Veredito de A Mulher Rei

22/09/2022 - POSTADO POR EM Filmes

Produzido e estrelado por Viola Davis, o longa A Mulher Rei tem uma inspiração da vida real e traz uma poderosa história sobre as guerreiras Agojie, do Reino do Daomé. O filme vem acumulando críticas positivas desde a sua estreia no Festival Internacional de Cinema de Toronto e chega aos cinemas brasileiros neste dia 22. 

Um detalhe curioso é que além de sua ficcionalização no filme A Mulher Rei, esse grupo de guerreiras já havia servido de inspiração para a criação das Dora Milaje, que são guardas de elite da família real nos quadrinhos da Marvel e também no MCU.

Nós conferimos a produção em uma sessão especial e vamos contar nossas impressões, acompanhe.

Mulheres guerreiras

Nos anos 1800, o Reino do Daomé estava em ascensão com a coroação de seu novo rei, Ghezo (John Boyega), e isso os levou a um conflito com o Império Oyó. Encabeçando a luta contra essa ameaça estão as Agojie, um grupo de guerreiras liderados pela lendária Nanisca (Viola Davis).

Para reforçar suas defesas, as Agojie estão treinando um novo grupo de recrutas, entre elas está Nawi (Thuso Mbedu), uma jovem de espírito rebelde e que deseja se provar como uma guerreira valiosa para o Reino.

“Senti que A Mulher Rei era uma história importante, porque me vi nela”, afirma Viola Davis, atriz vencedora do Oscar e produtora do filme. “Eu vi a minha feminilidade nela. Vi a minha escuridão nela. Vi uma parte muito importante da história nela. Eu sempre digo que qualquer parte da história é importante, mesmo as menores partes. E acho que é uma história pela qual o mundo está faminto.”

Imagem de divulgação de A Mulher Rei

Inspiração real

O Reino do Daomé estava localizado onde hoje é o país Benin, da África Ocidental. Os registros do grupo conhecido como Agojie datam do século 19 e a sua origem mais provável é que começaram como guardas do palácio real. Isso porque apenas mulheres e eunucos eram autorizados a fazer a guarda do rei e de suas esposas.

Dessa forma, essas guardas evoluíram para um grupo de elite que participava de batalhas contra reinos vizinhos e invasores europeus. Muito embora Daomé fizesse parte do comércio de escravos, vendendo prisioneiros de guerra e cativos, apesar de que o número de mulheres negociadas era menor, já que a maioria era destinada a se tornar parte das Agojie.

A cultura do Daomé, que valorizava a significância das mulheres, contava com uma organização social única e incrivelmente progressiva para a época, em que todos os cargos oficiais eram ocupados tanto por um homem quanto por uma mulher. Esse sistema de paridade de gênero incluía todas as posições mais importantes do reino – de generais militares a conselheiros financeiros e líderes religiosos – e alcançava os mais altos escalões, sendo que o rei outorgava o título de Kpojito – ou mulher rei – a uma mulher que seria sua companheira de reinado.

“Nesta história, temos a capacidade de redefinir o que significa ser mulher”, diz a diretora Gina Prince-Bythewood. “Nós nunca vimos isso antes. Adoro histórias como essa que podem reformular o que significa ser mulher, reformular a feminilidade, reformular seus poderes. Estas são mulheres reais que fizeram algo sobre-humano, mas não eram super-heroínas. Eu precisava levar essas mulheres às telas.”

Imagem de divulgação de A Mulher Rei

Força em tela

A cena de abertura do longa já estabelece muito bem o grupo sobre o qual vai tratar, isso porque acompanhamos um ataque realizado pelas Agojie. Em uma tacada só entendemos o seu modo de agir, de lutar e suas intenções, além de posteriormente descobrirmos como o Reino do Daomé as enxerga.

Dessa forma, o filme inicia de forma forte, mostrando de forma simples sobre o que, ou quem, aquela história é. Até porque, mesmo que Viola seja a atriz mais forte do longa e a sua simples presença já engrandece a trama, ela não deixa de dividir o seu protagonismo com as outras guerreiras apresentadas.

Dessa forma, vemos que estamos aqui para acompanhar um grupo extraordinário de mulheres guerreiras, que tentam fazer o melhor por si mesmas e pelo seu lar todos os dias. Embora essas duas coisas possam entrar em conflito eventualmente.

Imagem de divulgação de A Mulher Rei

Irmandade

Logo no início acompanhamos o treinamento das novas recrutas, uma maneira simples que o filme encontra para nos fazer entrar no universo das Agojie. Nessa parte temos um foco maior em Nawi, sua tentativa de fazer parte do grupo, mas a dificuldade em seguir todas as regras. 

A garota é bastante questionadora e seria positivo aprofundar alguns dos temas trazidos à tona por ela, infelizmente certos assuntos são apenas pincelados pelo roteiro, para depois serem deixados de lado.

Porém, isso não diminui a beleza de acompanhar todo o desenvolvimento da narrativa, acertadamente emocionante em muitos momentos, mas sem ser piegas. A irmandade desenvolvida pelas Agojie soa sempre sincera, tornando fácil para o público sentir empatia pelas suas jornadas.

Imagem de divulgação de A Mulher Rei

Veredito

A Mulher Rei nos apresenta um filme de narrativa forte, potencializada por suas atrizes impecáveis. O destaque especial é a sempre ótima Viola Davis, porém, vemos que os outros nomes do elenco conseguem sustentar o seu nível, assim Sheila Atim, Lashana Lynch e Thuso Mbedu são igualmente impressionantes em cena.

Apesar de toda a emoção que traz o longa peca em detalhes técnicos como a direção nas cenas de ação, muitas vezes deixando confuso de entender as lutas. Os combates corpo a corpo não sofrem tanto, mas as batalhas deixam a desejar nesse aspecto.

Mesmo assim, esses detalhes não tiram o brilho do filme, que consegue manter a empolgação do espectador até o fim, fazendo com que ele vibre com a história de mulheres tão inspiradoras.

Pontos positivos:

  • Boas atuações
  • Narrativa emocionante

Pontos negativos:

  • Falta de aprofundamento em alguns temas levantados
  • Direção confusa em algumas das cenas de ação

NOTA: 9