Veredito de Ghostbusters: Mais Além

09/11/2021 - POSTADO POR EM Filmes

O espectro da nostalgia ainda ronda Hollywood. E quem foi chamado para trazer os anos 1980 às telonas? os Caça-Fantasmas! Após 32 anos depois do lançamento do segundo filme da franquia, em 1989, a sequência canônica Ghostbusters: Mais Além (2021) promete reavivar as aventuras do grupo paranormal com uma geração mais jovem e diversa.

O filme tem estreia marcada para o dia 19 de novembro, e já mexeu com as expectativas do público por trazer o elenco original refazendo seus papéis em participações especiais. Assistimos em primeira mão pra dizer se valeu a pena ou não ter ligado pros Caça-Fantasmas.

Quem você vai chamar?

Os irmãos Trevor (Finn Wolfhard) e Phoebe (Mckenna Grace) se mudam para Summerville, uma cidade rural em Oklahoma, após sua mãe Callie (Carrie Coon) declarar falência. Sem ter onde morar, Callie aceita como herança a casa na fazenda de seu pai, um misterioso cientista com quem ela cortou laços.

Ao chegar no local, Phoebe descobre que o avô era membro original dos Caça-Fantasmas. Ela desvenda também que a cidade onde mora corre perigo, pois um grande mal repousa na região e está prestes a acordar.

Imagem: Divulgação

Nova história, nova geração

A decisão mais acertada dessa nova produção de Ghostbusters: Mais Além é de ter apostado em um elenco jovem para dar segmento às novas aventuras. Algo similarmente feito na animação canônica Os Novos Caça-Fantasmas (1997). O filme até traz uma inspiração à la Stranger Things (2016 – ) – inclusive com um ator da série no elenco.

Uma aventura que usa e abusa do arquétipo da cidade do meio do nada, onde atividades estranhas ocorrem escondidas perante uma população ignorante. Nada original, porém não precisavam exagerar no clichê: para caracterizar a cidade, a produção optou por mostrá-la como um local parado no tempo, onde ainda existe VHS nas escolas, garçonetes de patins e um xerife ranzinza. Calma lá, né?

Mas o que dizer então do elenco jovem? É neles onde está o maior brilho do filme. O protagonismo está bem seguro com a atriz Mckenna Grace (conhecida por interpretar “versões criança” em produções como O Mundo Sombrio de Sabrina e A Maldição da Residência Hill). 

Aqui, Grace lidera o grupo sendo uma menina nerd habilidosa, que tem como integrante (e alívio cômico) um garoto de nome Podcast, interpretado pelo estreante – mas não menos competente – Logan Kim. Wolfhard também tem seus momentos na história, principalmente fazendo o irmão mais velho meio bobão, mas carismático do seu jeito.

Já na parte adulta do elenco, o grande destaque é Paul Rudd, pela sua competência nos momentos cômicos. Carrie Coon, entretanto, deixa a desejar em boa parte do filme, por sua atuação muito estática mesmo em situações mais emotivas, algo que só muda já próximo do final. 

Imagem: Divulgação

Solucionando mistérios

Durante todo o longa, o filme tenta equilibrar duas missões: a primeira é apresentar, para o público novo, o que são os Caça-Fantasmas, seus equipamentos e os eventos anteriores. A segunda é mostrar o que está acontecendo de fantasmagórico com Summerville e o que o avô de Phoebe estava fazendo lá.

Como Ghostbusters: Mais Além tem dois trabalhos para um só produto, vemos que a segunda missão depende da primeira para existir e não precisar de tanta investigação, pois ela age como fanservice. Ou seja, fica óbvio para quem já assistiu. Quem não viu, vai seguindo o rumo das explicações dadas expositivamente.

Percebe-se que o potencial do filme seria melhor trabalhado se ele não tivesse que recomeçar as explicações sobre os Caça-Fantasmas. Ok, 32 anos de hiato não são 32 dias, mas caso haja uma continuação, poderemos ver essa parte investigativa mais bem explorada do que neste longa.

Imagem: Divulgação

Atualizações enfim necessárias

Ao fazer um Caça-Fantasmas para a nova geração de espectadores, temos também uma direção e produção atentas à visão de mundo que existe hoje. Se os primeiros filmes eram prejudicados pela pouca representatividade e piadas preconceituosas (algo que se mostrou um problema após as críticas ao spin off de 2016, com protagonismo feminino), esta sequência faz uma atualização necessária em seu passado.

Temos, entre os novos Caça-Fantasmas, um elenco mais diverso e que tem como líder uma garota astuta e inteligente. Quando se trata de humor, não há nada de depreciativo, então todo mundo pode rir com segurança e sem culpa. 

Mesmo não tendo as contribuições de grandes nomes da comédia, que eram o caso de Dan Aykroyd e Harold Ramis nos primeiros filmes, o roteiro escrito por Gil Kenan e Jason Reitman (também diretor do longa) tem bons momentos mesmo sem se utilizar de muita verborragia, como acontecia antes. Entre os atores, só Logan Kim mantém um pouco essa identidade.

E os fanservices? É claro que Ghostbusters: Mais Além oferece vários. A produção de Ivan Reitman (diretor dos dois primeiros filmes), junto com o filho Jason, sabe exatamente como inserir essas referências dentro do longa de forma muito natural. Até como forma de dialogar com dois públicos: os que assistiram Caça-Fantasmas na época e quem está acompanhando agora e quer saber mais.

Bill Murray, Dan Aykroyd e Ernie Hudson revisitam seus papéis (Dr. Peter Venkman, Dr. Raymond “Ray” Stantz e Winston Zeddemore) de um jeito que é impossível não rir. Annie Potts (Janine Melnitz) e Sigourney Weaver (Dana Barrett) também estão presentes, de forma bem pontual. Harold Ramis, morto em 2014, é homenageado no longa de forma emocionante.

Imagem: Divulgação

Veredito

Atualizando e mantendo o que há de melhor em seu passado, Ghostbusters: Mais Além mantém o nível de entretenimento hilariante que faz parte do DNA da franquia. O elenco jovem que compõem essa nova geração de caçadores paranormais é carismático e diverso, atraindo um novo público com essa sacada.

Para atrair esses espectadores inéditos, o filme usa de seus fanservices e até de recursos bastante atualizados em sua história. Mesmo com o potencial da narrativa prejudicado no lado investigativo, Ghostbusters: Mais Além é uma boa porta de entrada para uma nova geração que terá para quem ligar quando problemas fantasmagóricos surgirem.

Pontos positivos

  • Elenco jovem bastante competente nas atuações
  • Diversidade na equipe
  • Um mea culpa necessário sobre seu passado sem pesar a mão do didatismo
  • Homenagem emocionante à Harold Ramis, integrante do elenco original 

Pontos negativos

  • Potencial investigativo reduzido
  • Atuação estática de Carrie Coon
  • Excessos na nostalgia na ambientação da história

NOTA: 8,5