Shazam! Fúria dos Deuses é uma sequência direta do primeiro longa do herói da DC e chega às telonas com proposta semelhante: a de não se levar a sério. Conferimos o filme e vamos contar nossas impressões.

A vingança dos deuses

Billy Batson (Asher Angel) é um garoto de quase 18 anos que consegue se transformar em um super-herói apenas gritando “Shazam”. O menino e seus irmãos adotivos acabam virando alvo da vingança de um trio de antigos deuses, após ter seus poderes mágicos roubados. 

Shazam! Fúria dos Deuses é um filme com um roteiro que não se leva a sério, fazendo piada com o próprio universo dos heróis e quadrinhos. Infelizmente, a maioria das tiradas cômicas não funcionam ou só funcionam para um público muito específico, em especial aqueles mais jovens. 

Outro problema do filme é a forma como ele está dividido. Seu primeiro ato consegue ser interessante e desperta muita curiosidade, já o segundo é bem mais fraco e o terceiro apenas se arrasta. Em geral, das pouco mais de duas horas de duração, pelo menos 15 minutos poderiam ser retirados sem nenhum problema. Além disso, as duas cenas pós-créditos funcionam bem sozinhas, porém elas não conversam tanto com o tom do filme.

A questão familiar

Em Fúria dos Deuses, vemos uma questão familiar ser trazida para a trama, não só do lado dos mocinhos, mas também das vilãs. Billy tem um grande medo de ser abandonado e ter a sua família adotiva separada, o que gera um controle excessivo de sua parte. 

Entretanto, isso não se reflete no uso dos personagens para a trama, e com exceção do seu irmão Freddy (Jack Dylan Grazer), todos os demais membros da família são tratados como mero plano de fundo, salvo uma ou outra cena rápida.
Já as três vilãs são muito melhores trabalhadas como indivíduos. Fica claro que cada uma delas tem uma particularidade, sendo bem desenvolvida e de certa forma até cativante. Outra questão interessante que também está presente do lado do “mal” é o controle excessivo por parte de Héspera (Helen Mirren), a mais velha, e que reflete o comportamento do próprio Shazam (Zachary Levi).

A nova era da DC 

Vendo Shazam 2 fica muito claro que a Warner/DC já está passando por muitas alterações no seu universo cinematográfico, assim como foi prometido com a entrada de James Gunn. A primeira cena pós-crédito tem muito da estética do diretor, principalmente na linguagem utilizada.

Isso é uma tentativa de remodelar de alguma forma o tão explorado nicho de heróis, já que, observando a resposta aos últimos lançamentos, o público começa a dar os primeiros sinais de cansaço da temática. É preciso lembrar também que a Warner sofreu bastante com críticas duras e fiascos, tanto no cinema, quanto em séries, o que gerou cancelamento de vários títulos. Esse é o momento de deixar os erros do passado para trás.

Vale ainda ressaltar que James Gunn veio para DC depois da proeza de salvar os longas do Esquadrão Suicida. Ter, ainda que de forma singela, o toque de Gunn na franquia Shazam! traz uma certa segurança para um nome que se tornou uma das mais interessantes e diferentes desse universo cinematográfico. 

Veredito 

Shazam! Fúria dos Deuses é o típico filme sessão da tarde: cumpre seu papel de divertir, seja lá em que grau for. Apesar de não gostar da máxima “esse filme não é para qualquer um”, para esse caso ela casa muito bem. Simplesmente porque é necessário lembrar que um longa é um produto, no caso cultural, e, assim como qualquer produto, ele é feito para um público. Infelizmente, não faço parte dele, mesmo assim me diverti.

O roteiro do filme não procura inventar a roda e a todo instante tenta fazer piada com tudo, até nos momentos mais dramáticos. O que não é um demérito, pelo contrário, no caso de Shazam! essa é uma assinatura que foi respeitada. O problema está em algumas voltas desnecessárias que o tornam cansativo demais no segundo ato. Quanto ao final, acabou não se tornando tão empolgante quanto do seu antecessor..

Já a qualidade técnica do longa deixou um pouco a desejar quando comparado a outros títulos da DC. Porém, é necessário lembrar que Shazam! não tem um orçamento tão alto quanto outros filmes e dentro das limitações, tudo ficou bem ok.

Pontos positivos:

• Enredo divertido
• Humor acessível
• Direção 

Pontos negativos:

• Roteiro com furos e voltas desnecessárias
• Atos mal divididos, onde alguns são longos demais e outros tratam de detalhes desnecessários ao desenvolvimento 

NOTA: 7/10