Veredito de Sweet Tooth

09/06/2021 - POSTADO POR EM Séries

A adaptação dos quadrinhos homônimos criados por Jeff Lemire acaba de chegar ao catálogo da Netflix. Sweet Tooth é uma série de fantasia distópica bem diferente do que estamos acostumados, parecendo uma mistura de The Umbrella Academy (2019 -) com Stranger Things (2016 -). E ainda conta com Robert Downey Jr. e sua esposa, Susan Downey, como produtores executivos. Ficou curioso? Então confere nosso veredito!

Híbridos

Em um cenário apocalíptico denominado “Flagelo”, onde uma parte da população contraiu um vírus mortal, começam a nascer bebês híbridos, sendo parte humana e parte animal. O evento levou a um colapso da humanidade, com a substituição da vida moderna por organizações parecidas com tribos ou vilarejos.

Gus (Christian Convery) é um desses bebês híbridos, que cresceu isolado dentro de uma floresta com seu pai (Will Forte). O doce menino é um misto de humano e cervo e precisou aprender desde cedo que existiam regras para sua proteção, como jamais passar a cerca que delimitava a área onde os dois moravam.

O pai de Gus fez de tudo para protegê-lo de pessoas que caçavam híbridos durante 10 anos, porém ele acabou sendo morto justamente para evitar que acontecesse algo ao garoto. Após a sua morte, Gus conhece Jepperd (Nonso Anozie), ou como é chamado pelo menino Big Guy, um homem solitário e misterioso com quem ele cria uma grande afeição e decide viajar junto. Esse novo parceiro o apelida de Bico Doce, pois a criança é apaixonada por doces.

Imagem: Divulgação

A adaptação

Sweet Tooth é uma série de quarenta quadrinhos, que foram lançados entre 2009 e 2013 pela Vertigo, selo da DC Comics com títulos voltados para o público adulto. Em 2010, a HQ foi indicada ao Prêmio Eisner, premiação mais importante do mundo dos quadrinhos, na categoria de Melhor Nova Série e em 2012 na categoria de Melhor Escritor.

A adaptação foi bem fiel, apesar de algumas diferenças consideráveis, a primeira delas está no tom da série. A Netflix nos apresenta um mundo com um visual “fofinho” e simpático, completamente diferente da visão sombria da HQ. Porém, o que poderia ter sido um fiasco se tornou um diferencial e um convite para quem ainda não conhecia o título. Apesar dessa fofura, existem inúmeros momentos que se contrapõem à estética. 

Nem todos os personagens apresentados no seriado existem nos quadrinhos, como é o caso de Birdie (Amy Seimetz). E também os motivos pelos quais Gus decide acompanhar Jepperd em sua viagem são completamente diferentes do original, mas são bastante críveis em ambos os roteiros. Ainda sobre o Big Guy, existem pequenas diferenças no passado do personagem e na personalidade dele.

Imagem: Divulgação

Veredito

Essa é uma daquelas histórias que imaginamos que jamais será adaptada, principalmente por conta da construção visual. Porém, desde que foram apresentadas as primeiras fotos, o pequeno público que conhecia a HQ começou a ficar ansioso e animado, já que a equipe de maquiagem, por exemplo, tinha feito um trabalho extraordinário. Quem imaginaria que um garoto-cervo poderia ser fofinho e, ao mesmo tempo, ter um semblante capaz de conquistar o público?

A mudança no tom da HQ pode ocasionar uma pequena confusão, já que quem vê o cartaz da Netflix pode pensar que esta é uma série voltada para o público infantil, mas logo nos primeiros minutos vemos que não é bem assim. Aliás, durante o decorrer da história vemos cenas de violência ou com diálogos fortíssimos, capazes de levar muitos adultos às lágrimas. Portanto, fica um aviso: não assista junto de crianças.

O roteiro da série é muito bem-adaptado, além de ser fluido. A decisão acertada de ter um narrador nos dá a impressão de que realmente estamos vendo aquilo que, por mais louco que seja, está sendo mostrado na tela. Além disso, os diálogos são interessantes e vão dando pistas para que o espectador vá montando suas hipóteses sobre o que irá acontecer. 

Outro ponto que chama a atenção é a trilha sonora. Esta utiliza uma música da banda Of Monsters And Man, que ajuda a compor a atmosfera lúdica da série.

Pontos positivos

  • Narrativa fluida
  • Boa adaptação
  • Visual bem feito
  • Roteiro bem executado

Pontos negativos

  • A série tem oito episódios e merecia mais um para ter uma conclusão melhor trabalhada

NOTA: 10