Oscar 2024: Prevendo os vencedores – Parte 1

06/03/2024 - POSTADO POR and EM Filmes E Oscar

O último ano foi desafiador para o cinema. Marcado por greves e adiamentos, 2023 trouxe momentos de incerteza para o futuro da sétima arte, mas os sindicatos dos artistas norte-americanos conquistaram vitórias históricas e a indústria retomou os trabalhos a todo o vapor. 

A atual temporada de premiações tem alguns concorrentes a menos após o tumulto dos últimos meses, mas ainda temos uma seleção interessante e algumas possíveis surpresas no caminho. Aqui no Roteiro Nerd, você confere as nossas tradicionais apostas para os vencedores do Oscar, que este ano ocorre no dia 10 de março.

A lista será dividida em duas partes. Nesta primeira matéria vamos abordar as categorias mais técnicas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, incluindo som, figurino e fotografia. Os prêmios mais cobiçados serão abordados na Parte 2. Simbora!

Melhor Canção Original

Imagem: Divulgação

Talvez o evento cinematográfico mais marcante de 2023, o lançamento simultâneo de Barbie e Oppenheimer foi um sucesso estrondoso para ambos os filmes. Quando se trata do embate Barbenheimer no Oscar, entretanto, o cenário é um pouco diferente.

Enquanto o filme de Christopher Nolan deve angariar algumas estatuetas no dia 10, Barbie parece estar morrendo na praia e a essa altura tem suas melhores chances nesta categoria de Melhor Canção Original.  Os duos de Mark Ronson e Billie Eilish vem se revezando como vencedores nas premiações da temporada, mas Billie sai na frente com a música viral “What Was I Made For?“, que representa o clímax emocional do filme e deve conquistar a segunda estatueta para a jovem artista.

  • “It Never Went Away”, Jon Batiste – American Symphony
  • “I’m Just Ken”, Mark Ronson e Andrew Wyatt – Barbie
  • “What Was I Made For?”, Billie Eilish e Finneas – Barbie
  • “The Fire Inside”, Diane Warren – Flamin’ Hot
  • “Wahzhazhe (A Song For My People)”, Osage Tribal Singers – Assassinos da Lua das Flores

Melhor Trilha Sonora Original

Ludwig Göransson já tem praticamente o seu nome escrito na estatueta de Melhor Trilha Sonora Original nesta edição do Oscar. Tendo levado anteriormente o prêmio por Pantera Negra em 2019, o compositor retorna para trabalhar com Christopher Nolan após Tenet e traz um tema intenso e majestoso para Oppenheimer.

Colecionando o Globo de Ouro, o BAFTA e o Grammy por seu trabalho no filme do criador da bomba atômica, Göransson deve levar também o Oscar. Quem chega mais perto de oferecer algum perigo é a trilha de Assassinos da Lua das Flores composta Robbie Robertson, colaborador de longa data de Martin Scorsese e cuja possível vitória na categoria seria póstuma.

  • Laura Karpman – American Fiction
  • John Williams – Indiana Jones e a Relíquia do Destino
  • Robbie Robertson – Assassinos da Lua das Flores
  • Ludwig Göransson – Oppenheimer
  • Jerskin Fendrix – Pobres criaturas

Melhores Efeitos Visuais

Imagem: Divulgação

A composição nessa disputa já é, por si só, histórica. Pela 1ª vez, um filme do Godzilla foi indicado ao Oscar, quebrando mais uma barreira na premiação. E as chances para o lagarto radioativo levar a estatueta são de fato boas.

Takashi Yamazaki não só dirigiu como também supervisionou os trabalhos de VFX. Para um longa que custou apenas $ 15 milhões de dólares, os feitos técnicos são impressionantes. A qualidade das sequências marítimas, principalmente pela dificuldade em simular os movimentos da água junto ao do monstro, levam o trabalho a outro patamar.

Na dianteira, A Resistência levou o prêmio da Sociedade de Efeitos Visuais (VES) e se consolida como favorito, com méritos de uma ficção que integrou com naturalidade elementos androides em seus personagens, além de uma escala épica em cenas de guerra que não deixaram a desejar no quesito visual.

