Coringa: Delírio a Dois (2024) finalmente chegou aos cinemas neste 3 de outubro. O filme é uma sequência direta de Coringa (2019), também dirigido por Todd Phillips. Apesar disso, o novo longa agora aposta em um novo elemento que deixou os fãs apreensivos quando o projeto foi anunciado: a música. Nós já assistimos o filme e você confere a seguir nossas impressões.
Enredo
Arthur Fleck, o Coringa (Joaquin Phoenix), é um ex-palhaço de uma pequena agência de entretenimento que sofre com problemas mentais e é preso após cometer cinco assassinatos. Enquanto aguarda seu julgamento na Prisão Arkham, ele acaba conhecendo Lee (Lady Gaga) quando vai para aula de canto no Asilo ao lado. Os dois desenvolvem uma relação doentia que acaba impactando o seu julgamento.
O plot do filme é um tanto interessante, e a ideia de um musical para ilustrar essa obsessão entre os dois personagens é algo que chama atenção positivamente. O problema está na execução do roteiro, que por vezes é bagunçada, apresentando diálogos rasos e não aproveitando o potencial de interpretação de Lady Gaga. A trama permite que Phoenix entregue tudo – e o ator é capaz de deixar o espectador perturbado apenas com a sua expressão.
O musical tem uma clara referência aos antigos filmes musicais de Hollywood, com músicas clássicas do cotidiano americano e de programas musicais dos anos 1960/70, além de referências visuais aos duetos de Cher e Sonny. Phoenix não só é um bom ator que venceu o Oscar por esse papel, mas também é um excelente cantor, como provou em Johnny & June (2005). Lady Gaga só é bem aproveitada quando canta, e mesmo assim ainda aparece muito amarrada, como se tivesse apenas que cumprir o que a direção manda.
Folie à Deux
O novo Coringa faz uma referência clara a um transtorno psicótico, principalmente em seu subtítulo. Folie à Deux, no título original, é um termo que descreve o transtorno psicótico induzido ou compartilhado por duas pessoas próximas. A psicose é uma espécie de dificuldade que o indivíduo tem em diferenciar o que é realidade ou não.
Desde o primeiro filme vemos Arthur Fleck ter dificuldade em discernir o que é realidade e ilusão, mas agora podemos ter certeza de seu transtorno. Uma das possibilidades levantadas pela defesa dele, inclusive, não é de que ele não cometeu um crime, mas que a confusão psicótica o levou a cometer tal atrocidade.
Lee, ou Harley Quinn, se aproveita da psicose dele e o manipula, se aproveitando não só do seu transtorno, mas também de todos os seus traumas – principalmente da carência e falta de atenção refletidas nos próprios distúrbios da personagem, sendo a definição quase que perfeita do termo Folie à Deux.
Veredito
Coringa: Delírio a Dois acaba caindo naquele clichê de que o inferno está cheio de boas intenções. O plot do filme é muito interessante, e o formato de misturar a loucura com a música e todas as referências de cinema e programas de TV casam muito bem com a ideia. Entretanto, a execução do roteiro deixa muito a desejar, com diálogos pobres e não tão flexíveis.
A direção também não consegue empolgar tanto quanto no primeiro filme, mas faz um trabalho decente. A escolha dos enquadramentos é bem feita, principalmente ao usar closes e planos mais fechados – e até claustrofóbicos. A paleta suja, cinzenta e fria combina bastante com a atmosfera corrompida de Gotham e seu sistema de justiça.
Joaquin Phoenix mais uma vez brilha tanto ao atuar, quanto ao cantar. Sua expressão corporal chega a ser aterrorizante de tão caricata e extrema, o que combina com seu personagem. Lady Gaga consegue cantar muito bem, atingindo um bom aproveitamento de sua voz, mas sua personagem é bastante limitada, o que infelizmente não permite que ela entregue todo seu potencial e termina por empobrecer o filme.
Pontos Positivos:
- Premissa
- Atuação de Joaquin Phoenix
- Inspiração de Hollywood e programas de TV
Pontos Negativos:
- Roteiro engessado e mal executado
- Diálogos pobres
- Lady Gaga subutilizada
Nota: 7