A Pequena Sereia e o Reino das Ilusões é uma obra escrita pela jornalista e escritora irlandesa Louise O’Neill, e publicada no Brasil pela Editora Darkside em 2019 dentro da sua coletânea intitulada Dark Love.
Nós conferimos essa releitura do conto clássico e decidimos trazer nosso veredito para vocês que ficaram curiosos.
Não é pra falar, é apenas para ver
O livro irá fazer uma releitura do conto original de Hans Christian Andersen, que narra a história de uma sereia que se apaixona por um humano após salvá-lo de um naufrágio.
Nessa narrativa, somos apresentados a Muirgen, ou Gaia, a mais jovem princesa, das sete, do Reino dos Mares. Com recém-completados quinze anos, a jovem é dona de cabelos vermelhos incríveis, uma voz inigualável, e para o orgulho de seu pai, uma beleza sem quaisquer defeitos. Afinal, é essa a maior finalidade de uma sereia no reino, ser vista.
Um dia após seu aniversário, Muirgen finalmente tem permissão para visitar o tão falado mundo humano, que dizem ter levado sua mãe. Lá, ela avista um grupo de jovens, entre eles Oliver, um rapaz que rouba sua completa atenção. Contudo, uma tempestade chega, e ela tem que fazer uma escolha.
“Estou desesperada agora, mais desesperada do que jamais imaginei ser possível. Mas ainda tenho esperança. Deve ter um jeito de escapar disso. Deve ter.”
A Pequena Sereia e o Reino das Ilusões, pág. 79.
O preço que se paga por ser bonita
Para salvar a vida do jovem, Muirgen acaba sacrificando alguém no lugar dele, e, com medo que uma guerra se inicie por conta de sua atitude, ela resolve ir até o Mar das Sombras, lar da Bruxa do Mar.
Aguçada pela desconfiança e desespero, a sereia faz um trato: sua voz em troca de ter pernas por um mês. Nesse período Muirgen precisa fazer com que Oliver se apaixone por ela, caso contrário a magia iria exigir a sua vida como pagamento.
A partir daí ela parte para a superfície, e logo se vê na presença constante de seu aparente príncipe. Mas Muirgen logo percebe que o mundo humano e o fundo do mar têm tanto em comum, que mais parecem espelhos.
“Não, não tenho tempo para criticar Oliver, ou desejar que ele fosse diferente. Ele é meu destino.”
A Pequena Sereia e o Reino das Ilusões, pág. 160.
Veredito
O livro é muito bem escrito, e apesar de poder ter um início um tanto lento, a obra passa ao leitor um real conhecimento de tudo aquilo que a história quer transmitir, até chegar em seu foco principal. Louise O’Neil pega o conto original e busca dissertar a respeito da importância do feminismo, principalmente para as jovens, de uma maneira crua e realista.
Assuntos como abuso, tanto físico como mental, preconceito e depressão são abordados dentro da narrativa, fazendo com que o leitor acabe gerando empatia pelas personagens nas temáticas. E a moral do fim é plural, o que demonstra um conhecimento absurdo perante aos discursos do conto.
Visto isso, é importante apontar que A Pequena Sereia e o Reino das Ilusões não se trata de um livro infantil, e possui pouquíssima familiaridade com adaptação da Disney. Por isso, a indicação é para os leitores que buscam “contos de fadas” com uma pegada mais realista, além de um final surpreendente.
Pontos positivos
- Discurso Feminista
- Pluralidade da Moral
- Narrativa rica
Pontos negativos
- Início lento
NOTA: 9,5