Nossa aposta aqui fica com A Resistência, embora uma vitória surpresa de Godzilla faria a comunidade sci-fi mais feliz.

  • Resistência
  • Godzilla Minus One
  • Guardiões da Galáxia Vol. 3
  • Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte Um
  • Napoleão

Melhor Fotografia

Difícil arrancar o prêmio do neerlandês van Hoytema pela parceria com Nolan aqui. Para o trabalho em Oppenheimer, foi necessário criar uma nova câmera IMAX para gravar em preto e branco, elemento importante na narrativa do longa. 

Poderia haver argumentos de que isso é mais influência marketeira do que mérito técnico da equipe, mas não há dúvidas da qualidade na fotografia do drama biográfico do ano.

  • Hoyte van Hoytema – Oppenheimer
  • Matthew Libatique – Maestro
  • Rodrigo Prieto – Assassinos da Lua das Flores
  • Robbie Ryan – Pobres criaturas
  • Edward Lachman – El Conde

Melhor Documentário

Imagem: Divulgação

Nas últimas edições, a Academia tem capitalizado os temas nesta categoria para passar uma mensagem progressista e dar espaço para causas mais nobres. Embora por vezes o aspecto estilístico passe longe das qualidades buscadas nos vencedores, é inegável que o teor de seus textos impacta.

Dessa vez, três dos indicados contém subtextos políticos e, pela crise global instaurada há mais de dois anos, os holofotes sobre a Guerra da Ucrânia continuam, ainda mais após a morte recente do opositor de Putin, Alexei Navalny, protagonista do documentário ganhador em 2023.

Portanto, 20 Days in Mariupol é favorito aqui mais pelo retrato imersiva da luta constante contra a invasão russa.

  • Bobi Wine: The People’s President
  • The Eternal Memory
  • Four Daughters
  • To Kill a Tiger
  • 20 Days in Mariupol

Melhor Design de Produção

Barbie e Pobres Criaturas travam uma boa briga aqui. Enquanto o mundo da boneca superstar já tinha bases bem estabelecidas para adaptação em larga escala, a equipe de Pobres Criaturas teve um trabalho mais complicado ao trazer a obra de Alasdair Gray para a telona.

Com sequências nababescas e cheias de cores expostas através das incomuns lentes de Yorgos Lanthimos e de Robbie Ryan, Pobres Criaturas merece o Oscar pela inventividade em criar um mundo único para uma história tão maluca.

  • Barbie
  • Assassinos da Lua das Flores
  • Napoleão
  • Oppenheimer
  • Pobres Criaturas

Melhor Figurino

Imagem: Divulgação

A disputa aqui está acirrada entre Pobres Criaturas e Barbie. De um lado, Barbie recria figurinos icônicos de diferentes gerações da boneca da Mattel, cuja campanha do filme foi além da tela e de forma inteligente incluiu Margot Robbie e até Billie Eilish utilizando looks diretamente inspirados na boneca em tapetes vermelhos e premiações em geral. Jacqueline Durran, responsável pelos figurinos, já possui duas estatuetas – por Anna Karenina, em 2013, e Adoráveis Mulheres, em 2020.

Do outro lado, quem vem ganhando força é Pobres Criaturas, cujo figurino contribui para o tom rebelde e surrealista do filme. O balanço entre extravagância e sutileza do trabalho de Holly Waddington lhe rendeu o prêmio de melhor figurino no BAFTA e melhor figurino de época no prêmio do sindicato dos figurinistas. Um fato curioso é que esta é a primeira indicação ao Oscar de Holly, que no passado trabalhou como assistente de Jacqueline. Ao que parece, a aprendiz pode finalmente superar a mestre.

  • Jacqueline Durran – Barbie
  • Jacqueline West – Assassinos da Lua das Flores
  • Holly Waddington – Pobres Criaturas
  • Janty Yates e Dave Crossman – Napoleão
  • Ellen Mirojnick – Oppenheimer

Melhor Documentário em Curta-metragem

Historicamente, as categorias de curta-metragem, especialmente documentário em curta-metragem, tendem a premiar obras que tanto sejam de fácil acesso quanto tenham relevância social para a sociedade no ano da premiação.

