Veredito de Priscilla

08/01/2024 - POSTADO POR EM Filmes

Depois do longa sobre o Rei do Rock de 2022 chegou a hora de vermos um outro lado da história com Priscilla, o novo filme de Sofia Coppola. Nós conferimos a produção e vamos contar nossas impressões nesse veredito, acompanhe.

Enredo

Antes de se tornar a esposa de um astro, a adolescente Priscilla Beaulieu (Cailee Spaeny) era uma jovem comum, de uma família tradicional e com um pai rígido. Certa noite ela conhece Elvis Presley (Jacob Elordi) em uma festa e os dois desenvolvem um relacionamento inesperado. 

A garota é tomada por uma paixão arrebatadora, que a faz perseguir esse amor de todas as formas possíveis. O que ela não esperava eram as consequências de uma relação com alguém como Elvis.

Imagem: Divulgação

Por trás das cortinas

Se você já assistiu Elvis (2022) pode encarar Priscilla como um outro lado dessa história. É como se o longa de Baz Luhrmann fosse um grandioso espetáculo e a versão de Sofia Coppola os bastidores do mesmo. Mais intimista, o filme foca em momentos menos grandiosos, desenvolvendo com mais profundidade a relação conturbada do Rei do Rock com sua esposa. 

As questões no relacionamento de ambos vão escalonando aos poucos, revelando que, mesmo com uma grande paixão envolvida, Elvis não deixava de demonstrar comportamentos possessivos, controladores e explosivos. A própria escolha dos atores reflete essa dinâmica, Spaney com seu 1,55m de altura quase some perante a massiva figura de Elordi.

Dessa forma, demora até vermos Priscilla ter mais agência sobre si mesma, tudo nela é pautado pelo que Elvis dita, enquanto ela vai se diminuindo para caber na relação. Sua juventude e falta de experiência certamente foram fatores determinantes, mas é difícil não enxergar toda a situação de vida dessas pessoas como algo triste.

Imagem: Divulgação

Para onde estamos indo?

Uma das grandes questões do filme, que pode incomodar, é a sua insistência em sempre mostrar algumas cenas específicas para setar a relação. Temos diversos momentos nos quais Priscilla vê prováveis affairs de Elvis por meio de jornais e revistas, em que ela é deixada para trás quando o astro parte para um novo trabalho ou quando é mostrada completamente só em Graceland. O objetivo, obviamente, é reforçar esses comportamentos, mas a certa altura as repetições ficam cansativas.

Outro ponto é que a produção não faz um trabalho tão refinado para nos situar em tempo e espaço. Existem diversas cenas super rápidas, talvez na intenção de mostrar o avanço dos meses ou anos, mas que nem sempre possuem um propósito narrativo claro. Estamos sempre pulando entre momentos mais calmos e outros de crise.

Imagem: Divulgação

Veredito

Priscilla não chega a ser um estudo de personagem, pois acho que não conhecemos tão bem sua personagem-título quando poderíamos, mas ainda assim o longa consegue cumprir sua proposta de jogar luz sobre acontecimentos menos conhecidos da vida íntima de uma mulher que passou tanto tempo à sombra do marido astro.

Um dos grandes êxitos da obra é justamente o casal protagonista, cujos intérpretes entregam seus papéis com maestria. Podemos destacar principalmente Spaney, que nos mostra uma Priscilla muito verdadeira e cheia de sutilezas, já Elordi traz um Elvis que foge do caricato.

Com seus altos e baixos o filme consegue verdadeiramente emocionar, com cada cena trazendo um sentimento novo ao espectador, além do desejo que as circunstâncias pudessem ter sido mais favoráveis a todos ali, mas a vida é o que ela é.

Pontos positivos: 

  • Boas atuações
  • Narrativa sensível

Pontos negativos:

  • Cenas repetitivas
  • Linha do tempo pouco clara

NOTA: 8,5