Depois de muitas cenas de sexo constrangedores, terapia e conflitos adolescentes, Sex Education (2019-2023) chega à sua 4ª temporada para encerrar o ciclo de personagens já queridos pelo público da Netflix. Veja nesse veredito o que achamos da temporada final da série.
Mudanças, mudanças…
Os alunos de Moordale começam o novo ano letivo na escola Cavendish, uma instituição com forte liderança estudantil e que busca ser o mais igualitária possível. Com isso, novos rostos aparecem na trama, ao mesmo tempo em que acompanhamos os conflitos de velhos conhecidos.
Otis (Asa Butterfield) e Maeve (Emma Mackey) estão tentando fazer o relacionamento à distância funcionar enquanto ela estuda nos Estados Unidos. Jean (Gillian Anderson) busca se adaptar à maternidade solo ao mesmo tempo que dá prosseguimento à sua carreira. Eric (Ncuti Gatwa) está reticente em esconder sua identidade queer da comunidade de sua igreja. Aimee (Aimee Lou Wood) segue em sua jornada de cura após o abuso sexual e irá contar com a ajuda de Isaac (George Robinson). Jackson (Kedar Williams-Stirling) quer saber mais sobre suas origens e Viv (Chinenye Ezeudu) precisa lidar com um relacionamento abusivo. Adam (Connor Swindells) procura uma opção de carreira ao passo que se acostuma com a reaproximação de seu pai.
Gente demais para falar de menos
Como deu pra perceber tem bastante gente pra lidar nesse último ano de Sex Education, não é? Além dos rostos conhecidos, com a mudança de colégio a série aproveita para justificar a ausência de quem deixou a produção e também introduzir ainda mais personagens, porém suas tramas são bem menos trabalhadas do que as dos veteranos.
Querendo abraçar o maior número de narrativas e identidades possíveis, a produção acaba caindo na armadilha de não conseguir abordar nada com profundidade. Talvez as narrativas melhor abordadas aqui foram o conflito maternal de Jean, as dificuldades com autoestima e relações familiares de Maeve e o confronto religioso de Eric, o restante fica em segundo ou até terceiro plano.
O próprio Otis, que deveria ser o protagonista, é escanteado muitas vezes e possui uma trama insossa, que rende apenas uma grande cena de comédia no primeiro episódio (quem assistiu sabe de qual estou falando). Fora isso, o personagem parece ter evoluído pouco, agindo de forma egoísta e que precisa estar constantemente se desculpando por seus comportamentos mesquinhos.
Foi bom pra você?
E por falar em cenas cômicas, parece que a série esqueceu as boas sacadas com momentos de sexo constrangedores que exibia no começo. Toda a questão dos terapeutas sexuais, que foi a grande força motriz da produção, se resume a uma disputa enfadonha entre Otis e Sarah ‘O’ Owen (Thaddea Graham) para ver quem é o conselheiro oficial do colégio.
Dessa forma, as cenas embaraçosas que causam tanto riso como identificação tem bem menos destaque. Isso infelizmente deixa a série menos simpática. Sim, os personagens têm direitos a ter conflitos mais sérios, mas antes uma coisa não atrapalhava a outra.
Principalmente pelos dilemas atuais dos estudantes não passarem de questões pontuais que se resolvem em uma ou duas conversas. A série quis expandir seu elenco para trazer novos problemas a serem abordados e conseguiu, mas não explora nenhum de forma muito significativa. É louvável uma produção com esse peso e que pode ser acessada por milhares de pessoas trazer esse número expressivo de representatividade, mas será que dar poucos minutos de tela para cada um é mesmo o suficiente?
Veredito
Sex Education chega ao final com sua temporada mais morna. Para contornar o número de atores que deixou o elenco, a produção apostou em carinhas novas que pouco acrescentam na trama principal. Ao mesmo tempo os veteranos também não são explorados como deveriam, trazendo narrativas pouco interessantes e que são picotadas para preencher a temporada inteira sendo que poderiam ser resolvidas bem mais rápido.
Porém, fica aqui o destaque pelo esforço dos roteiristas em abraçar o maior número possível de narrativas para trazer várias identidades à tela. Só desejo que elas pudessem ter sido melhor aprofundadas, mas para uma série com tantos personagens e que ainda fica incluindo mais não teria como ter espaço para todos.
Pelo menos a Netflix finalizou a série trazendo um desfecho otimista para a maioria de seus personagens e não caiu na armadilha de continuar seguindo suas histórias após o colégio. Já acompanhamos o suficiente das dores desses crescimentos e chegou a hora de deixá-los ir.
Pontos positivos
- Tramas bem desenvolvidas para Eric, Maeve e Jean
- Elenco e narrativas inclusivas
Pontos negativos
- Excesso de personagens para acompanhar
- Tramas com pouco a acrescentar
- Protagonista que não evolui
NOTA: 7/10