Na Parte 1 das apostas, nós apontamos os favoritos na corrida pelos prêmios técnicos no Oscar 2024. Agora, chegou o momento de especular sobre as estatuetas mais aguardadas da noite pela comunidade cinéfila.
Quem será que vai fazer história? Será que enfim um(a) diretor(a) ou ator/atriz receberá o devido mérito? Teremos grandes surpresas no dia 10 de março? Confira nossas apostas finais a seguir!
Melhor Animação
A categoria de animação é marcada por uma excelente disputa entre Sony e Studio Ghibli. A sequência ainda mais ousada de uma obra que revirou o metiê de composição em animações concorre contra o retorno de um dos maiores nomes do cinema japonês em seu filme mais intimista.
Analisando o quadro de premiações termômetro, Homem Aranha levou no Sindicato de Produtores da América e no Critics Choice, enquanto O Menino e a Garça tem o BAFTA (Oscar britânico) e o Globo de Ouro.
Portanto, a vantagem é leve, mas Miles Morales deve conquistar novamente a estatueta pelos votantes da Academia privilegiarem historicamente produções ocidentais em detrimento de orientais.
- Nimona
- Meu Amigo Robô
- Homem-Aranha: Além do Aranhaverso
- O Menino e a Garça
- Elementos
Melhor Montagem
De novo, há muita margem para discussão de porque Oppenheimer é favorito, embora tenha vencido os principais prêmios da área nos EUA.
A frieza em saber o tempo certo para incitar dúvidas de Triet em um dos melhores dramas de tribunal do século, o timing cômico de Payne junto à sensibilidade pelas atuações, a paciência da lendária Schoonmaker por uma cena mais completa em uma obra de quase quatro horas de Scorsese.
Todos têm qualidades que ultrapassam Oppenheimer, porém não a força de um marketing avassalador para compensar a dianteira que o longa do criador da bomba atômica conquistou.
- Anatomia de uma Queda
- Os Rejeitados
- Assassinos da Lua das Flores
- Oppenheimer
- Pobres Criaturas
Melhor Filme Internacional
Não fossem as críticas da diretora Justine Triet à reforma da previdência e ao governo francês, Anatomia de uma Queda estaria tanto indicado aqui quanto com a melhor cotação para vitória.
Entretanto, com o caminho aberto e a moral de estar indicado em outras quatro categorias, o prêmio dificilmente escapa de Zona de Interesse, que une minuciosos instrumentos sonoros à uma proposta incomum para um longa que aborda o Holocausto. Será o 1° Oscar do Reino Unido nesta categoria.
- A Sociedade da Neve (Espanha)
- The Teachers’ Lounge (Alemanha)
- Io Capitano (Itália)
- Perfect Days (Japão)
- Zona de Interesse (Reino Unido)
Melhor Roteiro Adaptado
Uma verdadeira corrida de cavalos em que a cada segundo um dos cinco assume a liderança e depois dá lugar a outro. Muito por causa da ausência de Greta Gerwig na briga por Direção, as chances do sucesso estrondoso de Barbie ser recompensado com uma das categorias mais importantes é bem real. E não seria por pena, já que o longa construiu uma sólida história envolvendo ficção e realidade em um contexto desafiador.
Porém, há quem aposte em mais uma vitória de Oppenheimer aqui, visto que em quatro das últimas cinco edições, o Oscar de Melhor Filme acompanhou a estatueta de Roteiro equivalente. E além disso, Ficção Americana está subindo na onda recentemente, o que é curioso pois o longa é uma crítica irônica ao próprio método de reconhecimento do público branco a obras julgadas como “potentes vozes na luta contra o racismo”.
Baseado no impulso das discussões quanto à Barbie esnobada em outras categorias, vamos jogar nossas fichas no texto de Gerwig e de Baumbach dessa vez.
- Oppenheimer
- Pobres Criaturas
- Ficção Americana
- Barbie
- Zona de Interesse
Melhor Roteiro Original
É curioso que, com cinco indicações ao Oscar, o filme francês Anatomia de Uma Queda não esteja indicado a Melhor Filme Internacional. Muito provavelmente devido às já mencionadas críticas da diretora ao governo francês, o longa não foi selecionado pelo comitê da França como o representante do país na corrida, e por isso ficou de fora da categoria.
Ainda assim, a Academia demonstrou bastante apreço pelo filme de Justine Triet, e um prêmio de roteiro pode ser precisamente a forma que os votantes irão escolher para celebrar a intrigante produção, que venceu a categoria única de roteiro no Globo de Ouro, em cima de Barbie e Oppenheimer. Enquanto Segredos de um Escândalo e Vidas Passadas possuem ótimos textos, quem corre por fora aqui e pode surpreender é Os Rejeitados.
- Os Rejeitados
- Maestro
- Anatomia de uma Queda
- Segredos de um Escândalo
- Vidas Passadas
Melhor Ator Coadjuvante
A Academia há muito gosta de premiar certos atores por um papel quando na verdade estão indiretamente premiando-os mais por sua carreira do que pelo papel em si. Jamie Lee Curtis, no ano passado, vencendo por Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo é o exemplo mais recente disso.
Dessa vez, quem cumpre o requisito é Robert Downey Jr., que mesmo em um papel decente em um dos filmes do ano, é alavancado por seu nome presente há decadas na indústria (sendo o rosto de franquias bilionárias da Marvel) e pela narrativa de superação após o ator ter tido problemas com drogas que quase acabaram com sua carreira no começo dos anos 2000.
