma adaptação em formato de mangá e em filmes, com o último (3.0+1.0) sendo lançado no ano passado.

As três mídias trazem a mesma história, porém alguns detalhes alteram partes da trama, pequenas e grandes, em cada formato. Para evitar confusão para quem não conhece todas as linhas narrativas seguidas, separamos aqui as principais diferenças entre elas a fim de ajudar a entender melhor o complexo universo de Evangelion.

Ah, e caso você tenha esteja se perguntando qual a ordem para assistir o anime e os filmes, aqui está um guia básico para não se perder.

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Anime

Esse é o cânone. Os 26 episódios criados por Hideaki Anno no estúdio Gainax, lançados entre 1995/96, são a porta de entrada para a maioria dos fãs e a base para entender Evangelion.

Contudo, há uma discussão se o final da série (dois últimos episódios) deva ser levado à risca visto que é muito abstrato e foi feito às pressas e sem o devido orçamento pelo estúdio, em crise na época. Anno já esclareceu que os eventos do filme End of Evangelion eram suas reais intenções para a conclusão da história.

Dessa forma, podemos considerar que as sequências confusas durante o colapso mental de Shinji logo antes do Terceiro Impacto também são canônicas, visto que mostram o conflito interior do protagonista quase como um sonho enquanto a instrumentalização humana acontece na vida real. 

Ao final, sobram apenas Shinji e Asuka frente ao mar de LCL em um mundo sem fronteiras. Os humanos (ou Lilin, o 18º Anjo, criados por Lilith) não mais existem em forma física, tendo rompido seus campos A.T., alcançando o objetivo do plano da Seele. Sim, é muita informação e é provável que você precise assistir a série e o filme mais de uma vez para absorver.

Mangá

Posto tudo isso, entender o mangá não é difícil já que levou 16 anos para ser finalizado, apesar de seu lançamento ter sido antes da série. O designer Yoshiyuki Sadamoto basicamente seguiu os caminhos da série televisiva, com algumas reduções na ação e mais compromisso com o desenvolvimento da personalidade de alguns personagens.

Por exemplo: Rei expressa mais seus sentimentos, sem parecer uma boneca no piloto automático, enquanto Shinji é menos envergonhado e mais decidido em suas ações. Por outro lado, o lado vilanesco e megalomaníaco de Gendo Ikari é aumentado no mangá, piorando a figura do pai do protagonista.

Kaji ganhou uma interessante história de origem, mostrando uma infância na rua com um grupo de meninos que roubavam para sobreviver. Até o passado do mascote PenPen é explicado: Misato o resgatou de um laboratório de experimentos com animais.

Uma das distinções mais pesadas foi com Toji, amigo de Shinji: nas duas mídias, ele foi escolhido como a 4ª criança para pilotar e acabou tendo seu EVA-03 infectado por um Anjo (Bardiel) e forçado a brigar com Shinji. Porém, enquanto no anime o conflito o tirou “apenas” uma perna, no mangá lhe tirou a vida.

O número de Anjos é menor: Sandolphin, Ireul, Leliel e Matarael não aparecem em nenhuma página, reduzindo de 17 Anjos no anime (sem considerar humanos como 18º) para 13 no mangá.

Quanto à Asuka, duas diferenças se destacam: a 1ª é a maneira como foi apresentada. Enquanto no anime ela aparece derrotando o anjo Gaghiel na frente de todos, no mangá a jovem alemã surge em um fliperama, já brigando com Shinji e seus amigos. Apenas depois disso a piloto enfrenta o Anjo, mas Shinji assiste de longe, na sede da NERV. 

A 2ª é como a piloto do EVA 02 morreu e seu destino final: em End of Evangelion, lutou sozinha contra os EVA de produção em massa e acabou perdendo. Após o Terceiro Impacto, como já falado aqui, ela volta à vida ao lado de Shinji.

No mangá, ela teve o auxílio do colega piloto na batalha antes da iminente morte. Porém, após o Impacto, não apenas ambos reassumem suas formas humanas, como todas as outras pessoas do planeta, sem lembranças de nada do que ocorreu e aproveitando de uma vida normal. É uma conclusão mais otimista do que o filme, ainda que apareçam as ruínas do evento.

Imagem de divulgação de Neon Genesis Evangelion

Filmes

Vamos considerar os quatro longas-metragens da série Rebuild para comentar aqui: Evangelion:1.11 Você (Não) Está Sozinho (2007), Evangelion 2.22: Você (Não) Pode Avançar (2009), Evangelion 3.33: Você (Não) Pode Refazer (2012) e Evangelion: 3.0+1.01: A Esperança (2021).

O número de Anjos nas quatro obras é 13, sendo três deles exclusivos desses filmes (3°, 7° e 12°). O confronto contra o 9º Anjo (Bardiel), em 2.22, reservou uma grande diferença em história comparada às duas mídias passadas: ele infecta o EVA-03 testado não por Toji, mas por Asuka, que quase morre após a luta com o EVA-01 controlado pelo Sistema Dummy.

No 2º filme, inclusive, é quando a história começa a se distanciar dos acontecimentos originais. Somos apresentados à estadunidense Mari, a 4ª Criança, convocada pela NERV para ajudar os pilotos mais jovens e que assume o EVA-02 depois do incidente com o 9º Anjo.

A personagem posteriormente foi inserida em um capítulo extra do mangá, explicando sua relação com Yui, mãe de Shinji, quando ambas eram pesquisadoras na universidade. Nos filmes, com destaque para o último, Mari ganha bem mais influência.

Ainda em 2.22, o Terceiro Impacto começa mais cedo, quando Shinji absorve o núcleo do 10º Anjo (Zeruel) e se funde com o EVA-01. Porém, outro conhecido personagem aparece: Kaworu (a 5ª Criança e o 13º Anjo), já antecipado no filme 1.11, desce da Lua pilotando o EVA-06 e impede Shinji de completar o Impacto, o perfurando com a Lança de Cassius

Isso ocasionou um planeta colapsado pelo início da instrumentalização humana, criando um mundo pouco fértil e sem esperanças mostrado no filme 3.33, que salta 14 anos na trama.

No filme final é explicado também o destino de Kaji, personagem querido pelos fãs, que pouco apareceu na série Rebuild: ele morreu durante o Quase Terceiro Impacto, assim como milhões de humanos, deixando sua amante grávida, Misato, como mãe solteira, apesar da capitã não conseguir criar o filho. Esse fato esclareceu um dos motivos da antiga responsável por Shinji passar a odiá-lo no filme 3.33.

Os eventos dos dois longas finais diferem tanto das linhas seguidas pelo anime e pelo mangá que não vale a pena contar tudo aqui, até porque estragaria as experiências de quem deseja assistir.

O que não podemos deixar de comentar é sobre a diferença nos tons das conclusões: enquanto no original (anime e em End) o final é desolador, no mangá há um sopro de esperança pela continuação da vida esquecendo forçadamente das fatalidades causados pelos Anjos e pelos EVA.

Já em Rebuild, a abordagem é mais madura, virando totalmente a página e fechando a história com alegria, mostrando o progresso psicológico de Anno como pessoa e como autor.