Uma das mais longevas franquias de terror, Jogos Mortais (2004 – ) trouxe, à época de seu lançamento, novas ideias para o gênero, com uma proposta mais sanguinária, mas também um estudo de personagem interessante e que transita entre a área cinza de sua personalidade. 

Jogos Mortais X, o mais novo capítulo da saga, acaba de chegar aos cinemas mundiais e nós fomos convidados pela Lionsgate para conferir em uma sessão especial. Confira agora nossas impressões do longa.

Enredo

John Kramer (Tobin Bell) é um engenheiro e arquiteto que sofre de câncer terminal, sendo que seu tumor está localizado em uma área muito sensível do cérebro. Após esgotar todas as alternativas conhecidas, ele decide procurar um método não aprovado no México, que promete curar qualquer tipo de câncer. 

Ao chegar no local, porém, Kramer descobre que tudo não passava de uma farsa e ele foi vítima de um golpe. É então que novos jogos mortais começam.

Novos elementos

Já sendo o 10º filme da franquia, o roteiro de Jogos Mortais X surpreendentemente  consegue trazer uma estrutura diferente dos outros longas da saga. A narrativa, a princípio, pode parecer lenta no primeiro ato, mas este é extremamente necessário para que as armadilhas façam sentido e causem choque no espectador. 

O roteiro apela bastante para o emocional no começo, tanto que, ao invés de ter apenas asco pelo protagonista, nos pegamos em certo momentos sentindo empatia. Assim, a proposta da narrativa é de não julgar John à primeira vista, porém tampouco empatizar, e sim manter o questionamento sobre sua natureza o filme inteiro.

Velhos conhecidos

A franquia Jogos Mortais começou em 2004 com James Wan (Invocação do Mal, Aquaman) no comando. Entretanto, logo no segundo filme ele foi substituído por Darren Lynn Bousman (Espiral: O Legado de Jogos Mortais, Minha Morte), que fez a escolha criativa de manter alguns personagens iniciais no desenrolar dos outros longas. 

Dessa forma, Jogos Mortais X resgata não só Jigsaw, mas também a icônica Amanda Young (Shawnee Smith). A ideia não foi ruim, mas faltou um trabalho mais cuidadoso na composição visual dela, já que é visível que a atriz está bem mais velha. E isso só é um problema porque resolveram encaixar cronologicamente essa produção entre o segundo e o terceiro filmes da saga.

Entre falhas e acertos

O primeiro filme de Jogos Mortais foi um verdadeiro sucesso de bilheteria. A história escrita e dirigida por James Wan teve um orçamento de US$ 1.200.000 e arrecadou US$ 103.096.345. Além disso, o primeiro filme é lembrado especialmente pelo seu intrigante plot twist do final.

As produções seguintes também tiveram boas arrecadações, mas infelizmente não agradaram tanto crítica e fãs. O maior problema deles não era relacionado ao elemento terror, mas sim a um roteiro cheio de falhas e que carecia de uma construção melhor dos personagens.

Apesar disso, os fãs se mantiveram fiéis e mesmo com problemas, os filmes são lembrados com uma certa memória afetiva, justamente porque a proposta da franquia é chocar, e isso ela sempre fez.

Veredito

Jogos Mortais X é um ótimo filme de horror, possivelmente o mais brutal da franquia, não só pelas armadilhas, mas também por se importar em primeiro construir uma relação entre personagens e público. É importante dizer que as armadilhas são muito criativas e sanguinárias, levando os espectadores a sair da sala ou fechar os olhos durante algumas cenas.

O roteiro é bem construído, apresentando um estudo de personagem interessante, mesmo com uma proposta diferente dos outros da franquia. Apesar disso, olhando como filme isolado, ele possui pequenos furos, os quais somem quando olhamos para o todo, pois suas respostas estão na franquia em geral. 

Tobin Bell está excelente e sua caracterização mais envelhecida faz sentido quando olhamos a severidade do tratamento e da doença. Além disso, vale destacar sua atuação impecável. Entretanto faltou um trabalho melhor em Shawnee, que visualmente não faz sentido com a cronologia da saga.

Pontos positivos:

• Armadilhas criativas e brutais
• Roteiro com um bom estudo de personagem
• Construção da atmosfera
• Ótima caracterização e trabalho de Tobin Bell

Pontos negativos:

• Primeiro ato lento
• Falta de trabalho visual na personagem Amanda
• Pequenos furos de roteiro

NOTA: 8/10