Veredito da 4ª temporada de Succession (com spoilers)

04/06/2023 - POSTADO POR EM Séries

A trajetória da família Roy foi definida. A 4ª e última temporada de Succession, criada e finalizada pela HBO no fim de maio, resolveu a indefinição da talvez maior disputa nepótica da história das séries de TV. Saiba agora o que achamos da conclusão dessa treta familiar.

ATENÇÃO! O TEXTO A SEGUIR CONTÉM SPOILERS DA TEMPORADA FINAL DE SUCCESSION.

Príncipes ou peões?

Após a tentativa falha de barrar as negociações de compra da Waystar Royco pela empresa de tecnologia GoJo, do sueco Lukas Matsson (Alexander Skarsgård), o trio de irmãos Roy precisa realinhar suas táticas para que o pai, Logan (Brian Cox), não abra mão do conglomerado de comunicações por alguns bilhões de dólares.

Porém, logo no 3º episódio, a batalha interna é forçada a parar e o jogo vira de ponta-cabeça com a repentina morte do chefe da família e principal figura antagônica da série. 

O fato redimensiona toda a dinâmica da trama, já que enfim podemos acompanhar os métodos de condução empresariais que Kendall (Jeremy Strong) e Roman (Kieran Culkin) tanto almejavam como chefes, com Shiv (Sarah Snook) – nada satisfeita de ficar em terceiro plano – começando a articular a favor de Mattson.

Imagem: Divulgação

Impulso necessário

Succession sempre manteve um clima de panela de pressão, em que cada movimento era desenhado diversas vezes até de fato ser concretizado. Esse ritmo de cozimento lento afastava parte do público, principalmente nas temporadas 1 e 2, quando o criador Jesse Armstrong ainda arrumava a mesa para o grande jantar de família.

Porém, nesses sete capítulos derradeiros, todas as ansiedades acumuladas extravasaram com a intensidade esperada. Desde a crise no casamento de Shiv à canalhice do agora poderoso Roman, qualquer deslize poderia acarretar em traições ou em troca de favores para facilitar a venda da empresa, fechando o parque de diversões dos nepo babies. 

Afinal, se um dos irmãos não pode ter algo, nenhum dos outros também poderá. Esses egocentrismos geraram birras que, antes encapsuladas na esfera familiar, passaram a impactar o mercado midiático nacional. 

O episódio da eleição é a culminância da queda de braço alimentada pela inveja entre os irmãos. Eles não se importam se o caos for instaurado mundialmente e milhões de pessoas morram. Basta a chupeta não sair da boca deles.

A escolha dos roteiristas por vender a empresa depois de um bate-boca monumental e entregar o sub-comando para Tom (Matthew Macfadyen), marido de Shiv e babão de bilionários, foi a cereja da torta de climão.

Imagem: Divulgação

Opinião da linha de frente

Jeremy Strong afirmou, em entrevista ao podcast oficial da série da HBO, que a história terminou como uma completa tragédia.

“Carl Jung disse que ‘quando o amor é ausente, o poder ocupa o espaço’ e, para mim, a série sempre foi sobre isso. É algo que poderia ter salvado os personagens. O vórtex que os puxa, e também a nós, como uma nação, é um perigo presente”, falou o intérprete do ex-CEO.

Essa dificuldade de “salvação” é reiterada por Mark Mylod, produtor executivo e um dos diretores da obra, no mesmo podcast, em que a culpa sempre permanecerá com Kendall após a conclusão azeda.

“Ele está no purgatório de um destino não realizado pelo resto da vida. Essa incerteza sobre o final é a escolha que achei mais interessante”, revelou Mylod sobre a última cena de Ken.

Imagem: Divulgação

Veredito

A temporada final de Succession é perfeita. Personagens como Greg (Nicholas Braun), reservados antes como mero alívio cômico, virando forças influentes na trama, alavancando um novo antagonista carismático e caótico como Mattson

Questões que nunca serão respondidas – era riscado ou sublinhado? -, diálogos simples que mudaram totalmente as trajetórias dos protagonistas, trilha sonora que se reinventou e assumiu destaque nos momentos mais oportunos.

A série, na minha visão, só cresceu desde seu lançamento, em 2018. Um produto tão denso e bem planejado que é difícil de consumir, mas que termina entre os melhores dos últimos anos.

Pontos positivos:

  • Atuações com entrega incrível de Snook e de Culkin 
  • Ritmo crescente ao longo dos 10 episódios
  • Final em aberto impactante e bem planejado

Pontos negativos:

  • Não tem

NOTA: 10/10