Continuação espiritual de Wandavision (2021), a série Agatha Desde Sempre chegou para expandir mais o universo místico da Marvel, com foco nas suas bruxas. Confira agora o que achamos da produção do Disney+.

ATENÇÃO! A MATÉRIA A SEGUIR CONTÉM SPOILERS DA SÉRIE AGATHA DESDE SEMPRE.

O Caminho das Bruxas

Após ser deixada sem poderes e presa em Westview, Agatha Harkness (Kathryn Hahn) é despertada do feitiço por um jovem bruxo que deseja acessar o enigmático Caminho das Bruxas.

Motivada pela chance de recuperar sua magia, Agatha se alia ao Jovem (Joe Locke) para formar um coven. Juntos, eles saem em busca de mais bruxas solitárias e igualmente desesperadas para reaver o que lhes foi tirado.

Narrativa crescente

Embora comece de forma lenta, Agatha: Desde Sempre rapidamente entra em um ritmo envolvente. Cada episódio apresenta um novo desafio após o coven alcançar o Caminho, adotando uma estrutura comum em séries procedurais e que aqui permite o desenvolvimento de cada bruxa através de desafios individuais.

E, levando em consideração que as mortes dessas mesmas bruxas não demoram a acontecer, é incrível que já sentimos suas perdas mesmo as conhecendo tão pouco. O roteiro é feliz o suficiente para angariar simpatia para Alice (Ali Ahn), Lilia (Patti LuPone), Jen (Sasheer Zamata), o Jovem e até mesmo Agatha, que tem altos e baixos em suas atitudes ao longo da série, mas que nem por isso se tona menos interessante. 

O carisma complexo de Agatha, com suas atitudes ambíguas, a torna uma personagem imprevisível e fascinante. Palmas para a excelente performance de Hahn, que deixa Harkness ainda mais carismática, especialmente em suas interações com Rio (Aubrey Plaza). A bruxa assassina e a própria Morte formam um casal que a gente não sabia que precisava.

Roteiro bem amarrado

A série exibe um cuidado especial em amarrar sua narrativa. Por exemplo, no episódio de desafio de Lilia, observamos que as falas aparentemente aleatórias da personagem ao longo dos episódios estavam relacionadas ao seu poder de adivinhação, que lhe permite acessar passado, presente e futuro simultaneamente.

Outro exemplo disso são as revelações que a série traz. Mesmo aquela da presença de Wiccano, que era a mais óbvia de todas, foi bem construída ao longo dos episódios, culminando na descoberta final de que o personagem estava por trás do Caminho das Bruxas esse tempo todo. 

Porém, isso não tira o impacto das provações. Todas as bruxas do coven encontram um fechamento para suas jornadas, com evoluções notáveis que adicionam profundidade aos personagens – uma mudança bem-vinda em comparação a algumas produções recentes do MCU.

Veredito

Agatha Desde Sempre é uma das produções da Marvel com menos cara de Marvel, e isso é um baita elogio. Fugindo de sua fórmula tradicional, principalmente por não apostar em um final estilo “batalha épica para salvar o mundo”, a série cria muito bem o seu próprio universo, despertando uma curiosidade genuína em descobrir mais sobre as bruxas do MCU.

Também foi uma ótima porta de entrada para o personagem Wiccano, abrindo muitas possibilidades para o seu futuro no MCU, ainda mais tendo a própria Agatha como mentora espiritual. Agora, resta saber quando veremos seu irmão nesse universo e, possivelmente, o retorno da mãe deles, Wanda Maximoff. 

No fim, parece que a Marvel está reservando suas escolhas mais corajosas para o mundo das séries, onde aprofunda personagens, traz mudanças significativas ao universo cinematográfico e inclui representatividade LGBTQIAP+, que os fãs pedem há tempos. Aguardo pelo dia que essas decisões possam dar as caras também nos filmes.

Pontos positivos:

• Roteiro bem pensado
• Boas atuações
• Personagens interessantes

Pontos negativos: 

• Início lento

NOTA: 9/10