Após uma sequência de adiamentos, finalmente estreia nos cinemas neste dia 14 de abril Medida Provisória, novo filme brasileiro dirigido por Lázaro Ramos e estrelado por Taís Araújo, Alfred Enoch e Seu Jorge. O longa tem um enredo distópico cheio de críticas e que acabou sofrendo boicotes, mesmo antes do lançamento. Conferimos a produção e contamos aqui as nossas impressões. Se liga!

Enredo

Em algum momento do futuro, o governo brasileiro decretou uma lei que tem o falso objetivo de reparar historicamente o passado escravocrata, obrigando a população negra a voltar para a África. Diante desse cenário, somos apresentados ao casal protagonista Capitu (Taís Araújo) e Antônio (Alfred Enoch), além do jornalista André (Seu Jorge) que mora com eles.

Os três são diretamente afetados pela medida. Antônio e André decidem resistir à lei e não embarcar para o continente africano. Os dois são perseguidos pelo governo e são privados dos serviços básicos, como água e eletricidade. Enquanto isso, Capitu junta-se a um grupo de resistência, o que a obriga a se manter afastada e cortar qualquer contato com aqueles que ama.

O roteiro do filme é bem interessante e cria uma empatia enorme pelos personagens. Contudo, o segundo ato perde um pouco de força quando comparado aos outros dois. O ato final é bem forte e nos deixa bastante apreensivos e torcendo para que tudo fique bem com os protagonistas. 

Referências

Medida Provisória é um filme que bebeu muito de outras obras já existentes no cinema, como por exemplo os longas de Jordan Peele Corra! (2017) e Nós (2019). Apesar de não ser do mesmo gênero, é nítido que em alguns momentos a direção tenta fazer com que o espectador fique apreensivo e sinta pelo menos uma parcela do terror que os personagens estão sentindo.

Além disso, o roteiro utiliza momentos da história brasileira para lembrar que aquele enredo pode não ser completamente realidade hoje, mas vários traços e acontecimentos podem fazer com a ficção acabe se tornando realidade e talvez se torne até pior. Um exemplo disso é a cena da votação da lei fazendo alusão clara ao momento em que a Câmara dos Deputados votou o Impeachment em 2016.

Outros momentos interessantes de serem observados são aqueles que fazem alusão à ditadura militar (1964-1985). Diferentemente do episódio da votação, essas referências estão espalhadas por todo o filme, tanto de forma sutil quanto mais explícita.

Veredito

Medida Provisória é um filme bastante interessante e que com certeza merece ser visto nos cinemas, não só pela necessidade de apoiar as produções nacionais, mas também por tocar em assuntos extremamente relevantes ao cotidiano brasileiro. Seu único problema está na transição do primeiro para o segundo ato, onde o filme acaba perdendo um pouco de ritmo e força, mas logo se recupera no início do terceiro e (impactante) último ato.

Pontos Positivos:

• Temática interessante
• Ótimas referências
• Boa direção

Ponto Negativo:

• Perda de ritmo no segundo ato

Nota: 8,5