É curioso pensar que, mesmo com tantos avanços no cenário nacional de games, ainda exista um certo preconceito em torno de jogos brasileiros. Muitos jogadores insistem em colocar uma lupa crítica mais severa sobre produções nacionais, ignorando o salto de qualidade e criatividade que vimos nos últimos anos. No Heroes Here 2, sequência do carismático título cooperativo da Mad Mimic, é um ótimo exemplo disso. Um jogo que, apesar de manter sua essência caótica e divertida, aposta em novas ideias e eleva ainda mais a experiência.
Confira agora a nossa análise completa do jogo!
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Uma nova ameaça, mais trabalho em equipe
Em No Heroes Here 2, a história continua sendo um pano de fundo simpático que serve para justificar a correria desenfreada que acontece nas telas. O reino continua sob ataque, e mais uma vez, cabe a cidadãos comuns se unirem para evitar a destruição. A premissa mantém o tom leve e cartunesco do primeiro jogo, com bastante humor e personalidade, mas sem ocupar muito espaço: aqui, a narrativa é apenas um gatilho para a jogabilidade entrar em cena com força total.
Jogabilidade: entre o caos e a diversão
Se o primeiro jogo misturava tower defense com plataforma, a sequência aposta em uma fórmula ainda mais voltada para o cooperativo frenético ao estilo Overcooked!, trocando o movimento lateral por uma arena mais centrada e dinâmica. A ideia é simples no papel, mas caótica na prática. Você precisa fabricar munições, carregar canhões, defender sua base e manter tudo funcionando enquanto hordas de inimigos surgem de todos os lados.
A principal adição em No Heroes Here 2 é o tempero de roguelike/lite: agora, as fases são mais personalizáveis, com levas de inimigos, modificadores e desafios variados. Essa mudança aumenta bastante a rejogabilidade e adiciona uma camada de estratégia interessante, mas também pode afastar quem prefere partidas mais curtas ou diretas.
O jogo brilha, no entanto, quando é jogado em grupo. Com dois ou mais jogadores, o caos se transforma em gargalhadas e gritos de desespero organizados. Sozinho, a experiência é funcional, mas perde muito do charme assim como Overcooked! não tem o mesmo impacto sem companhia.
Gráficos: do pixel ao 3D com carisma
Enquanto o primeiro jogo usava pixel art charmosa e colorida, No Heroes Here 2 faz a transição para gráficos 3D em cell shading, mantendo o estilo cartunesco e simpático. A mudança pode causar estranhamento para quem adorava a estética anterior, mas o novo visual funciona bem e dá ao jogo uma identidade mais atual, sem perder a leveza.
Os cenários são variados, as animações são claras e o design dos personagens mantém o apelo visual. Tudo contribui para uma leitura rápida da ação na tela, algo essencial para um jogo tão caótico.
Trilha sonora e efeitos: som na medida certa
A trilha sonora acompanha o ritmo acelerado do jogo, com músicas leves e bem-humoradas que ajudam a manter o clima divertido. Nada muito marcante ou épico, mas funciona como um pano de fundo agradável que não cansa nem distrai.
Os efeitos sonoros, por outro lado, fazem um bom trabalho em sinalizar eventos importantes como inimigos se aproximando ou canhões prontos para disparar. Tudo é pensado para favorecer a clareza e a fluidez da jogabilidade.
Veredito
No Heroes Here 2 é mais do que uma simples sequência. É uma evolução sólida de uma ideia já divertida, com uma proposta que honra as raízes do primeiro jogo ao mesmo tempo que arrisca em novos terrenos, como o uso de elementos roguelike e a migração para o 3D. É o tipo de jogo que brilha em multiplayer e serve como uma excelente pedida para sessões com amigos ou familiares.
Ainda que alguns aspectos, como a duração das partidas ou o apelo para quem joga sozinho, possam gerar ressalvas, o conjunto da obra é extremamente positivo. É um título que mostra o potencial criativo do Brasil no desenvolvimento de jogos e merece ser celebrado por isso.
Pontos positivos:
- Jogabilidade divertida e viciante, especialmente em grupo;
- Mistura criativa de Overcooked! com tower defense;
- Visual 3D colorido e bem executado;
- Alto valor de rejogabilidade com elementos roguelike.
Pontos negativos:
- Experiência solo perde muito do charme;
- Partidas longas podem cansar em sessões prolongadas;
- Elementos roguelike podem não agradar todos os perfis de jogadores.
Nota: 8/10