Veredito do livro Corte de Espinhos e Rosas

03/05/2021 - POSTADO POR EM HQs/Livros

O livro Corte de Espinhos e Rosas ou ACOTAR, como é conhecido pelos fãs por causa da sigla do título em inglês (A Court Of Thorns And Roses), é o primeiro de uma série literária da autora Sarah J. Maas. Sua primeira publicação foi em maio de 2015 nos Estados Unidos, e em outubro do mesmo ano o livro chegou ao Brasil pela Editora Galera, do Grupo Record.

Os livros ainda estão em lançamento mas, este ano, a Hulu adquiriu os direitos de adaptação da saga, e terá a autora, Sarah J. Maas, conduzindo a produção juntamente com o roteirista Ronald D. Moore, responsável pela adaptação televisiva de Outlander e vencedor do Emmy por Battlestar Galactica.

Pensando em introduzir você neste mundo de aventura e feitiços, o Roteiro Nerd traz agora o veredito do primeiro livro da série, que já esteve entre a lista dos mais vendidos do New York Times. E se você já conhece a saga, conta pra gente o que achou também! 😉

Atenção, a partir deste ponto o texto pode conter SPOILERS.

Uma vida por outra

A história de ACOTAR começa nos introduzindo de forma bem lenta ao contexto histórico do universo onde se passa a trama. Após intermináveis batalhas, quando os humanos por fim se rebelaram contra a escravidão que os feéricos (fadas) os submetiam, um tratado foi imposto, e uma enorme muralha dividiu o continente de Prythian, sendo que nenhum dos dois lados deveria cruzá-la – a não ser que quisessem sofrer as consequências.

Eis que somos apresentados à protagonista, Feyra, uma jovem de 19 anos, caçula de um pobre e falido mercador viúvo, que passa mais tempo bêbado e fora de casa do que cuidando das três filhas. Ela logo cedo se viu responsável por alimentar suas irmãs mais velhas, e por trazer um pouco de dinheiro para casa através do seu conhecimento autodidata em caça, deixando seu sonho de pintar de lado.

É em uma dessas caças que ela vê seu futuro mudar drasticamente. Sem hesitar, a jovem acerta um raro lobo na floresta pensando em como irá se fartar daquela sorte, mas aquela alegria dura pouco, pois ela logo descobre que, na verdade, o lobo era o que ela mais temia e fora avisada para evitar: um feérico.

Agora uma vida foi tirada, e pela lei dos feéricos, uma vida deve ser posta no lugar. Em total desespero de não saber como sua família irá sobreviver sem ela, Feyra é levada para o outro lado da muralha, também sem nenhuma consciência do que a aguarda.

“- Quantos anos tem mesmo?

– Dezenove.

– Agradável, civilizada…

Lucien emitiu um tsc.

– Tão jovem e tão séria! E já uma assassina habilidosa!”

Corte de Espinhos e Rosas, pág. 87.

O Grande Senhor da Primavera por trás da máscara

Dentro da muralha, Feyra descobre que a criatura que a levou para aquele lado é ninguém menos que o Grão-Senhor da Corte Primavera, Tamlin, e não apenas isso, mas que ele e toda sua corte estão enfeitiçados, e estão sendo obrigados a usarem máscaras de animais e com seus poderes limitados há quase 50 anos.

À medida que a protagonista vai descobrindo mais a respeito do mundo que irá ser obrigada a viver pelo resto de sua vida, mais ela se vê encantada por tudo aquilo, principalmente pelo Grão-Senhor, no qual, mesmo com medo e receio, os encantos e charme parecem estar fazendo efeito nela mais a cada dia.

Subitamente, a protagonista recebe permissão para visitar sua família logo após um importante evento dentro do Solstício de Verão. Mas, depois de se assegurar que sua família não apenas está segura, mas confortável no mundo humano, graças às aparentes gentilezas de Tamlin, Feyra decide voltar para o lado féerico, porque lá está o que buscou a vida inteira.

“- Não pode usar sua magia? – perguntei, desejando poder arrancar aquela máscara do rosto de Tamlin para sua expressão na plenitude.

