O Gambito da Rainha é uma minissérie de sete episódios da Netflix, desenvolvida por Scott Frank e Allan Scott e baseada no livro de Walter Stone Tevis, de 1983. O autor e contista americano também já teve outros títulos adaptados em formato de filmes, tais como A Cor do Dinheiro (1986) e O Homem que Caiu na Terra (1963). A série estreou completa recentemente e nós do Roteiro Nerd decidimos trazer nosso veredito.

É importante explicar uma curiosidade sobre o título, que se baseia em uma jogada do xadrez. “Gambito da Rainha” é um movimento do jogo que consiste em iniciar seu lance movendo o peão posicionado na frente da rainha no tabuleiro.

A abertura da rainha

A história conta a vida de Elisabeth Harmon (Anya Taylor-Joy), uma órfã que é prodígio no xadrez, e toda a sua realidade entre campeonatos e títulos, enquanto sofre com vícios e dificuldades de socialização. Apenas o jogo funciona como sua principal fonte de solidez durante grande parte da sua existência.

Aos nove anos, Beth é encaminhada até um orfanato feminino católico, logo após perder sua mãe em um acidente de carro. Ela parece bastante perdida e sem perspectivas, até conhecer o tabuleiro de xadrez e suas peças através do zelador da instituição, Mr. Shaibel (Bill Camp), que passa a ensinar à garota táticas e jogadas avançadas como passatempo. 

Durante seu tempo no orfanato Beth faz amizade com um de suas colegas, Jolene (Moses Ingram), mas também, para esquecer os pesadelos que possui com a mãe, passa a se drogar enquanto desenvolve jogadas de xadrez. O vício e as partidas do jogo passam a avançar de maneira conjunta, e devido a um erro da garota, ela perde os dois simultaneamente, por um tempo.

Anos se passam, e a garota é finalmente adotada, aos quinze anos, por um estranho casal. Alma Weathley (Marielle Heller), é uma típica dona de casa que passa muito tempo sozinha, e seu marido, Allston Weathley (Patrick Kennedy), é um homem negligente que está sempre viajando a trabalho, e acredita que tudo o que a esposa precisa é de companhia. Livre da sua punição, a Elisabeth volta ao mundo do xadrez, através de campeonatos, assim como para o das drogas.

A imagem da vitória

A série é muito bem produzida, passando várias mensagens durante seus episódios. Por se passar em grande parte no final dos anos 60, a história transita durante momentos marcantes da história, como a Guerra Fria entre EUA e União Soviética e a Revolução Cultural que o país viveu na época, com movimentos sociais sobre liberdade de gênero, sexual e luta pelos direitos civis.

O protagonismo de Beth é o maior exemplo a ser apontado de independência feminina. Uma personagem com personalidade forte, que questiona, decidida e que sofre, mas da sua própria maneira. E ela também usufrui de liberdade sexual, tendo a autonomia de se relacionar com diversas pessoas.

Outro ponto que a história passa para quem a assiste é sobre preço que a vitória pode trazer e que mesmo um prodígio não está isento de complicações. Traumas e perdas parecem seguir Beth por toda a sua vida, e para alguém que possui dificuldades de sentir empatia, é algo problemático, o que é perfeitamente adaptado na produção.

Veredito

Os personagens apresentados em O Gambito da Rainha possuem um papel claro na vida de Beth ao longo dos anos, e todos eles conservam um motivo para estarem presentes, como em um tabuleiro de xadrez. Anya Taylor-Joy como protagonista carrega um carisma fascinante em todas as cenas, atuando como uma verdadeira rainha.

Mesmo com essas características positivas ainda existem problemas no roteiro, que corre para resolver algumas questões que são apresentadas na história desde o início. O último episódio, em especial, parece sofrer mais com essa problemática, mas mesmo assim consegue manter um final coerente. No geral, para quem não leu o livro, a série é sim uma ótima recomendação, principalmente para quem é fã do jogo de xadrez.

Pontos positivos

• Trilha Sonora
• Personagens
• Direção
• Figurino

Pontos negativos

• Furos de Roteiro
• Corrida com o Final

NOTA: 9