O que você faria se, em poucos dias, perdesse o que mais ama fazer e tivesse que virar sua vida ao avesso? O Som do Silêncio, apenas o 2° filme dirigido por Darius Marder, nos traz o pesadelo de um baterista que está perdendo a audição e vê seu mundo mudar completamente.
O longa chegou ao serviço de streaming da Amazon Prime Video e você confere agora o que achamos.
O vazio repentino
Ruben (Riz Ahmed) e Lou (Olivia Cooke) estão em turnê pelos EUA com pequenos shows de heavy metal. A vida do casal é sacudida quando o jovem baterista percebe que sua audição já não é mais a mesma e está decaindo rapidamente.
Sem escutar o que sua namorada canta ou conversa, suas duas maiores paixões são tiradas de forma abrupta. O silêncio passa a reinar, não importam as tentativas. A solução provisória é procurar integrá-lo à uma comunidade surda afastada, sem contato com o exterior.
A impactante mudança de realidade não agrada a Ruben, que, incapaz de aceitar sua nova condição, vai criando conflitos internos que se acumulam ao longo da história.
Aceitação, o processo mais difícil
Entender que o dia a dia de uma pessoa não será mais o mesmo por questões físicas é um peso que demora a se soltar. Principalmente para quem não convivia com o problema antes. O Som do Silêncio foca justamente nessa árdua caminhada de adaptação para Ruben com sua deficiência. Negar o inevitável é uma parte do processo de aceitação de um contexto inédito para todos.
Resta se jogar para absorver, como uma esponja, o conhecimento necessário através da ajuda de quem já se acostumou com aquilo. E o filme de Marder faz isso de forma excelente.
Sem pressa, o 2° e o 3° ato mostram uma escalada dolorosa e solitária de quem tenta se incluir no novo meio. Ahmed expõe os opostos da raiva internalizada e da esperança com naturalidade e intensidade em cada minuto. É uma das melhores interpretações do ano, impulsionada no final pela performance de Cooke.
Veredito
Além das performances, a mixagem de som é outro ponto de destaque. O jogo entre as perspectivas sonoras para cada situação e estado do protagonista contribuem na imersão do público no desespero de Ruben. O silêncio aqui comunica e sensibiliza mais do que muitos dramas forçados e cheios de gritaria recentes.
Porém, nem tudo é positivo: em alguns diálogos, é citado que Ruben é viciado em heroína e que sua estadia na comunidade é dependente da distância dele à droga. O vício do personagem não é revisitado ou trabalhado em nenhuma cena, deixando uma ponta completamente desnecessária à trama já eficiente.
O Som do Silêncio surpreende por Ahmed em sua melhor interpretação e prende pela construção dramática paciente em um tema pouco abordado.
Pontos positivos
- Performance de Riz Ahmed
- Mixagem de som alavancando o ótimo drama
Pontos negativos
- Elemento “drogas” inserido sem finalidade
Nota: 9