Ginny e Georgia é uma série norte-americana da Netflix e a estreia de Sarah Lampert como produtora e escritora. Em sua primeira temporada, foram encomendados 10 episódios, com uma média de 55 minutos de duração. Focado na relação entre duas mulheres completamente diferentes, o Roteiro Nerd decidiu trazer o veredito da série, sem spoilers, neste Dia da Mulher.

Nascida e não criada

Virginia “Ginny” Muller (Antonia Gentry) é a filha mais velha de Georgia Muller (Brianne Howey), e a sua relação com a mãe é complicada, para dizer o mínimo. A garota se acha muito madura, com seus 15 anos, diferente de quem a cria, que com seus 30 anos mais parece uma adolescente brincando de boneca com seus dois filhos.

Após Georgia se tornar viúva de um velho rico, ela, Ginny e Austin (Diesel La Torraca) – o caçula -, se mudam, novamente, de cidade, dessa vez para o interior de Massachusetts. Tudo parece bem perfeito, mas Ginny já viu esse roteiro, afinal, a mãe não consegue criar raízes por muito tempo num lugar, por isso não há nada de empolgante em ser a quinta vez “a garota novata” da escola. Mas algo parece realmente diferente naquela cidade, porque ela parece se encaixar pela primeira vez.

Enquanto isso, Georgia está mesmo focada em dar certo dessa vez e já bolou um plano para que isso aconteça: conseguir um emprego na prefeitura é o primeiro passo, o segundo é agarrar o prefeito solteirão da cidade. Só que ela encontra um problema no caminho, pois a ex-esposa de seu finado marido está contestando o testamento, e isso faz com que a viúva tenha que utilizar métodos de um passado que ela já tentou deixar para trás várias vezes.

A árvore e a maçã

Georgia nasceu no sul dos Estados Unidos, veio de um lar abusivo e fugiu de casa aos 14 anos. Para que não tivesse que sofrer de um futuro pior do que seu presente, ela fez de tudo o que se pode imaginar para sobreviver. Acontece que pouco depois disso a garota se apaixona por Zion (Nathan Mitchell), o pai de Ginny, e engravida aos 15 anos. A partir dali, Georgia teve que se preocupar também em cuidar de sua filha.

Enquanto isso, Ginny é uma garota mestiça, nascida de um pai negro e uma mãe branca, que além de viver se mudando, não consegue se sentir bem-vinda em nenhum grupo por conta da cor da sua pele. Além disso, ela também é comparada constantemente à mãe, de diversas formas, tanto em aparência quanto na personalidade cativante, mas que ela julga ser apenas uma máscara. Isso cria na garota uma série de conflitos e ansiedade, e tudo parece ser descontado em Georgia.

Ambas as mulheres acabam sendo muito semelhantes, o que elas mesmo reconhecem. Principalmente no departamento amoroso. Ginny é tão confusa com o que fazer a respeito de garotos pois tenta ao máximo não repetir os erros da mãe, o que gera uma confusão maior ainda para uma adolescente suportar. Enquanto Georgia, vai encantando quem aparecer no seu caminho, focada em um objetivo, e utilizando sua beleza como uma arma, mesmo que a armadilha de voltar para os braços de Zion esteja sempre à espreita.

Veredito

A série também narra uma parte da adolescência de Georgia, que com a mesma idade da filha, teve que amadurecer bastante e utilizar realmente de métodos nada ortodoxos para sobreviver: estelionato, homicídio, roubo. Tudo isso para não depender de mais ninguém além dela mesma, a pessoa em que mais confia, para cuidar de seus filhos.

O ponto de vista de Ginny também deve ser levado em consideração, já que a jovem é forçada a crescer diversas vezes na história juntamente com outros personagens. Mesmo que várias vezes a série peque no formato do roteiro, e não levando adiante uma profundidade que o tema gera, ou até mesmo pela falta de maturidade dos atores para diversas cenas.

Outros personagens também induzem quem assiste a diversas reflexões, mesmo que de forma sutil, sobre temas como: representatividade, pressão estudantil, porte de armas, divórcio parental, liberação da maconha. Fazendo com que a série se torne relevante e atual de diversas maneiras, focadas pelo ponto de vista de duas mulheres completamente diferentes à primeira vista, mas que se unem não apenas no laço familiar, mas na força feminina.

Pontos positivos

• Debate de assuntos polêmicos
• Protagonismo Feminino
• Representatividade

Pontos negativos

• Fragilidade de atuação e roteiro

NOTA: 9