- Sterling K. Brown, por Ficção Americana
- Robert De Niro, por Assassinos da Lua das Flores
- Robert Downey Jr., por Oppenheimer
- Ryan Gosling, por Barbie
- Mark Ruffalo, por Pobres Criaturas
Melhor Atriz Coadjuvante
Há algumas categorias que se tornam progressivamente mais claras ao longo da corrida. Nesta temporada, a categoria de melhor atriz coadjuvante é uma das que pareciam mais abertas até os prêmios televisionados começarem a serem entregues e Da’Vine Joy Randolph rapar todos os prêmios aos quais estava indicada.
Danielle Brooks faz um trabalho fantástico em A Cor Púrpura e a hora de Emily Blunt ainda vai chegar, mas quem deve continuar conquistando o apreço e o coração dos votantes é o rico e sutil trabalho de Da’Vine em Os Rejeitados, que traz uma personagem lidando com os diferentes estágios do luto enquanto forja uma bela amizade improvável com os protagonistas masculinos do longa.
- Emily Blunt, por Oppenheimer
- Danielle Brooks, por A Cor Púrpura
- America Ferrera, por Barbie
- Jodie Foster, por Nyad
- Da’Vine Joy Randolph, por Os Rejeitados
Melhor Ator
O amasso do longa do criador da bomba continua nas categorias de atuação com Murphy, em sua 1ª indicação, já despontando como provável vencedor contra os experientes Paul Giamatti – excepcional no papel e merecedor de mais destaque – e Bradley Cooper – que nem deveria estar aqui.
De fato, não foram brilhantes somente os olhos azuis de Cillian em primeiro plano por boa parte de Oppenheimer, mas as formas com que o ator captou o peso que o personagem suportou ao longo da trajetória pré-guerra e, principalmente, os traumas desenvolvidos após o lançamento da bomba.
- Paul Giamatti, por Os Rejeitados
- Cillian Murphy, por Oppenheimer
- Jeffrey Wright, por Ficção Americana
- Bradley Cooper, por Maestro
- Colman Domingo, por Rustin
Melhor Atriz
Talvez a categoria mais acirrada entre as principais, o prêmio de Melhor Atriz consiste em uma briga ferrenha entre Emma Stone e Lily Gladstone. De um lado, temos Gladstone, cujo papel inicial em Assassinos da Lua das Flores era apenas uma coadjuvante com poucas falas mas que, durante o processo de co-criação do filme com o diretor Martin Scorsese, se tornou bastante expansivo e contribuiu para o senso de reparação histórica que o longa propõe trazer para a população indígena dos Osage.
Do outro lado, Stone encarna Bella Baxter em Pobres Criaturas, um papel cheio de potencial que parece um material perfeito para a categoria de Melhor Atriz. Stone, colaborando com o diretor Yorgos Lanthimos novamente após A Favorita, ataca o papel com ferocidade e maestria. O que pode pesar contra sua vitória é o fato de que a atriz já tem um Oscar na última década, por sua performance em La La Land.
- Annette Bening, por Nyad
- Lily Gladstone, por Assassinos da Lua das Flores
- Sandra Hüller, por Anatomia de Uma Queda
- Carey Mulligan, por Maestro
- Emma Stone, por Pobres Criaturas
Melhor Diretor
Em uma seleção bastante forte este ano, foi notável a omissão de Greta Gerwig por comandar o mundo cor-de-rosa de Barbie. Se sua falta serviu de algo aqui, foi para abrir caminho e consolidar a vitória de Christopher Nolan por Oppenheimer.
Nolan vem há alguns anos consistentemente entregando filmes sérios e aclamados pela crítica. Defensor do formato cinematográfico, o diretor tem feito um esforço consciente para levar o público aos cinemas com longas que possuem o fator ‘uau’ das telonas. Com a biografia eletrizante do pai da bomba atômica, Nolan parece ter alcançado um novo patamar de sucesso e tudo indica que sua vez de ser reconhecido pelo Oscar finalmente chegou.
- Martin Scorsese, por Assassinos da Lua das Flores
- Christopher Nolan, por Oppenheimer
- Yorgos Lanthimos, por Pobres Criaturas
- Jonathan Glazer, por Zona de Interesse
- Justine Triet, por Anatomia de Uma Queda
Melhor Filme
Antes de finalizar, temos que contestar certas escolhas classificadas entre os “10 melhores” – como em todo ano, infelizmente. Maestro e Ficção Americana poderiam tranquilamente dar lugar a O Menino e a Garça, ou Homem Aranha: Através do Aranhaverso, ou Segredos de um Escândalo, ou vários outros esnobados. Feito isto, seria um dos apanhados mais fortes do século na categoria.
Porém, vamos à realidade: Oppenheimer vai fechar com chave de ouro o arrastão da noite, com certa tranquilidade. Nolan enfim vai passar “apenas” de queridinho do público para ser bem cotado também na Academia, derrotando uma das obras mais potentes de Scorsese e talvez a única capaz de ameaçar essa estatueta.
Novamente, o prêmio deve ser mais pelo conjunto da obra e pelas campanhas de marketing impulsionadas pela “rivalidade” com Barbie do que pelo projeto apenas. É válido, é do jogo. Justo? Vai de cada um.
- Ficção Americana
- Pobres Criaturas
- Zona de Interesse
- Anatomia de Uma Queda
- Assassinos da Lua das Flores
- Maestro
- Barbie
- Os Rejeitados
- Oppenheimer
- Vidas Passadas