Uma adaptação que vem 19 anos após o lançamento do primeiro livro da série e 14 anos após o controverso filme estrelado por Logan Lerman, Percy Jackson e os Olimpianos finalmente traz aquilo que os fãs da saga homônima de Rick Riordan queriam ver. Confira nesse veredito as nossas impressões da produção do Disney+.

Os deuses entre nós

Descobrindo-se parte de um mundo lendário, que vem desde a Grécia Antiga, o jovem problemático Percy Jackson (Walker Scobell) deve partir em uma missão para parar uma iminente guerra entre o poderoso Poseidon (Toby Stephens) e o arrogante Zeus (Lance Reddick), e ainda salvar sua mãe, Sally (Virginia Kull).

Com a ajuda de Annabeth (Leah Jeffries), filha de Atena, e do sátiro Grover (Aryan Simhadri), o semideus precisa entender seu papel nesse mundo, enquanto descobre que forças muito mais antigas estão em seu encalço.

Desafios de adaptação

O autor dos livros, Rick Riordan, esteve diretamente envolvido com a produção da série, que adapta o primeiro livro da saga, Percy Jackson e o Ladrão de Raios (2005). Provavelmente por isso a trama soe tão parecida e tão distante ao mesmo tempo. 

Diversas liberdades foram tomadas para converter o material-base, o que pode desagradar os fãs mais ferrenhos, porém na maioria das vezes isso não prejudica o entendimento da história para quem está acompanhando pela primeira vez. Talvez as maiores perdas desse tipo de mudança seja a rapidez no desenrolar da história e a falta dos comentários perspicazes com os quais Percy nos brinda nos livros, que são narrados do seu ponto de vista.

Com 8 episódios que giram em torno de 30 a 40 minutos, é fácil ver como tudo soa muito apressado e/ou facilitado, enquanto nos livros os perigos que o grupo enfrenta parecem mais desafiadores. Provavelmente a adaptação se justifica tanto pela troca de mídia, como pela dificuldade em representar certas cenas, já que estamos falando de um elenco mirim.

Pontos para o elenco

Mesmo assim, a série consegue divertir ao trazer passagens leves e que condizem com o público-alvo, já que a saga é infanto-juvenil no final das contas. Um dos seus maiores acertos é, inclusive, o carismático trio principal. Walker, Leah e Aryan entraram de cabeça em seus personagens, não caindo na cilada de os reduzir a características simplistas e passando uma sensação verdadeira de companheirismo.

Os demais atores foram igualmente acertados. Posso destacar aqui Virginia Kull como Sally, cuja personagem teve um merecido maior destaque e também profundidade na adaptação. E o que dizer do Dionísio de Jason Mantzoukas? Não poderia ter um ator melhor para o papel, mesmo com seu pouco tempo de tela. O Zeus de Lance Reddick também foi uma grata surpresa, passando toda a imponência e arrogância esperada do rei dos deuses.

Veredito

Percy Jackson e os Olimpianos nos mostra como fazer um trabalho competente de adaptação, sem seguir letra por letra o material original. A série acumula méritos pelo texto bem colocado, ainda que apressado, elenco escolhido a dedo e acertada construção de mundo, que se vê muito bem por toda a produção envolvida.

Só é uma pena que os episódios curtos nos deram menos tempo com esse mundo do que gostaríamos, deixando pendentes certas questões que poderiam ter sido aprofundadas ou até deixando os perigos enfrentados pesarem mais. 

Ainda assim, considero que a série faz uma boa introdução do universo de Percy Jackson para quem está tendo um primeiro contato. Já com os fãs entendo que a recepção pode ser mista, devido às mudanças apresentadas. Agora precisamos aguardar para saber se continuaremos a ver essa história nas telinhas, pois até o momento a série não foi oficialmente renovada pelo Disney+.

Pontos positivos:

• Boa adaptação do livro
• Elenco acertado

Pontos negativos:

• Trama apressada
• Falta de peso para algumas cenas

NOTA: 8/10