Veredito de Mestres do Universo: Salvando Eternia – Parte 1

27/07/2021 - POSTADO POR EM Séries

Pelos poderes de Grayskull, e da nostalgia dos fãs, o campeão de Eternia ganhou mais uma animação. Mestres do Universo: Salvando Eternia é uma produção da Netflix que dá continuidade às aventuras do Príncipe Adam e seu alter ego musculoso, He-Man

Produzida pelo cineasta nerd Kevin Smith e com atores famosos na dublagem, a primeira parte da série foi lançada com cinco episódios e um aftershow. Conferimos a nova animação de He-Man para ver se ela tem “a força” ou não.

Um combate de estremecer o universo

O tão esperado embate entre He-Man (Chris Wood) e Esqueleto (Mark Hamill) acontece, após o vilão invadir o castelo de Grayskull para usufruir de seu poder e se tornar um Mestre do Universo. Porém, a luta entre os dois gera um resultado desastroso para Eternia, uma vez que a destruição da espada de Grayskull durante o combate causa redução na magia em todo o universo.

Anos se passam e cabe agora a Teela (Sarah Michelle Gellar), que renegou seu passado como capitã da guarda real para viver como mercenária, restaurar a mágica de Eternia. Com ajuda de sua companheira Andra (Tiffany Smith), Teela reúne antigos heróis e antagonistas para restabelecer a magia e salvar o planeta.

Imagem: Divulgação

Nós temos a força!

A grande característica da série é o amadurecimento da trama. Se antes as produções anteriores pautavam mais pelo lado ação e aventura procedural, temperada com alívio cômico e frases motivacionais, Salvando Eternia não quis ficar preso a essa fórmula e acrescentou diálogos dramáticos, combates mais intensos, trilha sonora épica e aprofundamento das personalidades de heróis e vilões

E todos os personagens ganham nesse último aspecto. Como exemplo, podemos ver Teela protagonizando a série e fazendo uso não apenas de sua força, mas também de seus dramas pessoais no decorrer de sua jornada. Já Maligna (Lena Headey), vilã até no nome, passa a questionar seu propósito após refletir sobre o fim da magia no universo. 

São evoluções que dão mais seriedade ao enredo, o que garante uma identidade própria e original, muito distante de ser apenas uma propaganda de brinquedos – a gênese da franquia. E podemos saber melhor sobre personagens como Homem-Fera (Kevin Michael Richardson), Gato Guerreiro (Stephen Root), Gorpo (Griffin Newman) e Duncan, o Mentor (Liam Cunningham).

Imagem: Divulgação

E o visual?

Diferente do modelo utilizado na animação dos anos 80, onde os personagens tinham um desenho travado e defasado, Salvando Eternia apresenta um casamento de duas qualidades: modernização dos traços aliado ao apelo vintage das antigas ilustrações de fantasia, inspirado talvez nas ilustrações de Frank Frazetta e nas HQs Heavy Metal. 

Agora temos uma diferenciação mais visível entre Príncipe Adam e He-Man; o primeiro mais franzino, e o outro, mais brucutu. Mantendo o nível de testosterona lá no alto, os demais personagens (qualquer um que seja) tem aspecto físico musculoso ou atlético

Mas é nos musculosos que os traços, em alguns momentos da animação, cometem erros perceptíveis na anatomia dos corpos, o que padece de uma atenção maior nesse quesito.

Imagem: Divulgação

He-Man sem He-Man?

Após o embate ocorrido no primeiro episódio, nos demais o protagonismo é de Teela. Tida como uma personagem coadjuvante em outras animações (em 1983, 1989 e 2002), ela é o foco da ação e condutora da trama. Ainda que a decisão seja ousada, percebemos que a falta do herói principal não causa danos à história. Ela consegue funcionar sem ele.

He-Man de personagem torna-se objetivo. E para alcançá-lo, vemos uma reorganização da equipe de heróis e até parte dos vilões unidos nesse interesse comum, importante para ambos os lados. A vida pós-desastre no Castelo de Grayskull torna-se difícil, com habitantes perecendo com a escassez da magia e o surgimento de uma seita que quer impor a tecnologia no planeta, liderada por Tri-Klops (Henry Rollins). 

Percebe-se que, mesmo com essas decisões da produção, a série não é sisuda e nem extremamente dramática. Consegue ser ágil e envolvente na aventura e permite ser engraçada em momentos pontuais. Entretanto, resquícios do tom ingênuo da série oitentista aparecem em outras ocasiões: frases afetadas e canastronas são mostradas eventualmente. 

Imagem: Divulgação

Veredito

Mestres do Universo: Salvando Eternia faz justiça em distribuir protagonismo em personagens antes vistos como coadjuvantes. Engrandece a história com amadurecimento no roteiro, sem perder a empolgação nas aventuras. Mesmo apressada, por ser a primeira parte da primeira temporada, consegue fechar seu arco narrativo com um ótimo (e inesperado) gancho

Porém, peca em diálogos ora afetados, ora canastrões, além da falta de foco em traços simples de anatomia. Além do reforço no roteiro e dublagem (versão americana), é de se destacar a bela identidade visual dos cenários e a trilha sonora imponente. Moderniza atualizando seu passado, sem se render totalmente à estética oitentista.

Pontos positivos

  • Modernização da trilha sonora, visual e enredo
  • Roteiro mais generoso no desenvolvimento dos personagens
  • Ousadia e criatividade na construção da trama principal

Pontos negativos

  • Dublagem brasileira é monótona em alguns personagens
  • Personagens musculosos carecem de um pouco mais de atenção na anatomia
  • Eventuais canastrices nos diálogos

NOTA: 8,5