Veredito De Halloween Kills: O Terror Continua

14/10/2021 - POSTADO POR EM Filmes

Michael Myers, o mal encarnado, ainda está à solta – para o azar de Jamie Lee Curtis. Halloween Kills: O Terror Continua é o segundo capítulo da nova trilogia de filmes da franquia Halloween (1978 – ). Após a boa recepção de público e de crítica do primeiro capítulo, lançado em 2018, esta continuação traz antigos personagens interpretados por alguns dos atores originais da produção de 1978.

Será que nesta sequência o ritmo aterrorizante mantém o nível de seu antecessor? Ou será esta mais uma produção medíocre como boa parte das obras da saga? Confira as respostas no veredito a seguir.

O mal retorna para a casa

Após incendiar a própria casa para destruir Michael Myers (James Jude Courtney e Nick Castle), Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) consegue fugir com sua filha, Karen Nelson (Judy Greer), e neta, Allyson (Andi Matichak). O que as três não esperavam é que o assassino sobreviveu ao incêndio e segue em busca de fazer mais vítimas.

Sabendo do retorno de Myers, os habitantes da cidade de Haddonfield montam uma força tarefa para derrotar o vilão. Entre os combatentes, estão pessoas diretamente ligadas aos eventos ocorridos em 1978, dispostas a fazer justiça com as próprias mãos.

Imagem: Divulgação

A encarnação da maldade

Não tente entender Michael Myers pela lógica. Sua força sobre-humana e a invulnerabilidade que praticamente o transformam num ser imortal são artifícios úteis que estão no filme para atiçar o terror dos personagens, enlouquecendo-os em não saberem lidar com tal personificação maléfica.

Tal característica é o diferencial desta nova abordagem da saga Halloween. Na sequência iniciada em 2018, e diretamente conectada apenas com o filme de 78, a trama é elaborada pelo pressuposto de que Myers tem um propósito psíquico inerente a si e hermético demais para qualquer outra pessoa entender. Até mesmo um especialista. 

Olhando na perspectiva do que há em Halloween Kills: O Terror Continua, vemos que as ações de Myers tem um aprofundamento muito expansivo que não está ligado apenas à morte pela morte. Suas ações buscam o caos e medo, sentimentos propícios para extrair sua vontade diabólica. Nada no lugar comum da lenda urbana ou de forças sobrenaturais. É o horror como estimulante e linguagem.

Imagem: Divulgação

O medo corre solto

Desta vez, temos um envolvimento maior dos moradores da cidade na procura por Michael Myers. E no meio dos “caçadores”, estão pessoas diretamente envolvidas nos eventos do primeiro filme, como os sobreviventes Tommy Doyle (Anthony Michael Hall) e Lindsey Wallace (Kyle Richards), a enfermeira Marion Chambers (Nancy Stephens) e o policial Leigh Brackett (Charles Cyphers), pai de uma das vítimas de Myers.

Mais do que um mero “show de referências” (que havia aos montes no filme de 2018), os personagens servem para mostrar que Laurie Strode não é a única pessoa do local que sofre com memórias traumáticas. Com esse reforço, o roteiro pôde desenvolver subtemas que fortaleçam o caos gerado com o retorno de Myers à Haddonfield, como a vontade dos moradores em fazer justiça com as próprias mãos sem o mínimo preparo técnico e emocional para lidar com tamanha ameaça.

Nesse quesito, a trama se sai bem e consegue extrair apelos dramáticos autênticos. Além disso, o filme não se acanha em ser bastante expositivo no quesito violência, causando um choque nos personagens (e na audiência).

As atuações de Judy Greer e Andi Matichak estão bem mais convincentes do que no último filme, sem as distrações de subtramas paralelas sem impacto. A produção até se arrisca em oferecer alguns alívios cômicos, mas sem muito aproveitamento para o filme como um todo.

Imagem: Divulgação

Padrão ou inovação?

O primeiro filme, lançado em 1978 tornou-se célebre pela criatividade que driblava os poucos recursos gerenciados pelo diretor John Carpenter e a produtora Debra Hill. Carpenter ainda está no longa apenas como o responsável pela trilha sonora, que continua bastante inspirada e envolvente.

No entanto, bem que ele poderia estar na produção e supervisão técnica para dar dicas valiosas ao atual diretor do longa, David Gordon Green. Mesmo dirigindo o filme com o auxílio de uma equipe maior, falta criatividade nos atributos técnicos de Halloween Kills: O Terror Continua.

Infelizmente, o filme esbarra em lugares-comuns do cinema de terror: os erros banais das vítimas só para dar vantagem ao vilão, enquadramentos bastante convencionais e jumpscares desnecessários. Na busca por algo mais frenético e urgente, o filme enfraquece por não passar por cima das convenções batidas em favor de uma inovação na sua narrativa e estética.

Imagem: Divulgação

Veredito

Buscando um formato diferenciado para uma franquia com 12 filmes, Halloween Kills: O Terror Continua segue mantendo o interesse do novo e antigo público na escalada de violência de Michael Myers e a sobrevivência de Laurie Strode

O longa consegue captar bons elementos que conferem à trama mais maturidade e alinhamento com a realidade atual. Oferecer protagonismo aos cidadãos de Haddonfield é uma decisão bem acertada.

Mesmo contendo as melhores histórias lançadas desde o começo da saga, esta nova produção não está imune a certos vícios comuns no cinema de horror. Não prejudicam seriamente a obra, mas ocupam o espaço que deveria ser de posse dos elementos criativos e inovadores que fizeram esta franquia célebre no final dos anos 70 e que ainda funcionam hoje.

Pontos positivos

  • Amadurecimento da trama
  • Contexto psicológico muito bem elaborado
  • Avanços nas atuações de Judy Greer e Andi Matichak
  • Enredo bem delimitado

Pontos negativos

  • Poucas ideias criativas na condução da história
  • Tiradas cômicas sem força de entreter
  • Vícios do cinema de terror presentes no longa

NOTA: 7,5