Doctor Who 60 anos: Veredito do especial A Fera Estelar

23/11/2023 - POSTADO POR EM Séries

Doctor Who (1963 – ) completou 60 anos em 23 de novembro de 2023 e teve seu primeiro especial lançado pela BBC em parceria com o Disney+. A querida dupla David Tennant e Catherine Tate retornam à franquia para mais uma aventura que promete muita emoção. Além deles, Russel T. Davies, showrunner do passado, também retorna ao posto.

Ao todo serão 3 episódios comemorativos e vamos contar tudo sobre o primeiro deles, intitulado A Fera Estelar, neste veredito.

Nova era em Doctor Who

Sendo uma série que perdura por tanto tempo, a produção é dividida em eras, com a primeira ocorrendo de 1963 a 1989 e nomeada como “clássica”. Depois de alguns anos de hiato na televisão, ela retorna para sua era “moderna” em 2005, fechando o ciclo em 2022

Agora, com o início da parceria entre BBC e Disney para tornar Doctor Who cada vez mais internacional, iniciou-se uma nova era em 2023, com o advento dos seus 60 anos de existência.

Essa é uma ótima oportunidade de fazer novas pessoas conhecerem e se tornarem fãs. É importante, porém, não deixar ninguém novato perdido no universo Whovian, por isso há uma preocupação em introduzir os personagens e explicar porque eles chegaram até aquele momento.

Imagem: Divulgação

Muitos porquês

O Doutor regenerou mais uma vez e pegou de volta um rosto familiar, o da sua décima encarnação (David Tennant). Mas por quê? A TARDIS levou o Senhor do Tempo direto para Londres onde ele deu de cara com Donna Noble (Catherine Tate), que teve sua memória apagada no passado para que ela não entrasse em colapso e morresse por ter absorvido a energia da nave espacial. Mas por quê?

O episódio tem uma introdução que resume rapidamente os fatos até o presente momento, com esses questionamentos que ainda não temos resposta. O problema é quando essa conversa acontece em vários outros momentos no decorrer da história, o que parece subestimar a capacidade de entendimento até daqueles que começaram a acompanhar agora.

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Tudo novo de novo!

Novo Doutor significa nova TARDIS, nova chave de fenda sônica, novo figurino… Como o Senhor do Tempo está revisitando um rosto antigo, rolou apenas uma modernizada no visual já conhecido.

O interior da nave está incrível e traz referências da nave da décima encarnação do Doutor, mas com um grande toque de modernidade. Pelo jeito a TARDIS parece estar se atualizando sozinha, desde a época da Décima Terceira Doutora (Jodie Whittaker) se admirando ao adentrar em sua cabine azul. Antes parecia uma tarefa do próprio Senhor do Tempo redecorar o ambiente.

A chave de fenda sônica, equipamento que faz praticamente tudo, também é uma versão atualizada daquela usada na pelo Décimo Doutor. Porém, a chave ficou moderna até demais e recebeu um upgrade que ainda não tínhamos conhecido e totalmente jogado com naturalidade, o que causou um pouco de estranhamento. É uma chave de fenda sônica ou uma varinha mágica?

Não podemos esquecer da abertura que é sempre renovada e segue o padrão de referenciar a era Tennant com um “tchan” a mais. A TARDIS segue viajando pelo vortex temporal enquanto os créditos surgem na tela. O tema de abertura também é a coisa mais gostosa de se ouvir, pois não perdeu a identidade apesar da nova cara.

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Donna Noble “descendo a lenha”

Esquecida do que viveu com o Doutor no passado, somos apresentados a Donna Noble e sua vida comum, depois de 15 anos, ainda casada e agora com uma filha de 15 anos, chamada Rose Noble (Yasmin Finney). Referências?

Apesar dos ataques constantes à Londres por extraterrestres, a nossa querida eterna companheira segue perdendo e ignorando todos esses momentos. Provavelmente um tipo de filtro criado pelo Doutor para evitar que as memórias voltassem. Esse é outro ponto que é auto explicativo, mas o roteiro faz questão de dizer com todas as palavras e mais de uma vez, subestimando o mais desavisado telespectador.

Ainda assim, Donna tem dentro de si, aquele desejo por ajudar as pessoas e quando volta a interagir com o seu velho amigo, as coisas vão voltando à tona aos poucos. Tudo parece conspirar para esse reencontro e a família acaba entrando numa saga para salvar a espécie alienígena Meep, que é o centro do episódio.

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Veredito

O primeiro de três episódios especiais traz um novo ar para a série misturado com nostalgia. O retorno de David Tennant e Catherine Tate aos seus papéis não parece ser apenas um fan service, como nas recentes participações de personagens e de encarnações antigas do Doutor.

Essa dobradinha convence e faz todo o sentido de acontecer, ainda que não tenhamos a explicação que, naturalmente, só devemos descobrir no último especial. Só esperamos que Donna Noble tenha um final feliz dessa vez.

Russel T. Davies ainda traz uma caraterística muito forte da série de que, ainda que o episódio seja uma história completa, deixa o suspense de que está por vir uma coisa muito forte por aí. Pelos trailers, tudo indica que deve ser relacionado ao personagem de Neil Patrick Harris, o Toymaker ou Madarim.

O roteiro está muito bem amarrado no sentido de que nada está ali daquele jeito por acaso, incluindo os novos personagens serem quem são, trazendo até alguns debates importantes sobre identidade, ainda que brevemente. Doctor Who é conhecida por ser uma série inclusiva e ter uma cadeirante como agente da UNIT pronta para qualquer situação é muito legal de se ver.

Porém, nada é perfeito e o ato final é muito corrido, com as resoluções dos problemas apresentados muito preguiçosas e rápidas. As possíveis iminentes catástrofes trazidas são resolvidas rapidamente e sem danos.

Para finalizar, é importante pontuar que Doctor Who é uma série icônica e não é a toa que segue relevante por tanto tempo, ainda que não seja tão popular internacionalmente. Por isso, o melhor presente de aniversário foi o início dessa parceria entre a BBC e a Disney, recebendo um maior orçamento e fazendo a série crescer em qualidade e chegar a mais lares por meio do streaming.

Pontos positivos:

  • Atuação e quimíca entre Doutor e Donna segue impecável
  • Nostalgia, aventura e emoção na dose certa
  • Roteiro coeso com direito a reviravolta e gancho

Pontos negativos:

  • Repetição desnecessária de assunto
  • Resoluções simplórias 
  • Chave de fenda sônica faz-tudo?

NOTA: 9/10