The ABCs of Book Banning explora a censura de livros no currículo escolar do ponto de vista das crianças, que oferecem suas opiniões sobre livros banidos em algumas áreas dos Estados Unidos. Desmistificando um assunto em alta e de forte teor político, a produção é a favorita ao Oscar. Oferecem algum risco The Last Repair Shop, cujo diretor venceu a categoria em 2022, e Nǎi Nai & Wài Pó, disponível no Disney+ como Vovó e Avô.

  • The ABCs of Book Banning
  • The Barber of Little Rock
  • Island in Between
  • The Last Repair Shop
  • Nǎi Nai & Wài Pó

Melhor Curta-Metragem

Imagem: Divulgação

Quem leva a vantagem aqui, por um conjunto de motivos, é A Incrível História de Henry Sugar, dirigido por Wes Anderson. Um dos 4 curtas-metragem do diretor lançados pela Netflix ano passado, o prêmio seria uma forma de finalmente reconhecer o estiloso cineasta de O Grande Hotel Budapeste e Moonrise Kingdom com o seu primeiro Oscar. Facilita que o curta em questão tenha um elenco de peso, incluindo Benedict Cumberbatch, Ben Kingsley e Ralph Fiennes.

  • The After
  • Invincible
  • Knight of Fortune
  • Red, White and Blue
  • A Incrível História de Henry Sugar

Melhor Curta em Animação

A disputa aqui parece estar entre a popularidade e a emotividade. De um lado, War Is Over! Inspired by the Music of John & Yoko, comandado por um ex-funcionário da Pixar, é inspirado na música icônica de John Lennon e traz paralelos interessantes sobre a guerra.

De outro lado, Letter to a Pig aborda os impactos da guerra partindo de uma sobrevivente do Holocausto que escreve uma carta para agradecer ao porco que salvou sua vida. A produção venceu o grande prêmio do festival Animation Is Film.

  • Letter to a Pig
  • Ninety-Five Senses
  • Our Uniform
  • Pachyderme
  • War Is Over! Inspired by the Music of John & Yoko

Melhor Maquiagem e Cabelo

Imagem: Divulgação

Maquiagens que transformam atores em personagens totalmente diferentes caminham uma linha tênue entre exibicionismo caricato e complementos genuínos. Por vezes referidas como muletas, as próteses mais marcantes desse ano talvez possam ser vistas em Bradley Cooper e sua transformação em Leonard Bernstein para o longa Maestro.

Colocando a questão de mérito da atuação de lado, é difícil contestar o valor técnico da maquiagem de Kazu Hiro, que já venceu o Oscar por O Destino de uma Nação em 2018 e O Escândalo em 2020, e cujo trabalho em Maestro transformou Cooper em Bernstein através de múltiplos estágios da vida do compositor.

Quem ameaça tirar a estatueta de Maestro é Pobres Criaturas, que também traz um trabalho marcante com próteses no personagem de Willem Dafoe, que interpreta um cientista que possui um rosto deformado. Segundo relatos do set de gravações, o time de maquiagem levava até seis horas diárias para preparar o ator para as câmeras.

  • Golda
  • Maestro
  • Oppenheimer
  • Pobres Criaturas
  • Sociedade da Neve

Melhor Som

Curioso que, como de costume, filmes de guerra são os mais cotados a levar o prêmio nesta categoria novamente. Porém, os dois não poderiam ser mais diferentes. Oppenheimer aproveita o conflito interno de seu protagonista para explorar elementos sonoros que dificilmente se encaixam em um drama biográfico convencional. Sem falar na potência da cena do teste da Trinity junto à marcante trilha de Ludwig Goransson.

Por outro lado, A Zona de Interesse tem no distante som ambiente seu maior mérito. Através do dia a dia de uma família nazista morando ao lado do maior campo de extermínio de judeus, somos jogados à uma realidade “tranquila” em uma bela casa com sons de fundo nada reconfortantes. Uma execução detalhista e perturbadora pela maneira com que Glazer resolve manipular a imagem em contraste com nossos ouvidos.

Pela onda do hype por um arrastão técnico, o filme de Nolan deve garantir mais uma estatueta na noite.

  • Resistência
  • Maestro
  • Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte Um
  • Oppenheimer
  • Zona de interesse

Imagem: Divulgação