Veredito de Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore

19/04/2022 - POSTADO POR EM Filmes

O novo filme da franquia derivada de Harry Potter está aqui: Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore chegou aos cinemas, e nós não podíamos deixar de conferir mais um lançamento de uma das séries mais controversas dos últimos tempos. Antes do veredito, aproveitamos a oportunidade para deixar claro que o Roteiro Nerd não apoia nenhuma fala ofensiva da autora da série Harry Potter.

ATENÇÃO: O texto a seguir pode conter spoilers de filmes anteriores da franquia.

Tudo é Política

O filme começa com ação e mistério, e observamos Newt (Eddie Redmayne) buscando ajudar mais um dos animais do mundo bruxo, sem sabermos ao certo o que está acontecendo. Credence (Erza Miller) também aparece junto a seguidores de Grindelwald (Mads Mikkelsen) para capturar o animal.

É daí que nós temos que lembrar que o Mazoologista está em uma missão, e Dumbledore (Jude Law) parece estar formando sua primeira Ordem da Fênix, em busca de fazer o que ele não pode nem mesmo pensar: derrotar seu maior rival e amor, o maior bruxo das trevas da época, Grindelwald.

Como tudo é política – e o discurso do vilão de tirar os bruxos da clandestinidade se torna cada vez mais palpável – o filme foca principalmente nessa questão, conseguindo englobar assuntos reais à magia, mostrando que nem tudo é tão diferente entre os dois mundos. Com a trama, diferentes pessoas se unem para que possamos lembrar de acender a luz, mesmo em momentos sombrios. Infelizmente – uma hipocrisia sem limites se lembrarmos o discurso da então roteirista fora das telas.

Imagem: Divulgação

Uma verdadeira peneira

Há tantos furos de roteiro nesse filme que podemos compará-lo a uma verdadeira peneira. Apenas para citar um exemplo inicial: Dumbledore parece muito capaz de verbalizar seus sentimentos com respeito a sua irmã, algo que Alberfor (Richard Coyle) afirma ser evitado pelo professor.

Outra questão é a falta de Tina no grupo.O assunto é logo respondido, de forma quase banal, e a falta de Tina poderia até ser justificada, se não fosse pela presença de Teseu (Callum Turner). Ambos ocupam o mesmo cargo, em países diferentes, mas eles claramente possuem um senso de responsabilidade confuso, e parecem ter mudado de personalidade entre os filmes. Teseu agora é um homem centrado, em uma missão, junto a seu irmão caçula, mesmo que antes não levava muita fé nas palavras dele, enquanto Tina, empática e prestativa, agora dá mais importância à burocracia.

Outro problema é a questão de Queenie (Alisson Sudol), que se voltou contra o grupo na esperança de que ao sair da clandestinidade, pudesse finalmente se casar com Jacob (Dan Fogler). Agora, ela quase que ignora completamente o amado, como se o motivo de ela não estar com ele fosse rancor e nada mais. Além disso, o filme ainda tenta corrigir esse ponto de maneira bem descuidada, que não cola forma alguma.

Não se sabe onde foram parar várias das referências dos livros anteriores também, como a utilização de magia de ressuscitação, de mente, etc., e questões menos urgentes foram completamente ignoradas para nunca serem resolvidas, aparentemente. O ritmo do filme, no entanto, é bem semelhante aos demais, e quem gostou disso nos anteriores, vai apenas relaxar nesse terceiro.

Imagem: Divulgação

Trilha nostálgica vs Efeitos especiais

Os demais filmes tentaram buscar uma nostalgia visual a quem assiste – e com sucesso, na maior parte do tempo – mas algo que não se pode negar é o efeito que sua trilha sonora causa a quem está na frente de Os Segredos de Dumbledore. Cada música foi muito bem planejada e posta de forma que nos traz um verdadeiro saudosismo à saga Harry Potter.

O visual do castelo de Hogwarts, suas casas e seus alunos é apenas um bônus para os fãs, trabalhando isso com tanta riqueza de detalhes que se torna impossível não sorrir junto às cenas. Enquanto é notório os erros dos efeitos especiais sem que se precise apontar a cada momento, é bom também anotar como a equipe abusou da criatividade em cenas de luta que possuíam espaço para tal, incluindo a renderização de feitiços. 

Imagem: Divulgação

Veredito

É real a necessidade do brasileiro fã de Harry Potter de saber o quanto de Vivência Santos (Maria Fernando Cândido) nós poderemos acompanhar no título. A dica que temos para você é focar em como ela é retratada mais do que em vê-la na tela do cinema. Mesmo assim, baixe suas expectativas.

Embora seja incrível ver o simbolismo dentro de cenas, não tem como negar as falas contraditórias e polêmicas vividas pela responsável pela série. O filme não traz nada de inovador, e conta muito com a boa vontade dos fãs passarem pano pro seu roteiro. O lado bom é que não há espaço para dúvidas ou questionamento a respeito do relacionamento de Dumbledore e Grindelwald, mesmo que possa decepcionar no quesito físico.

David Yates, que foi responsável pelos últimos filme de Harry Potter também, fez um bom trabalho com o material disponível, mas os atores não trouxeram a empatia vista em filmes passados, parecendo bastante desconfortáveis em alguns momentos, como é o caso do personagem Newt, que chega a perder um pouco de seu protagonismo para Jacob.

A franquia vem se tornando cada vez mais problemática, e parece buscar, de forma desesperadora, um encerramento para suas pontas soltas. À essa altura, não sabemos que rumo a franquia irá seguir – e honestamente, nem mesmo sabemos se um futuro é necessário.

Pontos Positivos

  • Não censura
  • Simbolismo
  • Nostalgia

Pontos Negativos

  • Furos enormes no Roteiro
  • Desconforto dos Atores
  • Efeitos Especiais

Nota: 6 pontos para sua casa.