A Netflix conseguiu nos trazer um sopro de ar fresco nas produções sobre zumbis com a estreia de “Kingdom” no ano passado. Este ano tivemos a volta da série para a sua segunda temporada, com apenas seis episódios repletos de reviravoltas, essa é uma boa pedida para a sua próxima maratona. Confira agora nossas impressões sobre o novo ano do seriado.

A volta da matança

A nova temporada retorna com uma cena de flashback rápida, que será melhor explicada posteriormente, porém logo depois já partimos para onde a série encerrou os seus últimos episódios: o príncipe Chang (Joo Ji-Hoon) está na cidade de Sangju prestes a enfrentar uma horda de zumbis, que deveria estar adormecida. 

O comportamento da horda teve uma mudança, que é algo explicado por Seo-bi (Bae Doona): os infectados possuem características semelhantes ao da planta que os criou, ela é uma flor que prospera no frio, portanto as pessoas que estão com a doença fogem de calores excessivos, como os do período do dia. Com a chegada do inverno no fim da primeira temporada, agora os zumbis se manifestam 24h por dia, sem restrições.

Com essa mudança de paradigma as pessoas ficam muito mais vulneráveis à praga, o que incita Chang a buscar mais guerreiros para enfrentar a ameaça. Ele irá em busca do poderio de Cho Hak-ju (Ryu Seung-ryong), o pai da rainha, enquanto esta trava seus próprios planos para manter seu lugar no trono. 

Inimigo revelado

Como na temporada anterior, “Kingdom” triunfa ao apresentar novas perspectivas sobre a condição dos zumbis. No primeiro ano vimos um comportamento um tanto vampiresco vindo deles, já que atacavam apenas à noite, dessa vez foi explorada a sua fraqueza em relação à água e também houve uma investigação sobre as causas da doença e a procura de uma possível cura.

A produção segue impecável ao retratar um período mais afastado da história, se passando durante a  Dinastia Joseon (1392-1897). Os figurinos são espetaculares, assim como toda a ambientação, que mostra desde cidades menores e vilas, até palácios cheios de requinte. Para o público ocidental toda a estrutura de poderes e classes que é mostrada na trama certamente soará estranha, mas aos poucos ficará mais claro como funciona aquela sociedade.

Trama política

“Kingdom” poderia facilmente cair na tentação de focar apenas na ação, ao ter um inimigo tão forte e que funciona tão bem em tela. Basta lembrar de cenas extremamente bem filmadas que mostram a horda de zumbis concentrada em atacar um local só, é algo aterrorizante de se presenciar. Porém vemos nessa temporada que a série não deixou de lado a sua trama política, afinal, apesar da praga estar se espalhando, ela ainda não afetou todo o país e há uma questão de sucessão ainda em aberto.

O rei está infectado, o príncipe luta para defender os locais afetados e a rainha quer assegurar a sua posição ao fornecer um herdeiro homem. Lembrando que em períodos de monarquia, principalmente em uma em que mulheres não eram consideradas herdeiras, havia uma pressão imensa para mulheres da nobreza gerarem filhos homens, era praticamente a sua função exclusiva. Aqui vemos a rainha traçar planos para garantir a sua maneira de possuir poder, que é através de um bebê menino.

Dessa maneira é muita interessante ver como os fatos vão se desenrolando ao misturar a necessidade de combater uma horda assassina, ao mesmo tempo em que as pessoas que estão no topo querem lutar para manter uma estrutura de poder organizada no país. Na visão deles, se a família real cair, irá cair o reino inteiro, com zumbis ou não.

Veredito

A série consegue manter um bom ritmo na maioria dos episódios, porém como estes têm de 40 a 50 minutos é inevitável ter momentos em que a trama dá uma enfraquecida ao demorar mais para acontecer o desenrolar dos fatos. Então assistir eles um atrás do outro pode não ser algo fácil para todos os públicos.

Mesmo assim a trama é boa o suficiente para prender a atenção, com atuações excelentes, além de um valor de produção que fica perceptível quando se vê elementos como figurino e ambientação. E não se engane com o que parece ser o final, a narrativa de “Kingdom” encontrou um gancho tão bom para este fim de temporada quanto foi o do ano anterior, deixando um espaço aberto para novos episódios. Aguardemos por sua renovação, ainda há muito o que contar aqui.

Pontos positivos

• Narrativa bem construída e instigante
• Boas atuações
• Figurino e ambientação impecáveis
• Bom gancho para uma nova temporada

Ponto negativos

• Momentos mais longos e cansativos no meio da temporada
• Desfecho fraco para a trama da rainha

NOTA: 9,5