Veredito de Blonde

05/10/2022 - POSTADO POR EM Filmes

Já está disponível na Netflix o novo filme sobre a estrela hollywoodiana Marilyn Monroe. O longa Blonde não é uma cinebiografia convencional e mistura fatos reais com aqueles do romance homônimo sobre a atriz escrito por Joyce Carol Oates.

Conferimos o título dirigido por Andrew Domínio e estrelado por Ana de Armas e vamos contar nossas impressões.

Uma vida de sofrimentos

Dona de uma infância cheia de traumas, abusos psicológicos e solidão, a jovem Norma Jeane Mortenson (Ana de Armas) consegue se transformar em uma atriz mundialmente reconhecida e um sex symbol das décadas de 1950 e 1960 sob o nome de Marilyn Monroe

Blonde é um filme cheio de gatilhos de abusos sexuais, psicológico, violência física e psicológica. O roteiro acaba por explorar apenas fatos tristes da vida de Marilyn, em especial a busca por afeto de homens mais velhos como forma de suprir a ausência do pai na infância. A atuação perfeita de Ana de Armas consegue entregar de forma impactante toda a dor que a atriz teria sofrido, além disso a direção de arte e fotografia deixa o clima das cenas quase que sufocante em alguns momentos. 

São poucos os momentos em que Blonde consegue focar em algo que não seja o sofrimento, mas quero destacar um em especial. Uma cena mostra o envolvimento de Marilyn com dois homens importantes, que buscam pelo reconhecimento. É interessante observar como ali Monroe está completamente confortável e, talvez, fossem aqueles que a enxergassem como ela queria ou a compreendessem melhor.

Imagem de divulgação de Blonde

Recorte limitado 

É triste ver que mais uma cinebiografia traz uma visão tão pequena e triste de uma mulher extremamente talentosa. Para quem não sabe, Marilyn era uma leitora compulsiva, culta e sua biblioteca pessoal contava com aproximadamente 400 livros. Entre seus autores favoritos estavam James Joyce e F. Scott Fitzgerald. 

Sua excelente atuação se dá principalmente porque ela se dedicava de forma absurda aos papéis. Apesar disso, ela era conhecida como uma pessoa difícil nos sets de filmagens por causa de problemas pessoais e até uma possível depressão. Mesmo assim, Marilyn conseguiu fundar sua própria produtora de cinema na década de 1950 em Nova Iorque.

Monroe foi responsável pela luta por salários igualitários durante a gravação do filme The Girl in Pink Tights (1957). Ela ficou sabendo que o colega Frank Sinatra estava recebendo três vezes mais o seu salário e como forma de protesto ela saiu do set de filmagens. Para punir a atriz, a Fox resolveu cortá-la do filme e o resultado foi um fracasso estrondoso do longa. Quando Marilyn retornou ao estúdio, eles passaram a pagar de forma melhor.

Imagem de divulgação de Blonde

Veredito

Blonde é um filme longo e cansativo demais. Seu roteiro explora apenas aspectos negativos de um dos ícones mais amados da cultura pop. A direção consegue chamar atenção em determinadas cenas, mas acaba por acentuar o ar pesado do longa. O roteiro chega a ser quase que misógino em alguns momentos.

Ana de Armas consegue atuar de forma excelente ao dar vida à Marilyn. Os seus pequenos gestos e olhares na composição da personagem conseguem transparecer desespero nas cenas de violência, assim como tristeza em outros momentos. Provavelmente a veremos ser lembrada na temporada de premiações. 

A fotografia e a direção de arte são dois aspectos positivos que acabam por aumentar ainda mais o tom de sofrimento e sufoco do filme. Ao mesclar cenas em preto e branco com outras coloridas, o longa consegue transmitir uma aura noir para a produção.

Pontos positivos:

  • Direção
  • Atuação de Ana de Armas
  • Fotografia

Pontos negativos:

  • Escolha do tom da narrativa
  • Roteiro cansativo
  • Olhar misógino

Nota: 6/10