Finalmente chegará aos cinemas o novo filme da Blumhouse. Prometido para 2021, O Telefone Preto acabou sendo adiado várias vezes. O longa é dirigido por Scott Derrickson, mesmo diretor do terro/suspense A Entidade (2012). Conferimos o título e vamos contar nossas impressões.
Suspense cadenciado
Finney Shaw (Mason Thames) é um garoto de 13 anos que vive com seu pai e sua irmã mais nova Gwen (Madeleine McGraw). Eles moram em Denver, uma cidade norte-americana assombrada por sequestros em série. Um dia, voltando para casa após a escola, Finney é sequestrado Grabbler (Ethan Hawke), que o tranca em um porão onde há apenas um colchão e um velho telefone preto, o qual segundo o criminoso não funciona, mas ele acaba recebendo ligações um tanto suspeitas.
O roteiro do filme é bem enxuto, o que reflete na curta duração, apenas 1h43min. Dividido em três atos, o longa inicia mostrando um pouco de Finney e sua dinâmica familiar, depois o sequestro e os perigos que ele passa no cativeiro e, por fim, o desfecho. O filme tem pouquíssimos sustos, mas eles são bem elegantes, pois a trama consegue com maestria ir construindo uma aura de mistério de forma bem cirúrgica.
O sequestrador foi muito bem construído. Apesar de aparecer sem máscara apenas em duas ou três cenas, Ethan consegue imprimir uma aura imponente de medo e deixar o público nervoso e curioso a cada vez que ele aparece em cena. Aliás, quero deixar bem claro aqui que a máscara escolhida por si só já assusta bastante e ajuda a dar medo mesmo naqueles que dizem não se sentir assustados.
Sequestros nos anos 1970
Se você curte histórias de crimes, sabe que na década de 1970 existiam inúmeras histórias de sequestros e serial killers. Um exemplo disso, e que voltou à tona recentemente, está no documentário O Caso Evandro (2021), disponível na Globoplay e criado pelo jornalista Ivan Mizanzuk.
Mesmo assim, o longa não é inspirado especificamente em um acontecimento real, sendo a adaptação de um conto publicado em 2004 por Joe Hill, filho de Stephen King. Mas de toda forma, o diretor acabou se inspirando em memórias de infância sobre várias histórias de violência no centro-oeste norte-americano. O fato é que essas lembranças ajudaram a dar um toque bem autoral e único ao filme.
Veredito
O Telefone Preto é com toda certeza um filme bem elegante e instigante. Porém, para quem procura por um longa de sustos, essa não é uma boa pedida, já que estes são poucos. O terror e suspense são construídos de forma gradual e quando o espectador menos espera, voilà!
O roteiro é inteligente ao trazer a adaptação de um conto toques pessoais e tentar dar à história uma certa dúvida se é real ou não o que estamos vendo em tela. Além disso, a trama consegue construir personagens interessantes e com uma personalidade única. Porém, um problema que vemos aqui é que o filme não se aprofunda tanto na dinâmica entre pai e filho.
A direção é dinâmica e toma decisões interessantes ao escolher o que será mostrado, além de não ser nenhum pouco cansativa. A escolha dos enquadramentos também ajuda muito na narrativa.
Pontos positivos
- Direção
- Atuação
- Roteiro
Pontos negativos
- Falta de aprofundamento na dinâmica entre pai e filho
NOTA: 10