Um ano após o fenômeno que foi Wicked (2024), a continuação da história chega aos cinemas com altas expectativas. A direção é novamente de Jon M. Chu, que gravou os dois longas juntos, pensamos como duas parte de uma única história.
Nós conferimos Wicked: Parte 2 e vamos contar nossas impressões. Confira.
Enredo
Um ano após os eventos do primeiro filme, Oz vive sob um clima de medo e manipulação. Madame Morrible (Michelle Yeoh) e o Mágico (Jeff Goldblum) intensificam a propaganda contra Elphaba (Cynthia Erivo), transformando-a, junto dos animais, em bode expiatório.
Enquanto isso, Glinda (Ariana Grande), agora oficialmente “Glinda, a Boa”, tenta manter uma imagem positiva diante do caos. Ao seu lado, Fyero (Jonathan Bailey) percebe que a situação é insustentável e que mudanças profundas precisam acontecer.

Tempos sombrios
O conto de fadas acabou. Essa é melhor maneira de definir o que Wicked: Parte 2 tenta nos apresentar. Enquanto o primeiro filme traz idílicos números musicais, com uma bela construção de amizade entre as protagonistas e a promessa de um futuro brilhante juntas (o que é quebrado no ato final), esse longa joga essas esperanças fora.
Glinda se mantém em sua bolha, tanto literal como figurativamente, se forçando a representar a imagem da perfeição e da bondade. Porém, no fundo, ela sabe que os planos do Mágico e Morrible não são o melhor para Oz, ou mesmo para si própria.
Enquanto isso, Elphaba segue em sua cruzada para combater tudo que acha de errado em sua terra. Porém, sem um plano de ação definido e com uma propaganda pesada contra a mesma, ela não consegue mais do que angariar um medo crescente entre seus conterrâneos.

Narrativa menos brilhante
Muitas vezes parece que o filme está tão perdido quanto suas protagonistas. Com a régua já alta, o novo longa é uma queda em relação ao seu antecessor, nos oferecendo números musicais bem menos inspirados, que soam mais como interferências no meio de cenas de diálogo, do que como algo com vida própria. Algumas das cenas musicais conseguem se destacar e causar emoção, apenas acontece com menos frequência aqui, o que é uma pena.
A grande quantidade de tramas e temas herdados do primeiro filme também atrapalha. O problema é que os personagens estão separados em diferentes núcleos, então as cenas são picotadas de forma rápida para resolver cada arco na sua vez.
Como esse longa é um pouco mais curto do que seu antecessor, muitas dessas subtramas soam apressadas, personagens mudam de ideia e de postura às vezes mais de uma vez dentro da mesma cena. Isso faz com que alguns dos plots pareçam protocolares, apenas “porque precisam acontecer”, e não por ser o curso natural da narrativa.

A força das protagonistas
Felizmente, toda a construção de Glinda e Elphaba faz com que a história siga sendo bem ancorada em ambas. Tanto Ariana como Cynthia conhecem bem seus respectivos papéis, e os momentos em que elas mais brilham é quando estão juntas.
O filme se preocupou em trabalhar mais os dramas de cada uma. Glinda questiona seu papel no mundo e a insatisfação que sente mesmo após alcançar tudo o que desejava. Já Elphaba tenta encontrar meios eficazes de lutar pelo que acredita, ao mesmo tempo em que busca provar seu valor.
De forma geral, esse é um filme mais sombrio que o anterior, com uma energia pessimista pairando sobre tudo. O que contribui também é o teor político que vemos na trama, mostrando as manipulações dos poderosos de Oz e a perseguição à Bruxa Má do Oeste, assim como aos animais. Você consegue sentir o peso que os personagens carregam em seus corações, mas ter mais tempo de tela para a história seria positivo para aprofundar os seus desenvolvimentos.
Veredito
Wicked: Parte 2 nos leva de volta a Oz, mas através de uma versão mais melancólica e carregada de tensão. Temos alguns momentos de alívio cômico, que vem principalmente da personagem de Ariana Grande, porém, em geral, o clima mágico é menos presente.
É difícil dizer que um filme de 2h17 deveria ser maior, mas é o que acontece aqui. Algumas cenas a mais poderiam ajudar em uma narrativa mais natural, que tivesse a mesma fluidez de acontecimentos do anterior. É uma pena que as subtramas tenham sido apressadas, o filme tem uma produção tão competente que eu assistiria mais meia hora com folga.
Mesmo assim, não devemos tirar os méritos da produção, da direção e do elenco. Todos fazem o seu trabalho bem, conseguindo trazer a emoção que o longa pedia e oferecendo um desfecho digno para nossas bruxas queridas.
Pontos positivos:
- Direção
- Elenco
- Produção
- Química entre Ariana Grande e Cynthia Erivo
Pontos negativos:
- Roteiro apressado
- Números musicais mal integrados
- Subtramas pouco desenvolvidas
NOTA: 7/10