Veredito de Millenium: A Garota na Teia de Aranha

07/11/2018 - POSTADO POR EM Filmes

A protagonista da obra literária de Stieg Larsson, Lisbeth Sallander, retorna aos cinemas na adaptação do quarto livro da série “Millenium”, dessa vez dirigida por Fede Alvarez. O filme, que quebra um hiato da franquia desde “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” (2011), do diretor David Fincher, renova não só a direção, mas o elenco e o tom da obra, trazendo pela primeira vez ao público a história da “Garota na Teia de Aranha”.

Reencontrando pessoas que a marcaram e precisando lidar com algumas feridas do passado, Lisbeth, que vive como uma justiceira cibernética de mulheres em relacionamentos abusivos e violentos, acaba se encontrando em um impasse de nível global.

A Nova Garota

A personagem de Larsson, que já foi interpretada nos cinemas por Ronney Mara, na versão americana, e por Noomi Rapace, na versão sueca, ganha mais uma intérprete para a nova aventura, a atriz Claire Foy (de “The Crown”), que apresenta uma atuação segura, mas não destacável. É uma performance esquecível em alguns momentos, mas que não atrapalha a experiência geral com a anti-heroína, que carrega o filme nas costas.

A nova Lisbeth continua uma personagem forte, esperta e muito habilidosa. Mas o que antes era uma figura sombria e implacável, na adaptação, ganha tons mais humanos, o que funciona bem dentro do drama familiar pelo qual a protagonista passa. Esse drama começa sendo trabalhado no plano de fundo do filme, mas vai ganhando destaque com o passar dos atos.

Ao contrário de “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” de Fincher, a quarta história da franquia não dá tanto foco para o jornalista Mikael Blomkvist, o que impede qualquer destaque na atuação de Sverrir Gudnason, que, como seu personagem, permanece em um segundo plano bastante seguro. O mesmo acontece com os personagens secundários do filme, com exceção da antagonista, que, mesmo com pouco tempo de tela, consegue se destacar.

Foto: Divulgação

O Desenrolar da Teia

O filme mantém o tom dramático da obra que adapta, mas aposta também em uma ação hiperbólica, com cenas de perseguição e pancadaria, se assemelhando muitas vezes com um filme da franquia “Missão Impossível”. Essa combinação funciona bem em tela e apresenta uma experiência divertida e imersiva para o público em geral. Talvez não seja, contudo, capaz de agradar a todos os fãs da obra original que venham ao cinema a procura de um filme mais sombrio e denso.

O roteiro consegue balancear bem os flashbacks da vida de Lisbeth e os acontecimentos do presente, ajudando na construção da personagem – mesmo sem um contato prévio com os livros ou as outras adaptações cinematográficas. Entretanto, dentro do enredo genérico apresentado, o roteiro peca em desenvolver os acontecimentos de forma satisfatória para criar a atmosfera de tensão e mistério. Isso acontece, às vezes por algumas soluções fáceis, outras vezes por excesso de explicações. No fim, o desfecho fica comprometido em uma fórmula pouco inovadora e que pode ser vista como destoante do que foi apresentado até então no longa.

Foto: Divulgação

Veredito

Dessa forma, “Millenium: A Garota na Teia de Aranha” é uma obra que mira em um drama investigativo, mas acerta em um filme de ação e espionagem, ainda que funcione muito bem nessa nova roupagem. Tendo uma narrativa eficiente e uma protagonista que desempenha seu papel (apesar de não mais do que isso), é um filme que se sustenta de forma independente e cria seu próprio visual e abordagem. O que, talvez, para os fãs dos livros, não agrade tanto, mas que, para o grande público, traz diversas reações positivas.

A Lisbeth de Claire Foy, apesar de bem atuada, não se destaca entre as suas antecessoras, e a história contada está longe de ser memorável. É, desse modo, uma adaptação competente, mas não mais do que isso. Ao falarem de Millenium, dificilmente este filme vai ser o primeiro em mente. Mas é impossível não citá-lo como um bom filme solo.

Foto: Divulgação