Veredito do live-action de Lilo & Stitch

20/05/2025 - POSTADO POR EM Filmes

Após uma sequência de adaptações live-action que dividiram o público e a crítica, a Disney parece ter encontrado um novo fôlego com Lilo & Stitch. O filme dirigido por Dean Fleischer Camp prova que há espaço para reinvenção dentro da própria nostalgia. A produção atualiza com delicadeza e profundidade a história lançada em 2002, explorando camadas emocionais e visuais que dialogam com o público, sem perder a alma do original.

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A história que conquistou o Havaí

No centro da trama, seguimos Stitch (voz de Chris Sanders), uma experiência genética alienígena criada para destruição, que escapa de seu planeta de origem e aterrissa no Havaí. Lá, ele cruza o caminho da pequena Lilo (Maia Kealoha), uma garota solitária que vive com sua irmã mais velha, Nani (Sydney Elizebeth Agudong), desde a trágica perda dos pais. Confundido com um cachorro em um abrigo local, Stitch é adotado por Lilo, e juntos constroem uma relação que se torna uma metáfora sobre pertencimento, família e aceitação.

O roteiro, assinado por Chris Kekaniokalani Bright e Mike Van Waes, respeita o arco central da animação, mas não tem medo de aprofundar temas como luto, responsabilidade precoce e sacrifício familiar — especialmente na jornada de Nani, que ganha um protagonismo mais acentuado nesta versão.

Imagem de live-action de Lilo & Stitch

Personagens mais densos e atuações que comovem

O elenco entrega atuações envolventes. Maia Kealoha convence como a emocionalmente ferida Lilo, trazendo autenticidade à personagem. Já Sydney Agudong surpreende ao interpretar Nani com maturidade e vulnerabilidade, transmitindo o peso de ser irmã e mãe ao mesmo tempo. A dinâmica entre as duas sustenta o pilar emocional do filme.

Zach Galifianakis como Jumba e Billy Magnussen como Pleakley também acrescentam uma camada de humor e excentricidade à narrativa, com performances carismáticas que atualizam os personagens sem descaracterizá-los. Courtney B. Vance, como o agente Cobra Bubbles, traz sobriedade ao papel, mantendo a imponência e o mistério do original.

Stitch, recriado digitalmente, mantém o carisma e a energia caótica da versão animada, em parte graças à manutenção da voz original de Chris Sanders, o que contribui para a continuidade emocional do personagem.

Imagem de live-action de Lilo & Stitch

Proximidade com a animação

O remake acerta ao não cair na armadilha de replicar cena por cena a animação de 2002. Em vez disso, homenageia momentos icônicos — como a cena de surfe e os diálogos sobre Ohana — enquanto propõe novos olhares sobre os mesmos dilemas. O conceito de “Ohana”, que significa família e união incondicional, permanece o coração da narrativa, mas agora é explorado de forma mais dramática e realista.

Visualmente, o filme aposta em uma fotografia mais naturalista, em tons terrosos e solares que retratam com fidelidade a ambientação havaiana. A trilha sonora original de Alan Silvestri ganha reforços com novos arranjos e composições pontuais, mantendo a identidade da franquia.

Imagem de live-action de Lilo & Stitch
Imagem de live-action de Lilo & Stitch

Veredito

Lilo & Stitch é uma vitória rara entre os remakes recentes da Disney. Não apenas por conseguir recriar uma história querida com respeito e emoção, mas por ousar tratar o público com inteligência e empatia. Ao privilegiar as relações humanas, o filme transforma uma fábula alienígena em um retrato comovente sobre amor, perda e laços que resistem ao tempo e ao espaço.

Pontos positivos:

  • Excelente atuação de Sydney Agudong como Nani
  • Stitch recriado com carisma e autenticidade
  • Abordagem madura de temas como luto, pertencimento e responsabilidade
  • Direção sensível e cinematografia harmoniosa

Pontos negativos:

  • Algumas mudanças no elenco secundário podem desagradar puristas
  • Cenas com efeitos visuais não têm o mesmo impacto do conjunto dramático
  • Pequenas concessões narrativas que soam forçadas em certos momentos

Nota: 8,5/10