Veredito da 1ª temporada de Paper Girls

01/08/2022 - POSTADO POR EM Séries

A mais nova investida no mundo das séries do Prime Vídeo mira em Stranger Things (2016 – ), mas tem o diferencial de envolver viagem no tempo. Paper Girls é baseada na HQ homônima de Brian K. Vaughan, publicada no Brasil pela editora Devir, e estreou sua primeira temporada com 8 episódios. Confira o que achamos da produção abaixo.

1988

Mais uma série que aposta na nostalgia oitentista, felizmente Paper Girls tem mais a oferecer do que apenas isso. A produção acompanha um grupo de quatro garotas de 12 anos que trabalham como entregadoras de jornal em uma pacata cidade do interior dos Estados Unidos.

Cada uma tem questões próprias que vão sendo desenvolvidas ao longo da temporada, mas que têm como pano de fundo uma série de viagens temporais. Enquanto realizam as suas entregas na noite após o Halloween as garotas acabam topando com uma guerra geracional entre organizações temporais.

Agora elas irão precisar encontrar o seu caminho de volta para 1988, enquanto buscam sobreviver em outros pontos no tempo, fugindo dessas organizações e dando de cara com outras versões delas mesmas. Às vezes é melhor não saber o que o futuro te reserva.

Imagem: Divulgação

2019

A primeira parada que a trama faz após o início é em 2019. Isso coloca Erin (Riley Lai Nelet), Mac (Sofia Rosinsky), KJ (Fina Strazza) e Tiffany (Camryn Jones) em situações estilo filme de comédia, encantadas com a tecnologia e tentando entender como aquela época funciona.

Porém, embora esses alívios cômicos existam, a série foca nos momentos de drama. Justamente por estarem em 2019, as garotas acabam topando com a versão mais velha de Erin (Ali Wong), que continua morando na mesma casa em que vivia em 1988. Isso por si só já gera um conflito, que vai sendo trabalhado ao longo dos episódios.

Essa acaba se tornando uma das partes mais interessantes que a trama aborda: o conflito geracional. Por conta das viagens no tempo, não só a Erin, mas todas as garotas precisam lidar com as suas vidas futuras, que podem ter ou não superado as suas expectativas, causando um óbvio choque, mas que é muito bem desenvolvido.

Imagem: Divulgação

Adaptação

Assim como The Boys (2019 – ), outra produção do Prime Vídeo baseada em HQs, Paper Girls começa com a premissa básica dos quadrinhos, mas leva a trama de uma maneira diferente. 

A série consegue ter bastante semelhanças com o material original, conservando os seus mesmos conflitos-chave, porém os quadrinhos pesam bem mais a mão na ficção científica, trazendo equipamentos tecnológicos, naves gigantescas e outros elementos. Tanto que em muitos momentos a trama parece confusa, já a série consegue ter uma linha narrativa mais clara.

Mesmo assim, a HQ consegue finalizar a sua trama nos seus 6 volumes, ao contrário da série que deixa um gancho para uma possível segunda temporada.

Imagem: Divulgação

Veredito

Paper Girls usa muito bem a sua trama absurda de viagem no tempo para ilustrar o processo de maturidade de quatro pré-adolescentes. O fato de terem que lidar com o afastamento da família e de tudo o que conhecem, passando ainda por um encontro com si mesmas em outros momentos do tempo constroem uma jornada de autoconhecimento muito bem balanceada.

Como a própria personagem Tiff ilustra no último episódio dizendo para as amigas: “Eu não sei vocês, mas eu me sinto mais velha”. Isso resume bem o sentimento de ter percorrido tantas bizarrices, usufruindo de poucos momentos para parar e refletir sobre o que fazer.

Mesmo assim, a série não acerta sempre. Ela tem alguns problemas de ritmo e parece se encontrar realmente apenas nos episódios finais, onde os personagens soam mais confortáveis consigo mesmos e com o que acontece em volta. Talvez até seja um reflexo desse amadurecimento, mas no início penamos para nos conectar com as garotas. As atuações também não ajudam, pois, por serem muito novas, nem sempre as atrizes trazem aquilo que era necessário, ainda assim são carismáticas o suficiente para nos importarmos com seus destinos.

Outro ponto contra a série são os efeitos especiais, é surpreendente como logo a Amazon parece ter economizado no orçamento de uma produção. Porém isso fica bem aparente em diversos momentos onde o CGI está precário. Esperamos que em uma segunda temporada o valor de produção aumente para refletir tudo de melhor que a trama tem a nos oferecer.

Pontos positivos

  • Personagens carismáticos
  • Bom subtexto
  • Ótimo desenvolvimento de personagens

Pontos negativos

  • Efeitos especiais precários
  • Problemas de ritmo

NOTA: 8.5