O filme brasileiro Tinnitus, do diretor Gregório Graziosi, finalmente chegou aos cinemas após ter passado por um circuito de festivais internacionais. O longa, desenvolvido em um projeto do Festival de Cannes, faz referência a uma doença crônica que afeta cerca de 17% da população mundial adulta. Conferimos o título em uma sessão especial e contamos nossas impressões a seguir.
Enredo
Marina Lenk (Joana de Verona) é uma atleta de saltos ornamentais que convive com um zumbido constante nos ouvidos. Por conta dele, ela tem sua vida completamente afetada, o que acaba fazendo-a largar o esporte para trabalhar como sereia em um aquário. Até em determinado momento ela não consegue mais fugir do que gosta e decide voltar a saltar.
Tinnitus é um filme com uma curta duração, mas longo demais. Sua narrativa é lenta e exige ao máximo a atenção do espectador. Entretanto, algumas cenas de CGI e as paletas de cores um tanto poluídas acabam por fazer o público se distanciar da narrativa. Outro problema é o excesso de sutileza com que os acontecimentos se desenrolam, trazendo detalhes que chegam a ser desnecessários para a trama.
Joana consegue entregar toda dor e angústia de sua personagem, mesmo quando o texto do enredo deixa a desejar. O fato é que é nítido que o filme mirou em body horror e entregou um drama, sem de fato colocar o corpo humano como algo que causa medo. O zumbido é instigante demais, porém não é abordado de uma forma minimamente aterrorizante ou agoniante.
O que é Tinnitus
Tinnitus é um zumbido que pode ser constante ou por um curto período de tempo. Sua forma permanente atinge cerca de 17% da população mundial. O tinnitus pode surgir como algo semelhante como ruído agudo e evoluir para outras formas. O tratamento exige que o paciente procure um especialista e, na maioria das vezes, o problema é tratado com o auxílio de um aparelho auditivo, já que pode causar surdez.
É muito interessante observar como um problema de saúde pouco conhecido pode receber mais atenção no cinema, incentivando as pessoas que sofrem de problemas semelhantes a procurar a ajuda necessária.
Veredito
Tinnitus é um filme que tem uma aura cult. É um longa difícil de assistir, do tipo que ou você ama ou odeia. O filme possui um enredo interessante e planos de fundos relevantes, mas peca por afastar o espectador com alguns artifícios ao mesmo tempo que requer a máxima atenção do público.
As referências do enredo a atleta Maria Lenk, nadadora brasileira pioneira na natação moderna e recordista mundial, é bem clara, o que é um ponto super positivo e traz luz para o esporte brasileiro. Já a crítica política aos abusos e torturas da ditadura militar é tão sutil que passa completamente despercebida para quem não está tão atento.
A direção é interessante, mas alguns cortes abruptos e um CGI não tão bem incorporado atrapalham a imersão do espectador. A atuação da protagonista, entretanto, é digna de louvor: Joana é excelente e demonstra angústia e medo com o olhar, elevando Tinnitus a outro patamar.
Pontos Positivos:
- Atuação de Joana de Verona
- Narrativa
- Referências esportivas e temáticas
Pontos Negativos:
- CGI mal desenvolvido
- Cortes abruptos
- Roteiro que demora demais para se desenrolar
Nota: 7,5