Tamlin engoliu em seco.

– Não. Não para danos tão grandes. Houve um tempo em que sim, mas não mais.”

Corte de Espinhos e Rosas, pág. 161.

Escolha de forma sábia

Ao retornar, no entanto, Feyra descobre que Tamlin está sob a montanha, onde fica a chamada Corte dos Pesadelos. O local geralmente é evitado por ele, pois é lá que foi amaldiçoado e é onde fica Amaratha, a general do Rei de Hybern, que o amaldiçoou junto a todos os feéricos traidores ou que lá estão obrigados a se submeterem a ela.

Além disso, a protagonista também descobre que o feitiço que torna o coração do Grão-Senhor da Primavera em pedra não é mais reversível, já que ele não conseguiu fazer um humano dizer que o amava.

Tomada pela culpa, Feyra vai até a Corte da montanha e proclama seu amor. Intrigada, a vilã Amaratha dá uma escolha para a humana: realizar três tarefas ou responder a um enigma. Se ela responder a pergunta, ela livra todas as Cortes que estão sob seu domínio, se ela conseguir apenas os trabalhos, apenas a Corte Primaveril.

“Amo você — sussurrou ele, e beijou minha testa. — Com espinhos e tudo.”

Corte de Espinhos e Rosas, pág. 258.

Reescrevendo um conto e aumentando um ponto

ACOTAR é um enorme sucesso de vendas em cada uma das suas edições e possui um enorme número de fãs, que acompanham a saga principalmente pela forma que os livros são escritos.

Falando do primeiro livro, Corte de Espinhos e Rosas é inspirado no conto da Bela e a Fera – caso ninguém tenha notado – no qual uma jovem é tirada de sua casa por uma criatura mágica, e mantida prisioneira, até que, após demonstrar gentileza e compreensão, a jovem se apaixona pelo seu captor, e, dizendo as palavras de amor, a besta se transforma em um lindo príncipe.

Mas nem tudo é o que parece ser na história de Sarah J. Maas, e ela sempre está pronta para aumentar um ponto nesse conto, transformando Feyra (Bela) não em uma jovem donzela pronta para ser usada como sacrifício, mas sim na protagonista de sua história que toma a direção dos acontecimentos e que não espera ser salva por ninguém.

O que, infelizmente, acontece aqui, é que temos o clichê da resposta AMOR como ponto central da história do livro, por exemplo, quando vemos que Tamlin precisa fazer com que Feyra se apaixone por ele para se livrar de uma poderosa maldição. Isso pode ser um mote cansativo para alguns leitores, mesmo que dentro da narrativa faça sentido.

“- O que quer, Rhysand?

Rhysand sorriu – um sorriso muito bonito, de partir o coração – e levou a mão ao peito.”

Corte de Espinhos e Rosas , Pág. 244.

Veredito

No meio desse emaranhado de problemas que parecem acontecer à história, está uma das melhores séries fantásticas da atualidade, com humanos se metendo no mundo das fadas (feéricos) e abrindo nossos olhos para inúmeras possibilidades.

O primeiro livro da série tem mais a finalidade de uma introdução do que qualquer outra coisa dentro do universo que a autora criou para os personagens, que são os mais completos e diversos possíveis.

ACOTAR não é um livro de leitura leve. Mesmo se baseando em um conto literário clássico e romântico, a autora traz questões bem relevantes em relacionamentos (de todos os tipos) logo de primeira mostrando que tudo na vida está entre espinhos e rosas, mesmo que de forma sutil, e que talvez só faça sentido mais na frente.

Ah, vale ressaltar que o livro tem de início uma escrita lenta, narrada em primeira pessoa, e detalhada para que o leitor possa enxergar o mais próximo possível o que a escritora quis imaginar em cada momento. Isso pode não funcionar para todos, mas com certeza vale a tentativa.

Pontos Positivos

  • Mundo mágico e bem desenvolvido
  • Escrita bem construída
  • Personagens densos
  • História complexa

Pontos Negativos

  • O clichê do amor

NOTA: 9,5