Foram necessários quase 15 anos para que nós finalmente soubéssemos o que Edward Cullen estava pensando, mas esse momento chegou. O livro Sol da Meia-Noite está entre nós, e a Editora Intrínseca disponibilizou a obra para que nós do Roteiro Nerd pudéssemos trazer a vocês o veredito.

É importante lembrar que Stephenie Meyer adiou esse livro por tanto tempo por dois motivos: o primeiro foi o vazamento dos primeiros capítulos na internet há alguns anos. O outro foi o lançamento de Grey, de E.L. James, autora de Cinquenta Tons de Cinza, que narra a versão que Christian Grey da história, exatamente no mesmo ano em que Meyer havia programado fazer o mesmo.

Nós também já havíamos feito uma matéria sobre o que esperar de Sol da Meia-Noite, com uma lista do que queríamos ver no livro. A seguir, nós vamos abordar se as expectativas foram realmente compridas, então vão ter alguns spoilers da história.

ATENÇÃO, ESSA MATÉRIA CONTÉM SPOILERS DO LIVRO SOL DA MEIA-NOITE.

Primeiras impressões

Logo no início você vê que o livro não será narrado pela mente de uma garota de 17 anos, mas que a autora ainda conseguiu trazer juventude de volta às páginas. De todo modo a narrativa nos promete uma mentalidade mais madura e rica em detalhes, mesmo que ainda cheia de romance.

A obra se inicia na cafeteria, no primeiro dia de aula de Bella, sendo mais um dia comum para Edward e sua família. É nessa cena que podemos averiguar como funciona o cérebro do vampiro em meio a tantos pensamento que ele escuta, e como consegue se concentrar em apenas uma de cada vez. 

Além da análise que ele faz da própria família, com Edward já mostrando de início o seu vínculo forte com Alice. O único interesse que ele demonstra em Bella, até aquele momento, é o de curiosidade e frustração por não conseguir ouvir nada da sua mente.

“Bella Swan sacudiu o cabelo comprido, de fios grossos e escuros, em minha direção.
Ela era louca?”

Sol da Meia-Noite, pág. 22.

Eis que acontece o real primeiro encontro deles, e você conhece o Edward Vampiro. Talvez pela visão humana de Bella, quem lê Crepúsculo possa ter muitas dificuldades em aceitar esse ser mítico. Mas ao ler a versão de Edward fica mais nítido o que ele realmente é, ao ver tudo que se passa em sua cabeça. Em menos de 30 segundos, o protagonista pensa em diversas formas de cometer um massacre na sala de aula, apenas para tomar o sangue da garota… E somente o respeito por seu pai o segura.

E esse pensamento de respeito por Carlisle o segura por várias vezes. O que é impressionante. A visão de Bella sobre algumas ações de Edward é tão perturbadoramente romântica que quando você lê Sol da Meia-Noite parece, em algumas cenas, que se está lendo outro livro.

O passado

O passado de Edward é narrado com duas medidas. Uma hora, cheia de questionamentos e detalhes, principalmente quando conheceu Emmett e Alice, seus irmãos favoritos, o que foi fascinante de ler respeito. Contudo, sobre suas vítimas, a autora volta a ser breve novamente, como se tivesse um receio de estragar seu herói romântico, o que pode ser bem frustrante.

“- Não acho que… isso – evitei a palavra sexo porque ela fizera a mesma coisa – seja possível para nós.”

Sol da Meia-Noite, pág. 459.

Edward, em seus 10 anos longe de Carlisle e Esme, alimentou-se apenas de homens violentos como uma forma de justificar os assassinatos. Ele narra apenas três, sendo o terceiro mais rico em detalhes, mas que é justificado como “culpado e inocente ao mesmo tempo”. Nós nunca sabemos que outros tipos de crimes Edward ajudou porque até as palavras parecem ser censuradas, deixando apenas no subtexto.

