Veredito da 4ª temporada de Sex Education

23/09/2023 - POSTADO POR EM Séries

Depois de muitas cenas de sexo constrangedores, terapia e conflitos adolescentes, Sex Education (2019-2023) chega à sua 4ª temporada para encerrar o ciclo de personagens já queridos pelo público da Netflix. Veja nesse veredito o que achamos da temporada final da série.

Mudanças, mudanças…

Os alunos de Moordale começam o novo ano letivo na escola Cavendish, uma instituição com forte liderança estudantil e que busca ser o mais igualitária possível. Com isso, novos rostos aparecem na trama, ao mesmo tempo em que acompanhamos os conflitos de velhos conhecidos.

Otis (Asa Butterfield) e Maeve (Emma Mackey) estão tentando fazer o relacionamento à distância funcionar enquanto ela estuda nos Estados Unidos. Jean (Gillian Anderson) busca se adaptar à maternidade solo ao mesmo tempo que dá prosseguimento à sua carreira. Eric (Ncuti Gatwa) está reticente em esconder sua identidade queer da comunidade de sua igreja. Aimee (Aimee Lou Wood) segue em sua jornada de cura após o abuso sexual e irá contar com a ajuda de Isaac (George Robinson). Jackson (Kedar Williams-Stirling) quer saber mais sobre suas origens e Viv (Chinenye Ezeudu) precisa lidar com um relacionamento abusivo. Adam (Connor Swindells) procura uma opção de carreira ao passo que se acostuma com a reaproximação de seu pai.

Imagem: Divulgação

Gente demais para falar de menos

Como deu pra perceber tem bastante gente pra lidar nesse último ano de Sex Education, não é? Além dos rostos conhecidos, com a mudança de colégio a série aproveita para justificar a ausência de quem deixou a produção e também introduzir ainda mais personagens, porém suas tramas são bem menos trabalhadas do que as dos veteranos.

Querendo abraçar o maior número de narrativas e identidades possíveis, a produção acaba caindo na armadilha de não conseguir abordar nada com profundidade. Talvez as narrativas melhor abordadas aqui foram o conflito maternal de Jean, as dificuldades com autoestima e relações familiares de Maeve e o confronto religioso de Eric, o restante fica em segundo ou até terceiro plano.

O próprio Otis, que deveria ser o protagonista, é escanteado muitas vezes e possui uma trama insossa, que rende apenas uma grande cena de comédia no primeiro episódio (quem assistiu sabe de qual estou falando). Fora isso, o personagem parece ter evoluído pouco, agindo de forma egoísta e que precisa estar constantemente se desculpando por seus comportamentos mesquinhos.

Imagem: Divulgação

Foi bom pra você?

E por falar em cenas cômicas, parece que a série esqueceu as boas sacadas com momentos de sexo constrangedores que exibia no começo. Toda a questão dos terapeutas sexuais, que foi a grande força motriz da produção, se resume a uma disputa enfadonha entre Otis e Sarah ‘O’ Owen (Thaddea Graham) para ver quem é o conselheiro oficial do colégio.

Dessa forma, as cenas embaraçosas que causam tanto riso como identificação tem bem menos destaque. Isso infelizmente deixa a série menos simpática. Sim, os personagens têm direitos a ter conflitos mais sérios, mas antes uma coisa não atrapalhava a outra. 

Principalmente pelos dilemas atuais dos estudantes não passarem de questões pontuais que se resolvem em uma ou duas conversas. A série quis expandir seu elenco para trazer novos problemas a serem abordados e conseguiu, mas não explora nenhum de forma muito significativa. É louvável uma produção com esse peso e que pode ser acessada por milhares de pessoas trazer esse número expressivo de representatividade, mas será que dar poucos minutos de tela para cada um é mesmo o suficiente?

Imagem: Divulgação

Veredito

Sex Education chega ao final com sua temporada mais morna. Para contornar o número de atores que deixou o elenco, a produção apostou em carinhas novas que pouco acrescentam na trama principal. Ao mesmo tempo os veteranos também não são explorados como deveriam, trazendo narrativas pouco interessantes e que são picotadas para preencher a temporada inteira sendo que poderiam ser resolvidas bem mais rápido.

Porém, fica aqui o destaque pelo esforço dos roteiristas em abraçar o maior número possível de narrativas para trazer várias identidades à tela. Só desejo que elas pudessem ter sido melhor aprofundadas, mas para uma série com tantos personagens e que ainda fica incluindo mais não teria como ter espaço para todos.

Pelo menos a Netflix finalizou a série trazendo um desfecho otimista para a maioria de seus personagens e não caiu na armadilha de continuar seguindo suas histórias após o colégio. Já acompanhamos o suficiente das dores desses crescimentos e chegou a hora de deixá-los ir.

Pontos positivos

  • Tramas bem desenvolvidas para Eric, Maeve e Jean
  • Elenco e narrativas inclusivas

Pontos negativos

  • Excesso de personagens para acompanhar
  • Tramas com pouco a acrescentar
  • Protagonista que não evolui

NOTA: 7/10