Veredito de Pobres Criaturas

01/02/2024 - POSTADO POR EM Filmes

O novo longa do diretor Yorgos Lanthimos (A Favorita, O Sacrifício do Cervo Sagrado), Pobres Criaturas, chegou aos cinemas. O filme estrelado por Emma Stone é um dos favoritos dessa temporada de premiações, já tendo angariado prêmios no Globo de Ouro, Critics Choice Awards e Festival Internacional de Cinema de Veneza

Mas será que a produção é tudo isso mesmo? Fomos conferir em uma sessão especial e vamos contar tudo que achamos.

Enredo

Com uma forte inspiração no ícone da literatura Frankenstein (1818), acompanhamos uma trama que se passa na Inglaterra da época Vitoriana. A jovem Bella Baxter (Emma Stone) é trazida à vida novamente em um experimento do médico Godwin Baxter (Willem Dafoe).

Ela, apesar de adulta, precisa ser ensinada novamente sobre as tarefas mais básicas, como comer e andar. Querendo conhecer mais do mundo, Bella foge com um advogado e viaja pelos continentes, exigindo igualdade e libertação.

Imagem: Divulgação

Abordagem densa

Pobres Criaturas é um filme que tem uma pegada bastante surrealista, não só no visual, mas no próprio enredo. Em alguns momentos é possível notar uma pitada dos longas do expressionismo alemão, movimento artístico da década de 1920 cujos filmes mais conhecidos incluem O Gabinete do Dr. Caligari (1920) e Nosferatu (1922). 

O roteiro mistura várias fábulas entre os atos, que são divididos de acordo com os acontecimentos impactantes na vida de Bella.

O enredo ainda tem um toque filosófico muito interessante, onde discute o livre arbítrio e a moralidade. Ele faz isso por meio de uma abordagem elegante para a hipocrisia da sociedade, principalmente no que tange à sexualidade feminina. É apontado como a liberdade sexual da mulher tende a ser chocante para os mais conservadores, levando o espectador a ficar horas (ou até mesmo dias) refletindo sobre a experiência

Imagem: Divulgação

O figurino

É impossível não falar sobre o figurino de Pobres Criaturas e a sua relevância para a trama. Holly Waddington conseguiu complementar muito bem a narrativa de toda a liberdade sexual de Bella e ao mesmo tempo em que aborda sua inocência.

As mangas bufantes, babados e rufos são essenciais, estando presentes em todas as fases da personagem. Entretanto, a figurinista optou também pelo equilíbrio de proporções, com muito volume na parte de cima e mais simplicidade no inferior das peças. Fica claro que temos uma inspiração vitoriana, mas ela não é literal, até porque quem naquela época usava um shortinho?

A escolha dos tecidos para cada peça é mais uma forma de reforçar a candura da protagonista. Em vários momentos Bella usa tecidos leves e até transparentes, como cambraia de linho, seda e tule, por exemplo. As cores são predominantemente claras e pastéis, como azul, branco e amarelo, reforçando suas características doces.

Não optar por um figurino essencialmente de época e quebrar com as regras de vestimentas daquela era é algo fundamental para mostrar que Bella é uma mulher diferente de todas as outras do seu tempo, reforçando que ela não foi ainda corrompida pela hipocrisia da sociedade.

Imagem: Divulgação

Veredito

Pobres Criaturas tem um ar extremamente experimental e de sonho. É como se fosse um pensamento que vem à cabeça e é colocado em prática sem pensar. Entretanto esse fluxo não é uma bagunça, mas sim algo organizado, ou intencionalmente organizado para parecer um grande devaneio

O visual consegue transmitir em consonância as ideias da narrativa, o que é um ponto positivo, já que ele passou tudo aquilo que o roteirista desejava. Outro acerto do roteiro está nos diálogos muito bem construídos, sem expor demais ou não comunicar o suficiente. 

É impossível deixar de lado o trabalho primoroso de Emma Stone, que entregou uma protagonista única. Suas expressões faciais e corporais são o que completam a narrativa, dando um tom especial ao filme.

Pontos positivos:

  • Roteiro
  • Trabalho de Emma Stone
  • Figurino
  • Design de produção

Pontos negativos:

  • Não tem

NOTA: 10/10