“Sem saber o que fazer, decidi esperar. Talvez ele vencesse a tentação.”

Sol da Meia-Noite, pág. 505.

Ação vs Narrativa romântica

Por Edward ser o objeto de afeição de Bella, Crepúsculo é narrado (basicamente) com as interações que há entre os dois; sejam cenas em que ele a está salvando, ou na qual a protagonista toma decisões apenas (e se) quando o garoto lhe dá opções. Bella é uma personagem passiva em vários pontos, enquanto Edward é o responsável pela real ação do livro.

Em Sol da Meia-Noite nós vemos essa ação sendo narrada com uma riqueza de detalhes que apenas Edward poderia descrever, o que às vezes, adiciona uma nova série de falas a uma mesma cena. Contudo, é importante também ressaltar o quanto Stephenie Meyer peca, ao talvez, não atualizar sua narrativa romântica.

“Na primeira vez que provei sangue humano, meu corpo ficou em êxtase. Senti-me totalmente saciado e bem.”

Sol da Meia-Noite, pág. 363.

O protagonista é um vampiro de mais de 100 anos que estava entediado por vários motivos, e mesmo assim, a autora não nós deixa aprofundar em sua mente quanto a assuntos como sexo e violência.

Há apenas uma cena no livro em que se é conversado sobre sexo, e não há qualquer profundidade em seus pensamentos internos. E quando ele vê a questão surgindo no pensamento das demais pessoas, Edward possui duas posturas para tal: se é um parente, é muito íntimo e pessoal, se não é alguém próximo, são pensamentos vulgares.

Sangue por todo o caminho e as visões de alice

É lendo Sol da Meia-Noite que temos a real noção do quanto o sangue da Bella é fascinante e poderoso para Edward. As cenas em que na visão da garota, em Crepúsculo, foram imortalizadas por milhares de adolescentes como extremamente românticas, no olhar de Edward são apenas uma luta interna para não se tornar um assassino. O que faz as mudanças de humor do vampiro fazerem tão mais sentido, juntamente com a falta de bom senso da humana.

As descrições que o livro faz a respeito dessa fome são muito bem feitas e fazem você sentir o quanto ele se sente culpado e atormentando por estar junto a Bella. Porque mesmo que Edward diga que a ame, ele admite que, ainda assim, há a dúvida de que seu instinto possa ser maior. Dessa maneira há a culpa de manter ao lado do amor de sua vida, fazendo-a correr risco de morte a cada segundo.

As visões de Alice são uma grande parte do livro também e são muito bem narradas, fazendo você entender porque Edward evita tanto falar delas para Bella. Sem contar que acabam se tornando um alívio cômico algumas diversas vezes, devido a personalidade da vampira misturada ao relacionamento que possui com Edward e os demais irmãos.

“Será que eu estava traçando uma imagem muito condescendente de mim mesmo? Descrevendo uma vítima trágica em vez de um verdadeiro vilão?”

Sol da Meia-Noite, pág. 398.

Veredito

Sol da Meia-Noite é um ótimo romance para nós, que vivemos o frenesi da Saga Crepúsculo, podermos voltar à nossa juventude. Dessa vez com Edward, com uma riqueza de detalhes sobre os Cullen’s e a imagem que Stephenie Meyer tem sobre os vampiros. 

Além de se surpreender com a falta de melancolia que se imaginava ter no personagem, e ser agraciado com toda a ação e surpresa que um novo olhar sobre uma mesma narrativa pode trazer. Aguardamos ansiosos para ver quais outras histórias a autora vai trazer nesse universo, o que já foi prometido.

Pontos positivos

• Uma saga vampiresca está de volta
• Ação cheia de detalhes
• Aprofundamento no relacionamento com os personagens
• Narrativa em primeira pessoa

Pontos negativos

• Narrativa romântica extrema
• Falta de aprofundamento em assuntos atuais

NOTA: 8.5