Após três anos de espera, a segunda temporada de Arcane (2021-2024) chegou para encerrar o que já se consagra como uma das maiores produções de animação de todos os tempos. Baseada no universo do jogo League of Legends, a série conquistou uma base de fãs própria com sua animação deslumbrante, personagens complexos e uma narrativa bem trabalhada.
Confira nosso veredito para saber se o desfecho da série animada faz jus a sua excelência.
Enredo
Depois do o atentado ao Conselho de Piltover, Jinx se torna a criminosa mais procurada de Zaun, intensificando o conflito entre as duas cidades. Esse cenário de tensão força os moradores a escolherem um lado na iminente guerra. Caitlyn assume a responsabilidade de capturar Jinx, enquanto Vi, determinada a pôr fim às ações destrutivas da irmã, se une à caçada.
Paralelamente, Ambessa aproveita a turbulência para avançar seus próprios planos, envolvendo sua filha Mel, ainda que ela desconheça as intenções da mãe. Jayce, por sua vez, busca desesperadamente uma forma de salvar Viktor através do Hextech, desencadeando consequências imprevisíveis.
Três partes
A decisão da Netflix de dividir a temporada em três partes, claramente impulsionada por objetivos comerciais, também encontra justificativa narrativa. Esse formato prolonga o engajamento do público e dá à trama uma estrutura que funciona como degraus que vão escalonado a história.
Os três primeiros episódios, que compõem o primeiro ato, mantêm a conexão direta com os eventos da temporada anterior, explorando os impactos do conflito entre Piltover e Zaun. Já no segundo ato, a trama começa a incorporar elementos místicos que culminam em um desfecho repleto de complexidade.
No final, o foco na luta de classes é ofuscado por questões maiores, como multiverso, linhas temporais, magia, um líder fascista e até um culto. É incrível como tudo isso foi sendo acrescentado à história de uma forma orgânica, mergulhando cada vez mais na lore mística do jogo.
Queremos mais
Porém, mesmo que tudo tenha sido colocado de uma forma que faz sentido na trama, ainda é possível sentir como Arcane carecia de mais tempo de tela. Uma terceira temporada ou episódios mais longos neste ano poderiam ter dado espaço para desenvolver tramas que ficaram superficiais ou questões que permaneceram sem resposta.
Essa carência pode ser compensada pelos spin-offs prometidos, embora essa decisão pareça mais comercial do que criativa. Com um custo de produção estimado em 250 milhões de dólares apenas para esta temporada da série, a Netflix e a Riot Games criaram um monstrinho que ficou insustentável a longo prazo.
Isso é uma pena, porque essa série certamente é um dos trabalhos mais belos de animação já feitos, e o seu roteiro não fica atrás. Basta ver como o seriado consegue nos fazer conectar com personagens que tem pouco tempo de tela. Tudo ali é muito humano, as ações, as relações. Por isso, mesmo que encerrado de uma forma que conseguiu fechar a maioria dos arcos, Arcane nos deixou com muita vontade de ver mais.
Veredito
Mesmo com alguns tropeços, como o ritmo apressado que deixou lacunas importantes, Arcane encerra sua segunda e última temporada de forma impactante. Apesar de uma batalha prolongada que quase comprometeu o desfecho, a série recupera o ritmo com uma resolução íntima e emocionalmente poderosa.
No quesito visual não tem o que dizer, a produção continua impecável e muito atenta aos detalhes. Provavelmente se você pausar cada cena vai pegar elementos e easter-eggs que vão engrandecer a narrativa, digo isso pois consegui acompanhar alguns.
Agora resta esperar para ver o que o futuro reserva para esse universo. Se os spin-offs mantiverem o padrão, podemos esperar algo tão grandioso quanto as duas temporadas iniciais.
Pontos positivos:
- Animação fantástica e detalhada
- Bons personagens
- Narrativa coesa
Pontos negativos:
- Ritmo geral da temporada apressado
- Tramas que mereciam mais desenvolvimento
NOTA: 9/10